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Geração Z rompe hierarquia e evita horas extras, mas não é preguiçosa, diz jovem líder na L'Oréal

Aos 27 anos, Thainá Santos ocupa cargo de liderança na L'Oréal Brasil; a executiva diz que a geração Z rompe hierarquias, mas rebate a ideia de que os jovens têm preguiça de trabalhar

8 ago 2024 - 09h40
(atualizado às 17h39)
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Antes de ocupar um cargo de liderança, a engenheira de bioprocessos e biotecnologia Thainá Santos, 27, temia não acertar quando chegasse o momento de liderar. "É uma responsabilidade guiar a carreira das pessoas", afirma. No entanto, ao assumir a posição de coordenadora de pesquisa e inovação na L'Oréal, ela não encontrou as dificuldades que imaginava. Como representante da geração Z, a jovem executiva concorda que a gen z rompe hierarquias, mas rebate a ideia de que eles têm preguiça de trabalhar.

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"Talvez a geração Z não passe muitas horas além do necessário trabalhando, mas não vejo isso impactando o resultado dos projetos. Em relação a romper hierarquias, concordo. De fato, vem rompendo modelos tradicionais", respondeu Thainá Santos ao Estadão, quando questionada sobre as características atribuídas aos mais jovens.

Ao longo desses três anos na L'oréal, houve algum erro na sua gestão que enxerga como aprendizado?

Assim que assumi o time filtrava algumas informações (situações mais desafiadoras) para não impactar diretamente o time. Mas depois entendi que é importante compartilhar como parte do desenvolvimento.

Em algum momento, alguém vai ter que entrar em uma discussão um pouco mais acirrada para definir alguns acordos e prazos. Às vezes, também vamos ter que lidar com algumas respostas negativas e frustrações, faz parte da rotina.

Então, essa visão de privá-los na intenção de cuidar, depois entendi que não os desenvolve para quando eles estiverem em uma posição de liderança. Claro, não é tudo que passo para a equipe, mas tem que puxar as pessoas para assuntos mais desafiadores quando há oportunidade.

Na sua perspectiva, qual é a qualidade primordial da liderança da geração Z?

O questionamento. Quando equilibrados, esses questionamentos se tornam muito benéficos. Isso define a geração Z no mundo corporativo, desde questões básicas até perguntas como: "Por que estou aqui?", "Por que estou fazendo isso?" e "Qual o impacto do meu trabalho?".

Sempre com muito equilíbrio e respeito, porque existem gerações que vieram antes da gente e que estão fazendo acontecer. Faz a diferença o quanto podemos aprender com eles e como nos preparamos para as gerações que estão chegando ao mercado.

Thainá Santos, 27, afirma que a geração Z é marcada pelo questionamento.
Thainá Santos, 27, afirma que a geração Z é marcada pelo questionamento.
Foto: Pedro Kirilos/Estadão / Estadão

Quais são as referências das gerações anteriores que aplica no seu jeito de liderar?

Admiro a fidelidade das gerações anteriores. A forma como vestem a camisa das empresas em que trabalham é algo que também valorizo.

Um exemplo é a geração dos meus pais. Eles tinham a ambição de entrar em um emprego e construir toda a carreira lá, até se aposentarem. Isso demonstra muita resiliência. Lidar com diferentes ciclos de pessoas, projetos e fases da empresa ao longo de uma carreira é desafiador.

Então, você é uma líder que veste a camisa e incentiva os funcionários a fazerem o mesmo?

Sim, desde que a camiseta esteja confortável (risadas).

Vamos pensar em um processo seletivo hipotético. O que pode te levar a desistir de uma contratação?

Acredito que quando uma pessoa tem muita resistência em novos pontos de vista fica bem difícil. Não parto do ideal de que todo mundo precisa ter o mesmo pensamento e as mesmas opiniões. Mas se você tem uma resistência para enxergar o ponto de vista da outra pessoa dificulta a convivência como um todo.

As pessoas têm que saber se colocar e defender o seu ponto de vista e, ao mesmo tempo, respeitar o do outro, além de entender que, em algum momento, o ponto de vista do outro vai prevalecer em alguma decisão.

"A liderança futura diversa e inclusiva trará impactos positivos para o mundo corporativo", aponta a líder.
"A liderança futura diversa e inclusiva trará impactos positivos para o mundo corporativo", aponta a líder.
Foto: Pedro Kirilos/Estadão / Estadão

Como você enxerga a liderança do futuro?

Vejo uma liderança cada vez mais diversa. Acho que estamos caminhando para um futuro onde a diversidade étnico-racial, de gênero, orientação sexual e geracional se tornará a norma. O mercado ainda está atrasado nesse aspecto, mas estamos avançando.

Um exemplo disso é o programa ProLíder da Mover (associação sem fins lucrativos que fomenta o desenvolvimento de carreiras e negócios de pessoas negras). Foi um divisor de águas na minha carreira.

Como mulher negra, normalmente enfrentamos algumas dificuldades, como a síndrome da impostora e desigualdade salarial.

A experiência, junto com o apoio que recebo da L'Oréal, me deixa cada vez mais confiante e confortável de estar na minha posição. Isso me permite enxergar que posso alcançar ainda mais, mesmo em um sistema que muitas vezes não reconhece o potencial de mulheres negras.

Estadão
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