Script = https://s1.trrsf.com/update-1723493285/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

De mergulho em naufrágios a 900 km de caminhada: a líder que traz lições do esporte para o trabalho

Daniela Redondo, diretora executiva do Instituto Coca-Cola Brasil, conta como transforma o esporte em ferramenta para ser mais eficiente no trabalho

15 jul 2024 - 12h37
Compartilhar
Exibir comentários

Há alguns anos, Daniela Redondo, 49, jamais imaginaria que poderia praticar corrida. Também tinha um receio de ficar submersa a metros da superfície em mar aberto. Sua história poderia ter parado aí. No entanto, a executiva aprendeu a conviver com esses medos. Hoje, ela conta entusiasmada que é uma mergulhadora autônoma certificada para naufrágios e até resgates. A corrida, que pratica diariamente, virou válvula de escape na rotina. Ambas as modalidades tornaram-se ferramentas valiosas para conduzir a liderança e lidar com problemas no trabalho.

"A maior lição da corrida é a disciplina e a constância. Sem esses dois aspectos, não há evolução. O mergulho me dá a pausa de que preciso. Pode parecer clichê no mundo corporativo, mas quando estamos testando novas formas de trabalho ou lançando uma iniciativa, as coisas nem sempre dão certo. Isso é resiliência, sabe?", diz Daniela Redondo, diretora executiva do Instituto Coca-Cola Brasil (ICCB), organização social do Grupo Coca-Cola que atua com empregabilidade de jovens.

Outra descoberta profissional ocorreu durante um período sabático, no qual percorreu 900 quilômetros a pé. Após essa experiência, voltou ao trabalho com novas perspectivas, incluindo a revisão de métodos convencionais.

Em entrevista ao Estadão, Daniela Redondo relembra um episódio em que levou alguns gerentes do instituto para uma reunião de planejamento no parque, depois de perceber que estavam com as ideias bloqueadas. "Eles acharam estranho, mas compraram a ideia. Foi um dos melhores planejamentos que fizemos", conta.

Confira trechos da entrevista:

Como foi o início da sua carreira?

Minha carreira não foi linear. Tive vários caminhos para chegar até aqui.

O meu contato com o mundo corporativo vem desde muito nova. Na minha cabeça os executivos viajavam muito. Então, ainda no colégio fiz curso técnico de administração. Também tinha uma admiração pela forma com que as empresas transformavam o mundo, ainda não tinha consciência de ESG, muito longe disso.

Fui fazendo uma carreira tradicional na administração, com estágio, mas sempre tive em paralelo a isso uma veia empreendedora por causa da minha família, que é comerciante e vem de uma classe mais baixa do ABC Paulista.

Como esses esportes influenciaram a sua forma de trabalhar e liderar?

A maior lição da corrida é a disciplina e a constância. Sem esses dois aspectos, não há evolução. É quase clichê falar isso no mundo corporativo, mas às vezes estamos testando uma nova forma de trabalho ou lançando uma iniciativa e as coisas não dão certo. Isso é resiliência, sabe? Ninguém falou que ia ser fácil.

O mergulho dá o break (pausa) de que preciso. Quase ninguém fala, mas o mergulho tem como característica primordial a redundância. Apesar de ser chamado de mergulho autônomo, não tem como fazer sozinho, porque senão morre. Então, você sempre tem que estar em dupla, é a regra básica.

Por exemplo, eu e você somos uma dupla, mas em um final de semana vou mergulhar sozinha. Então tenho que passar a confiar em uma pessoa que não conheço porque estamos juntos dentro de um barco. Porque é dela que vai depender sua vida lá embaixo na água. Então, confiar no outro é uma premissa do mergulho.

Existe um passo a passo para alcançar um cargo de liderança?

Acredito que é menos o passo a passo tradicional e mais uma atitude construtiva e desafios com a equipe com que você está diretamente ou com a liderança. Sou o exemplo vivo disso. Desenvolva suas atitudes, e naturalmente o caminho profissional é mais bem-sucedido.

Se fosse pensar em alguns conselhos diria:

  • Tenha muito foco em resolver problemas. Infelizmente, encontramos muita gente que só traz o problema e nunca vem com uma proposta de solução. Apontar um problema é ótimo, mas é melhor falar o seguinte: "Ainda não sei qual é a solução, mas não se preocupa, vamos correr atrás e pensar juntos".
  • Seja criativo. É importante não só para catalisar o impacto onde quer que você trabalhe, como também o impacto do que você está fazendo para entregar soluções e conseguir quebrar barreiras. Por exemplo, não podemos executar determinado plano por causa da política da empresa, mas será que é possível encontrar um caminho que não burle a regra da organização e seja criativo o suficiente para gerar valor para o negócio?

Então, o que me faz acordar e trabalhar por longas horas é ver que estamos pavimentando uma estrada para um caminho maior. Não esqueça de olhar para o futuro e honrar quem veio antes. Às vezes, as coisas não foram executadas perfeitamente, mas naquele momento que as pessoas construíram aquilo era a perspectiva que elas tinham.

Por fim, não se preocupe com a linearidade da sua carreira. Se você não se preocupar com isso de forma tão obcecada em busca dos caminhos tradicionais, acredito que consegue navegar com mais facilidade na carreira profissional.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade