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Meses no mar, do Brasil à Groenlândia: saiba o que faz um oceanógrafo

Oceanógrafa Larissa Nabuco, diretora do Museu do Mar Aleixo Belov, compartilha sua experiência e os diferentes aspectos da profissão

10 ago 2024 - 05h00
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Oceanógrafa Larissa Nabuco
Oceanógrafa Larissa Nabuco
Foto: Arquivo Pessoal

Quem vê 'Oceanografia' na lista de cursos do vestibular talvez não faça ideia da diversidade presente nessa formação. Nada surpreendente, afinal, o profissional da área é responsável por preservar e gerir ambientes aquáticos, que são casa para o potencial de vida ainda não conhecido em sua totalidade.

A oceanógrafa Larissa Nabuco, 27 anos, diretora do Museu do Mar Aleixo Belov, em Salvador (BA), conta ao Terra que já passou por essa gama de experiências. Durante a graduação, ela realizou Iniciação Científica na área de Química, analisando contaminantes na Baía de Todos os Santos, e trabalhou com educação ambiental marinha em um grupo de conscientização.

"Depois, me dediquei à oceanografia operacional de meso-larga escala, focando em previsões numéricas e técnicas de assimilação de dados", conta. "A oceanografia é um campo muito amplo e multidisciplinar. As especializações incluem oceanografia física, química, biológica, geológica e social, cada uma com suas próprias áreas de atuação". 

Na prática, os oceanógrafos físicos se concentram no estudo de ondas, marés e correntes oceânicas, além das previsões meteorológicas e oceanográficas. Já os oceanógrafos químicos dedicam-se à análise da composição da água do mar, ciclos biogeoquímicos e poluição marinha.

Na área biológica, os profissionais investigam a biodiversidade marinha e desenvolvem programas de conservação, enquanto os especialistas em geolologia exploram o fundo oceânico e recursos minerais.

Do ponto de vista social, há oceanógrafos que estudam as interações entre comunidades humanas e ambientes marinhos, desenvolvendo políticas de gestão sustentável.

Durante uma jornada de 10 meses a bordo de um veleiro, Larissa percorreu mais de 20.000 milhas náuticas
Durante uma jornada de 10 meses a bordo de um veleiro, Larissa percorreu mais de 20.000 milhas náuticas
Foto: Arquivo Pessoal

Muitas oportunidades na carreira

Desde sua formação, Larissa Nabuco trabalhou na Rede de Modelagem e Observação Oceanográfica (REMO), com processamento de oceânicos para a Marinha e a Petrobras. Ela também fundou uma startup de energia oceânica e ingressou diretamente no doutorado em Oceanografia Física na Universidade Federal da Bahia (UFBA). 

Dois anos depois, passou quase um ano emabrcada em um veleiro com o navegador Aleixo Belov, rumo à Passagem Noroeste. 

"Foram 10 meses embarcada em um veleiro, percorrendo um pouco mais de 20.000 milhas náuticas, saindo de Salvador, passando pelo Caribe, Canal do Panamá, Havaí, Alasca, norte do Canadá, Groenlândia, Açores e retornando ao Brasil. Fomos o primeiro barco de bandeira brasileira a realizar esse feito", conta ela, orgulhosa.

As experiências que ela conta são apenas algumas das oportunidades na carreira de um oceanógrafo. Entre os locais de trabalho, Larissa lista: universidades, institutos de pesquisa, ONGs de conservação marinha, governos, empresas públicas e privadas, além do empreendedorismo. Ou seja, da pesquisa acadêmica, passando pela implementação de políticas públicas ao desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.

"O trabalho dos oceanógrafos é crucial para a conservação dos oceanos. Através das pesquisas, fornecemos dados e previsões que ajudam a entender e proteger os ambientes marinhos", afirma.

Larissa destaca que a oceanografia, sendo uma profissão ainda nova, apresenta diversos desafios
Larissa destaca que a oceanografia, sendo uma profissão ainda nova, apresenta diversos desafios
Foto: Arquivo Pessoal

Para desenvolver estratégias de proteção e mitigação dos impactos ambientais, os oceanógrafos utilizam uma tecnologias e ferramentas para coletar dados, como sensores, boias oceanográficas, satélites, ROVs e AUVs.

"Esses equipamentos, juntamente com os modelos computacionais, são essenciais para processar grandes volumes de dados e realizar pesquisas detalhadas", diz a profissional.

Pra ser oceanógrafo tem que ter disposição

Chegar ao sucesso na carreira de oceanógrafo tem como ponto de partida o amor ao mar, segundo Larissa Nabuco afirma ao Terra. Tão importante quanto, ela acrescenta, é a disposição para aproveitar todas as oportunidades que aparecerem, sem medo de aproveitar. 

Ela é um exemplo disso, já que, ao voltar da jornada no veleiro com Aleixo Belov, foi convidada pelo próprio navegador para assumir a gestão da fundação homônima do Museu do Mar. Como gestora oceanógrafa, passou a explorar uma área que inicialmente não fazia parte de seus planos.

"Importante estar disposto a trabalhar em situações adversas, ambientes extremos e embarcados, que exigem uma certa dose de coragem. Por fim, estar aberto a todas as oportunidades que aparecem e não ter medo de experimentar o novo", diz. 

Os oceanógrafos utilizam uma variedade de tecnologias e ferramentas para coletar dados, diz Larissa
Os oceanógrafos utilizam uma variedade de tecnologias e ferramentas para coletar dados, diz Larissa
Foto: Arquivo Pessoal

Além das "situações adversas", Larissa cita as mudanças climáticas como um desafio à parte para quem quer trabalhar com oceanografia. O superaquecimento do planeta tem alterado a temperatura, densidade, acidez, nível e padrões de circulação dos oceanos. Assim, é "crucial" desenvolver modelos de previsão e pesquisas focadas na mitigação e adaptação a essa nova realidade.

"Estamos na Década dos Oceanos, e o mundo está começando a reconhecer a importância dos nossos mares. A profissão enfrenta o desafio de prever e entender o comportamento dos oceanos, especialmente com as mudanças climáticas", acrescenta. 

Fonte: Redação Terra
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