A fofoca pode te ajudar no trabalho? Conheça benefícios das 'conversinhas'
Muitas vezes associada a adjetivos negativos, o ato de fofocar pode proporcionar conexão, alívio do estresse e sensação de pertencimento
"No princípio era o Verbo". A abertura do capítulo do Evangelho de João sobre a criação é bastante conhecida. A passagem tem múltiplos significados, e a força da palavra divina evidencia a importância da linguagem na criação do mundo.
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E é através dessa mesma linguagem que o ser humano se comunica, transmite informações e estabelece relações. Os ruídos no processo são naturais e a partir dele podem circular informações sem confirmação. Quem conta um conto muitas vezes acrescenta um ponto e, assim, a fofoca se estabelece como parte da história humana.
A fofoca é uma prática social antiga, em especial nas sociedades pré-modernas, nas quais a comunicação era limitada. Naquela época, até tinha uma "função social", já que ajudava as pessoas a se manterem informadas sobre o que estava acontecendo ao seu redor.
Muitas vezes carregada de teor pejorativo, a fofoca também proporciona uma sensação de pertencimento e conexão, que abre espaço para compartilhar e discutir experiências. Mas teria a fofoca algum aspecto positivo no espaço de trabalho, além de unir colegas durante um café? A resposta é "sim".
"Quando direcionada de maneira construtiva, a fofoca pode fortalecer a coesão do grupo e promover a conformidade com as normas sociais. Por exemplo, quando comportamentos inadequados são compartilhados entre colegas, isso pode incentivar comportamentos éticos e alinhados aos valores da empresa", explica Patrícia Ansarah, head do Instituto Internacional em Segurança Psicológica.
Em artigo publicado na Forbes norte-americana, a consultora de carreiras Elizabeth Pearson destaca que é possível usar a fofoca a seu favor no espaço de trabalho, identificando oportunidades de crescimento e networking. Segundo ela, a fofoca também pode servir de termômetro de transparência organizacional, pois oferece insights sobre o funcionamento interno da empresa.
"Segundo o estudo 'Gossip and ostracism promote cooperation in groups', de 2014, a fofoca também pode servir como um mecanismo de alívio de estresse. Permitir que os funcionários discutam suas frustrações em um ambiente seguro, desde que isso não prejudique a reputação de ninguém, pode contribuir para a melhoria de um clima onde os profissionais se sentem seguros para expressar preocupações e construir vínculos de confiança", acrescenta Patrícia.
Para alcançar esse alívio do estresse e não dar espaço para os "50 tons de malícia" da fofoca, é preciso buscar um equilíbrio entre a camaradagem e os comentários tóxicos. Ou seja, fofocar é humano, mas a parcimônia também é necessária. Afinal, ser conhecido como uma pessoa não confiável ou que espalha histórias inverídicas não traz benefícios.
Cuidados também nas mensagens
Esse cuidado também deve ser observado na hora de escrever mensagens para os colegas de trabalho em canais digitais, como Slack e Teams, entre outros amplamente utilizados nos espaços de trabalho. Patrícia destaca alguns pontos importantes:
- Cuidado com o que escreve, lembre-se de manter o tom profissional;
- Não compartilhe informações confidenciais ou sensíveis, especialmente em plataformas que não são seguras;
- Revise a mensagem antes de enviar, pois isso evita erros gramaticais e mensagens escritas no calor do momento.
Você sabia?
Uma pessoa passa em média 52 minutos por dia fofocando. A informação faz parte do estudo norte-americano, publicado em 2019 na revistacientífica Social Psychological and Personality Science.
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