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'Censo' da OAB indica que 64% dos advogados no Brasil ganham até R$ 6,6 mil

Raio-X também indica que 26% complementam a renda trabalhando como corretor de imóveis, agricultor, vendedor, músico e motorista de aplicativo

9 mai 2024 - 15h33
(atualizado às 17h01)
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Fachada da OAB no centro de São Paulo; Estado é o que possui maior número de advogados no País.
Fachada da OAB no centro de São Paulo; Estado é o que possui maior número de advogados no País.
Foto: Werther Santana/Estadão / Estadão

Um "censo" dos profissionais do direito no Brasil indica que 64% ganham até R$ 6,6 mil ao mês, sendo que 34% ganham até R$ 2,6 mil. Apenas 5% ganham mais de R$ 26 mil. O levantamento, denominado 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira, indica ainda que o perfil predominante é composto por mulheres (50%), da cor branca (64%), de idades entre 24 anos e 44 anos (55%) e 33% dos advogados estão cinco inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) há menos do que cinco anos.

Encomendado pelo Conselho Federal da OAB à Fundação Getúlio Vargas (FGV), o estudo contou com 20.885 advogados e advogadas, que responderam a 42 perguntas em uma plataforma online entre agosto e outubro de 2023. O Brasil conta com 1,3 milhão de advogados, diz o estudo. Além de sexo, cor, raça e idade, foram sondados vários outros aspectos tais como religião, saúde e uso de tecnologia.

O estudo indica que 72% dos advogados atuam como autônomos. O índice aumenta à medida que a idade do profissional avança. A maior parte dos autônomos, 51%, trabalha em home office, acima da média geral, de 43%.

O que chamou a atenção dos organizadores do estudo é que 26% desempenham outra atividade profissional além da advocacia. A lista inclui atividades como professor (19,9%), servidor público (12,6%) e empresário (9,6%), além de corretor de imóveis (1,8%), agricultor (1,5%), vendedor (1,2%), músico (0,8%) e motorista de aplicativo (0,8%).

A maior parte, 54%, possui plano de saúde particular. E quase um terço (29%) recorre ao SUS quando tem algum problema de saúde.

"Olhar para essas informações permite-nos refletir o que já realizamos até aqui e observar o longo caminho que ainda temos pela frente para o aprimoramento das políticas internas em prol da classe", afirmou Beto Simonetti, presidente nacional da OAB, em nota.

O estudo indica que a predominância das mulheres - 50%, ante a 49% dos homens e 1% além dessas denominações - repete a proporção dessas categorias na população brasileira, segundo o Censo divulgado em 2022. A média de idade das advogadas é menor do que a dos homens. Entre elas, a média de idade é de 42 anos, enquanto entre os homens é de 47 anos. Apesar delas serem maioria no ramo, apenas cinco seccionais da OAB no Brasil são chefiadas por mulheres.

Aqueles que se declararam brancos formam a maioria: 64%. Pardos constituem 25% do total e apenas 8% são pretos. Indígenas e amarelos foram 1% do total. Segundo o estudo, "esses números representam uma concentração de brancos maior que a existente na população brasileira, cuja proporção é de 43% para brancos, 45% para pardos, 10% para pretos e cerca de 1% para amarelos".

Regionalmente, São Paulo concentra a maior parte dos advogados (26,4%), seguido por Rio de Janeiro (12,5%), Minas Gerais (10,6%) e Rio Grande do Sul (6,8%). Os que possuem os menores índices são Roraima (0,2%), Amapá e Acre (0,3% cada), Tocantins (0,6%) e Rondônia (0,7%).

Segundo o estudo, 58% vivem em união estável ou estão juntos informalmente com seus companheiros ou companheiras. Esse número sobe para 66% entre os homens e cai para 50% entre as mulheres. O índice é o mesmo entre aqueles que responderam ter filhos: 58%, sendo maior entre os homens (66%) do que entre as mulheres (47%).

Mais de quatro em cada dez informou professar a religião católica, 43%. Aqueles que declararam ser evangélicos somam 18%; 20% são de outra religião; e 9% disseram não seguir nenhum credo religioso.

A maior parte dos advogados, 52%, disseram que as condições da prática da advocacia têm piorado, embora deem nota 6,3 em relação à satisfação de exercer a profissão. A percepção de retrocesso aumenta conforme a idade: de 21 a 23 anos, é 32%; de 24 a 44 anos, 48%; de 45 a 59, 58%; e 60 anos e mais, 54%.

Estadão
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