Engajamento nas empresas brasileiras ainda é baixo, mas melhora em 1 ano, aponta pesquisa da FGV
Estudo revela que chefes são mais engajados; maioria dos funcionários admite só trabalhar o necessário, e o modelo híbrido é o formato com maior nível de engajamento
Sete em cada dez brasileiros não se sentem engajados no trabalho. É o que revela dados da 2ª edição do Engaja S/A, realizada pela FGV-EAESP em parceria com a Flash e o Talenses Group. A pesquisa destacou os dez aspectos mais valorizados na cultura organizacional pelos trabalhadores entrevistados, entre eles: alinhamento das habilidades do profissional ao cargo, objetivos de trabalho claros e transparentes, equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e processos de trabalho bem definidos.
Apesar do baixo engajamento, os dados mostram uma leve melhora em 2024: 44% dos profissionais se declararam engajados, um aumento de 4 pontos percentuais em relação aos 40% registrados em 2023.
Segundo a pesquisa, 6 em cada 10 brasileiros pensaram em pedir demissão. Entre os que estão desengajados, o número é mais expressivo: 9 em cada 10 brasileiros consideram deixar a empresa.
A pesquisa ouviu 2.736 pessoas de todas as regiões do País. Quase metade dos respondentes, um total de 48%, não possui diploma de ensino superior e 41% têm renda bruta familiar de menos de três salários mínimos (R$ 3.900).
Outro dado relevante da pesquisa é o formato de trabalho mais apoiado pelos trabalhadores. Em 2024, o modelo híbrido destacou-se como o formato com maior nível de engajamento, com 54%.
"Tanto para quem atua em home office quanto para quem vai ao escritório apenas alguns dias, a prática que mais contribui para a motivação é o formato de trabalho que a empresa oferece, seja ele remoto ou híbrido", aponta o estudo.
- O trabalho remoto manteve estabilidade no engajamento 46% em 2024 (contra 45% em 2023).
- O modelo presencial teve crescimento modesto, alcançando 42% em 2024 (40% em 2023).
Os baby boomers são a única geração em que a maioria está engajada
De acordo com dados da pesquisa, mais da metade dos brasileiros da geração X (57%), geração Z (56%) e millennials (54%) estão desengajados no trabalho.
A exceção fica por conta dos baby boomers, entre os quais ocorre o oposto: 58% estão engajados em seus empregos.
"Em geral, os baby boomers se sentem mais engajados tanto pelas questões profissionais, quanto por aspectos pessoais, como planos de aposentadoria ou de mudanças de carreira. Eles têm expectativas mais 'ajustadas' sobre os próximos passos, diferente das demais gerações", afirma Luiz Valente, Founder & CEO do Talenses Group, no relatório.
Atributos mais valorizados pelos trabalhadores
O ambiente de trabalho positivo, marcado por companheirismo, diversidade, igualdade e relacionamentos interpessoais, foi apontado como o fator mais importante para os profissionais brasileiros em 2024, repetindo a tendência de 2023.
Segundo Paul Ferreira, professor da FGV-EAESP, "a camaradagem é um aspecto cultural fortemente valorizado no Brasil, algo que não se reflete em pesquisas globais".
Confira os dez aspectos mais valorizados pelos profissionais:
- Respeito e companheirismo
- Adequação das habilidades do profissional ao cargo que ocupa
- Diversidade e inclusão
- Bom relacionamento com os colegas
- Objetivos de trabalho claros e transparentes
- Impacto gerado pelo colaborador na empresa
- Propósito da empresa gera identificação
- Processos de trabalho bem definidos
- Equilíbrio entre a vida profissional e pessoal
- Treinamento e suporte para o desenvolvimento profissional