Candidato é reprovado de empresa por não ter 'comportamento masculino': "Terceira vez que passo por isso"
João David Santos denunciou postura de empresa por meio de publicação no LinkedIn
Em busca de oportuniades na área de Gestão da Qualidade, João David Santos se candidatou para um processo seletivo na área. Após ter participado de uma entrevista presencial no dia 12 de agosto, ele recebeu um e-mail com uma resposta negativa da recrutadora. Mas a justificativa utilizada pela empresa para não aprová-lo na vaga foi de que ele não apresentava o "comportamento masculino" necessário para a vaga.
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"O RH sempre pergunta ao candidato sobre sua vida pessoal e profissional e assim comecei a falar sobre mim. A recrutadora agradeceu e disse que entraria em contato. Mas no momento de sair eu ouvi ela comentando com uma colega: 'Nossa, o rapaz é tão bonito, mas namora outro homem'. Naquele instante pensei comigo mesmo que não deixaria isso se repetir, já que era a terceira vez que eu passava por algo similar", relatou João David em entrevista ao Terra.
Mesmo tendo se sentido desconfortável com o comentário, o jovem contou que permaneceu no local porque precisava da oportunidade: "Quando cheguei em casa, contei ao meu marido o que havia acontecido. O encanto que eu tinha pela empresa se desfez ali mesmo".
Ao chegar em casa, João David aguardou o retorno da empresa em relação à vaga. Horas depois, ele acabou recebendo uma ligação da recrutadora, que pediu desculpas pelo e-mail que havia sido enviado e que ela havia "se expressado da forma errada". Ele, que ainda não havia aberto o e-mail, abriu o notebook para verificar a mensagem no mesmo momento.
"Comecei a ler e me senti desrespeitado pela forma como ela descreveu, que eu não era do 'sexo masculino' necessário para a vaga e que precisaria ter um 'comportamento masculino' para lidar com a função. No momento, chorei, pois aquelas palavras me magoaram profundamente", disse.
Depois de ter buscado um advogado para lhe auxiliar com a ação necessária contra a empresa, João David decidiu compartilhar a situação no LinkedIn, rede social comumente utilizada por candidatos e recrutadores.
"Em questão de minutos recebi uma ligação do diretor da empresa, que foi muito educado e me convidou para ir até a empresa para esclarecer a situação. Ela demonstrou preocupação e pediu que eu preservasse a imagem da recrutadora e da empresa", explicou. Após a conversa - e por orientação de seu advogado - ele optou por não expor os respectivos nomes.
Apesasr de ter recebido apoio de diversas pessoas, ele afirmou que outros duvidaram de seu depoimento e que chegou até mesmo a receber ameaças. "Recebi uma mensagem de alguém me acusando de querer prejudicar a recrutadora e fazer com que ela perdesse o emprego. As pessoas devem apenas respeitar. Podem ter suas opiniões e tudo, mas não duvidem que isso possa acontecer, porque isso pode acontecer no seu dia a dia", completou.