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Empresa de tecnologia adotou semana de 4 dias de trabalho, mas desistiu por queda na produtividade

Ivan Cordeiro, CEO da Marfin, de IA e marketing digital, implantou modelo em março de 2021 e menos de 2 anos depois desistiu por falha no atendimento a clientes e menos produtividade

22 nov 2023 - 14h40
(atualizado às 16h52)
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Em 2021, Ivan Cordeiro, CEO da Marfin, startup de inteligência artificial e serviços de marketing digital, a partir de um livro que leu, decidiu incorporar a semana de 4 dias para os mais de 30 funcionários da empresa em todos os setores. Quase dois anos após o experimento, ele recuou. Na prática, a sexta-feira livre se tornou um problema. Conforme publicação no LinkedIn feita pelo próprio executivo, três problemas aceleraram a desistência do modelo de trabalho.

Três problemas apontados pelo CEO:

  1. Atendimento ao cliente
  2. Falta de clareza
  3. Queda na produtividade

De acordo com o CEO, o atendimento ao cliente foi a primeira falha identificada. Isso porque a mudança não foi corretamente informada aos clientes, e eles não queriam saber se os funcionários estavam trabalhando ou não. Queriam ter o problema resolvido naquele momento.

"Não trabalhar na sexta gerou muito atrito com clientes", escreveu Cordeiro na publicação. Durante a folga, não havia escala de funcionários para solucionar possíveis emergências.

Em entrevista ao Estadão, o CEO conta que avaliou a partir de reuniões semanais e estudos a possibilidade de rodízio, mas não fazia sentido na época porque significaria aumento de custo pela estrutura da startup, que é enxuta. A redução de carga horária também não funcionava, segundo Cordeiro, por causa do fuso horário, já que muitos funcionários moravam em diferentes países.

A falta de clareza em como usar a sexta livre também virou um problema. O CEO admite que tentou replicar um modelo do Google na startup. Mas não saiu como esperava. No projeto original, engenheiros da multinacional usavam 20% do tempo para projetos pessoais. Não foi exatamente o que aconteceu na Marfin.

"Foi uma expectativa que ficou só na minha cabeça, e eu me frustrei em ver que as pessoas só tiravam folga mesmo, e elas não estavam erradas", relata.

O último erro no percurso tem a ver com produtividade. Os números caíram, e as entregas começaram a sofrer atrasos. "Exceto por alguns dos profissionais que já tinham performance acima da média", diz Cordeiro.

"Minha sugestão foi usar a sexta-feira para desenvolver projetos, ideias. Muitas das funcionalidades que temos hoje vieram daí. Mas ela poderia ser tirada como uma sexta livre, se quisesse e estivesse com tudo em dia", disse em entrevista.

Em relação à produtividade, o primeiro passo é ter mais clareza sobre as atividades de cada funcionário. "Muitas vezes, as pessoas não sabem o que é urgente para determinada semana", diz.

O trabalho assíncrono (quando diferentes pessoas de uma mesma equipe atuam em horários diferentes) também deve ser adotado com mais precisão pelas empresas.

É importante ter um documento que permita que os funcionários trabalhem juntos sem a necessidade de se encontrarem presencialmente.

Fazer melhor uso das tecnologias também pode facilitar o sucesso da semana de 4 dias. "A inteligência artificial pode nos ajudar a resolver questões, a ser mais práticos, trabalhar menos no operacional e mais no estratégico e no criativo", afirma.

Rever os processos que estão falhos durante a fase de testes evita erros mais graves futuramente.

Estadão
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