Decisões assertivas evitam prejuízos, como burnout e demissões; saiba como começar
Habilidades técnicas são importantes, mas perdem valor se o profissional não tiver traquejo social para aplicá-las de forma sólida
O ambiente corporativo nem sempre é acolhedor e amigável como gostaríamos. Independentemente da sua função, em algum momento você certamente irá se deparar com dilemas. Saber tomar decisões assertivas diante delas pode poupá-lo de muitos prejuízos, não só psicológicos, mas relacionados a seu desempenho profissional e crescimento na empresa.
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De acordo com Bruno Vasconcellos, professor de Gestão do Bem-Estar Organizacional na PUC Minas e CEO do Cliente Oculto, o mercado busca cada vez mais pessoas assertivas. Para terror dos indecisos, as habilidades técnicas são importantes, mas perdem valor se o profissional não tiver traquejo social para aplicá-las de forma analítica e sólida.
"Pessoas indecisas ou prolixas passam uma imagem muito negativa. Acaba se tornando difícil para a gerência acreditar que esta pessoa vai ter um crescimento dentro da empresa, e ela [empresa] acaba preferindo por profissionais que às vezes não tenham tanta competência, mas que sejam mais assertivas", comenta.
Como começar a tomar decisões assertivas?
A pessoa assertiva, segundo o professor, é aquela que toma as decisões de forma coerente com o problema e com a postura da empresa. Outra característica é saber avaliar o futuro de sua decisão, considerando os impactos que pode causar não só a si mesma, mas ao todo.
"Acredito que o principal caminho [para começar a ser mais assertivo] seja balancear os pontos positivos e negativos de cada decisão, ou seja: de que forma ela será benéfica ou prejudicial para você como profissional e para a empresa como um todo? A partir daí, é só escolher o caminho e as decisões nos quais os benefícios superam os prejuízos", ensina.
Bruno reconhece que as pessoas não são indecisas por vontade própria. Por isso, em caso de muita insegurança e ansiedade na tomada de decisões, ele sugere a avaliação psicológica como recurso, visto que o problema pode abranger outras áreas da vida. Um exemplo é não conseguir dizer "não" dentro e fora do ambiente de trabalho.
"Procurar fazer uma autoanálise. Também tem a possibilidade de fazer terapia ou até mesmo participar de programas que as empresas às vezes oferecem, seja de crescimento profissional ou de estímulos psicológicos. Outro passo importante é conversar sempre com o seu líder ou com o seu RH, que são profissionais que podem te ajudar neste processo de crescimento e amadurecimento profissional", orienta.
O que fazer em momento de indecisão
Caso o profissional seja novato na função ou esteja num período de muitas demandas, a indecisão pode dominar seu comportamento. Caso pinte aquela dúvida, Bruno aconselha que a pessoa se consulte com amigos ou colegas de trabalho capazes de entender a dimensão do problema e as possíveis repercussões de sua decisão.
"Acho que a melhor escolha é consultar pessoas próximas, mas que sejam relevantes e que tenham um conhecimento de causa também. Às vezes a gente vai consultar um amigo que não entende do assunto, e ele pode direcionar para uma decisão errada. O ideal é ir atrás daquelas pessoas que possuem resultados positivos e uma carreira dentro do setor", recomenda.
O especialista também indica um teste que pode ajudar a "desenhar" o problema, dando um panorama melhor da situação. Segundo ele, o método também ajuda a aliviar a ansiedade.
"Coloque num papel os pontos negativos e positivos de tomar aquela decisão. Às vezes, a gente toma uma decisão de forma impulsiva, por um único aspecto negativo, sendo que tem 30 aspectos positivos. Nunca vai existir [decisão perfeita], mas temos sempre que analisar cada um dos pontos. Isso vai deixar mais seguro na hora de bater o martelo", sugere Bruno Vasconcellos, professor de Gestão do Bem-Estar Organizacional na PUC Minas.
Consequências da indecisão
De acordo com Bruno, as consequências da indecisão podem ser diversas, de acordo com o problema e a decisão que foi tomada. Entre os casos mais comuns o profissional pode sofrer Burnout pela sobrecarga emocional e profissional; portas e oportunidades futuras podem se fechar; prejuízos financeiros para o indivíduo ou para a empresa, além de demissões, entre outras.
"Eu já vi casos de colaboradores que amavam a empresa, tinham uma mega sinergia, mas por causa de um fato específico pediu demissão e após alguns meses se arrependeu e queria voltar, mas essa oportunidade lhe foi negada devido a dificuldade na tomada de decisões. [A pessoa indecisa] passa uma imagem muito negativa dentro da empresa", cita.
Longe de causar terror nos escritórios, Bruno enfatiza que errar é humano. A depender da decisão, claro, a escala da consequência muda, mas independentemente do erro, é importante aprender, ser transparente, ter escuta ativa e se organizar para tentar não repetir no futuro.
"Além disso, é importante estimular uma comunicação clara e direta. Ser assertivo envolve ouvir os demais com atenção e respeito", encerra.