'Manda áudio': quais são as 'regras de conduta' para o uso do WhatsApp no trabalho
Especialista em RH detalhou ao Terra como os profissionais devem levar o uso do aplicativo em consideração para as relações de trabalho
O WhatsApp se tornou a ferramenta digital mais usada pelos brasileiros para a troca de mensagens. Segundo Mark Zuckerberg, cofundador da Meta, empresa-mãe do aplicativo e outras redes sociais, como Facebook e Instagram, os usuários do Brasil enviam quatro vezes mais mensagens em áudio que qualquer outro país.
Dados da plataforma alemã Statista dão conta de que 96% da população brasileira já usou o WhatsApp pelo menos uma vez, esta é rede social mais utilizada no País e também a plataforma preferida de pelo menos 35% dos usuários. É natural, então, que o 'Zap Zap' ocupe todos os aspectos da vida dos usuários, desde contatos pessoais a relações de trabalho.
Portanto, é preciso levar em consideração algumas 'regras de etiqueta' sobre o uso do aplicativo nas relações profissionais, conforme explicou ao Terra Daniele Malafronte, especialista em gestão de pessoas e fundadora da empresa de soluções Diversidade Importa.
Há 14 anos no mercado de Recursos Humanos, Daniele acompanhou a transição do uso de telefones celulares no ambiente do trabalho e destaca a "virada de chave" com a difusão do WhatsApp.
"Antes, tinhamos a questão de que as pessoas não poderiam usar o celular durante o expediente, era um meio de comunicação com o exterior e de caráter pessoal. O WhatsApp gerou uma mudança no comportamento. Agora, você não estar 'on-line' é considerado uma falta de atenção", compara.
Uso ponderado e com 'bom senso'
Uma vez que o uso WhatsApp extrapola as fronteiras entre relações pessoais e profissionais, Malafronte entende que é preciso estabelecer algumas regras para contatos de trabalho por meio da plataforma, a depender das necessidades e disposições da equipe.
"Esses combinados não são universais, porque podem não funcionar para todas as empresas ou realidade dos profissionais. Mas coisas básicas funcionam, como manter a verificação de visualização ativa ou não, estipular horário para o envio e troca de mensagens", destaca.
"É uma questão de bom senso, pensar no que faz sentido à equipe. Se algo pode ser resolvido no dia seguinte, por que vou mandar mensagem às 20h? A pessoa pode estar descansando, na escola, no cinema, e vai ter uma reação que pode atrapalhar", pondera.
Para a especialista, é preciso considerar se a mensagem a ser enviada pelo WhatsApp pode ser substítuida por um e-mail ou outro meio de comunicação assíncrono.
"Se a pessoa que vai receber não está no ambiente de trabalho, por exemplo, posso pensar em um e-mail, que ela vai ler, de fato, quando estiver focada no trabalho", acrescenta.
Comunicação assertiva
Daniele Malafronte destaca que, durante o uso do WhatsApp para funções profissionais, mensagens de áudio são capazes de reter mais informações ao destinatário. Isso porque a mensagem escrita tira mais elementos que considera "essenciais" à comunicação.
A especialista cita tom de voz e ritmo da mensagem, que no texto precisamos tentar suprir esses elementos com todas as informações disponíveis. Por esse motivo, é comum haver brechas para interpretação dessa comunicação.
Outro ponto importante é o conteúdo a ser enviado e o que deve ser evitado na troca de mensagens no WhatsApp.
"Falar de terceiros, por exemplo, é um 'tiro no pé'. Uma vez que as mensagens já produzem efeito legal no Brasil, você fica sujeito a prints, fotos e o vazamento", alerta.
É preciso cuidado, também, com o uso de funções, como grupos e chats com mais de uma pessoa no aplicativo. A exclusão e a discriminação de um determinado funcionário em um grupo são casos com os quais a gestora já teve de lidar nas empresas que atende.
"Temos que fazer uma autocrítica. Sobre o que eu vou mandar, eu falaria em público? Falar no WhatsApp é a mesma coisa que falar em público, porque sempre estou sujeita à exposição. Então preciso levar em conta se o que está sendo enviado pode me comprometer de alguma maneira", finaliza.