5 perguntas que você não deveria responder em entrevistas de emprego
Especialistas apontam questões 'inapropriadas' durante processo seletivo e orientam como candidatos podem sair dessas saias justas
O momento da entrevista de emprego é, frequentemente, uma hora que gera apreensão e medo por parte de candidatos. Mas, mais do que mera percepção, é comum que algumas perguntas, de fato, ultrapassem os limites do bom senso.
Especialistas ouvidos pelo Terra apontam quais questões vão além da avaliação técnica e comportamental durante o bate-papo com o RH. Para Lucas Oggiam, da Michael Page, perguntas sobre estado civil, idade ou orientação sexual, por exemplo, são inapropriadas e ilegais, porque não interferem no desempenho de um trabalho.
Já Pedro Glock, da Glock Consulting, acrescenta ainda os questionamentos sobre a intenção de ter filhos ou as crenças pessoais. Em sua avaliação, estes aspectos não deveriam influenciar a seleção, pois não determinam a competência do profissional.
"Temas como estado civil, idade ou orientação sexual não fazem parte de uma avaliação técnica ou comportamental adequada para o desempenho de um trabalho. Esse tipo de pergunta não é considerado um ponto de avaliação, mas sim de discriminação", explica Lucas.
"Perguntas como estas se tornam inapropriadas numa entrevista de emprego porque o profissional pode exercer uma ótima função e ser o melhor candidato para a vaga, independente dessas respostas. Condicionar essas respostas à seleção do candidato é inapropriado", completa Pedro.
Em resumo, as perguntas invasivas que deveriam ser evitadas nas entrevistas são:
- Qual é o seu estado civil?
- Você tem filhos ou pretende ter?
- Qual é a sua orientação sexual?
- Quais são suas crenças religiosas ou políticas?
- Qual é a sua idade?
Para identificar perguntas invasivas, Lucas sugere que os candidatos observem se a pergunta tem relação com o trabalho a ser executado.
"Se um entrevistador pergunta sobre a intenção de ter filhos, recomendo responder: 'Para contexto, o que isso tem a ver com a vaga ou cultura da empresa?'. Isso desarma o entrevistador e pode levar a uma conversa mais franca", diz.
Pedro acrescenta outra sugestão de resposta em casos como este: "'Não estou confortável em responder, acredito que não seja relevante para a vaga'", aponta.
Ele aconselha transparência e foco na relevância para a vaga.
"Caso alguma pergunta não deixe você confortável, vale a pena explanar isso para o recrutador e tentar entender o motivo do questionamento. Diga: 'Quero reforçar que continuo super interessado no processo, mas gostaria de focar na minha vivência profissional e como posso contribuir para a oportunidade'", recomenda Pedro Glock.
É possível se preparar?
Os profissionais enfatizam a importância de uma preparação geral antes de ir à entrevista. Para eles, o ideal é manter a calma para sair das perguntas invasivas de forma educada e objetiva.
Eles observam melhorias no comportamento dos profissionais de recrutamento e seleção, apesar de reconhecerem os desafios neste ponto.
"Dentro do mundo de R&S [rotina de Recrutamento e Seleção em departamentos de Recursos Humanos], tanto pelo profissionalismo quanto pelo risco à imagem pública da empresa, as perguntas invasivas têm diminuído", diz Lucas.
Pedro também vê progresso, mesmo que ainda haja profissionais de R&S que, por vezes, façam perguntas desnecessárias.
"Ainda há recrutadores menos preparados, mas as empresas estão investindo em diversidade e suporte, promovendo mulheres grávidas e ajustando regimes de trabalho para maior flexibilidade. (...) Tem um outro pilar que é super importante fundamentar: a entrevista não é só uma avaliação feita pela empresa, mas também é feita pelo candidato. Ele pode levantar a mão e sair do processo", finaliza.