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Para turbinar a carreira: conheça o 'lifelong learning', ideia de nunca parar de estudar

Educação à distância, em ascensão no Brasil, contribui para esse conceito de aprendizagem, com aumento de 474% nas matrículas em 10 anos

26 mai 2023 - 00h11
(atualizado às 14h36)
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Mulher negra no mundo corporativo
Mulher negra no mundo corporativo
Foto: Luis Alvarez pela coleção DigitalVision de Getty Image

Segundo especialistas, o conceito de lifelong learning veio para ficar e a educação a distância (EaD) tem contribuído para que os brasileiros sigam aprendendo e se aperfeiçoando com mais rapidez e facilidade. O lifelong learning ("aprendizado ao longo da vida", em tradução livre), a ideia de nunca parar de estudar, é uma prática cada vez mais disseminada e importante na sociedade dinâmica em que vivemos.

Publicado pelo Fórum Econômico Mundial, o relatório "The Future of Jobs 2020? apresenta as perspectivas para o mundo do trabalho até 2025. O material mostra que a lacuna entre as aptidões exigidas pelo mercado e as habilidades daqueles que buscam emprego tem sido um problema e continuará sendo um ponto de atenção nos próximos anos. Por isso, a velocidade com que o profissional volta a aprender é importante.

O documento aponta que os empregadores procuram um conjunto de conhecimentos que vão além da técnica, envolvendo, também, o comportamento. São as famosas soft skills, fundamentais para o sucesso profissional. Inteligência emocional, flexibilidade, autogestão e criatividade são algumas das capacidades consideradas essenciais no momento.

Com isso, diversas instituições de ensino como universidades particulares e federais, bem como hospitais e outras entidades com plataformas de aprendizagem, estão investindo em cursos livres e especializações voltadas para o desenvolvimento do pensamento crítico e o aprendizado contínuo. Muitas delas estão apostando fortemente no ensino a distância, tendo em vista as facilidades e a conveniência que o modelo permite.

A educação a distância (EaD) é uma modalidade em ascensão no Brasil. Dados do ano passado mostram que, em 2021, foram mais de 3,7 milhões de matriculados em cursos a distância. Entre 2011 e 2021, para se ter noção, o número de ingressantes em cursos superiores de graduação na modalidade EaD aumentou 474%. Os dados fazem parte do Censo da Educação Superior, divulgado em novembro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC.

Embora os números sejam referentes ao ensino superior, sabe-se que o EaD está se tornando uma escolha frequente para aqueles que já estão no mercado de trabalho, têm uma rotina movimentada e querem seguir aprendendo para alavancar a carreira, por exemplo, ou por quem já faz um mestrado ou doutorado e deseja focar mais no lado profissional.

Desde 2021, o Hospital Albert Einstein oferece um site com mais de 1.500 cursos gratuitos online nas áreas de gestão e assistência em saúde, por exemplo. A Academia Digital do Ensino Einstein é uma iniciativa da unidade de educação da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. A plataforma já conta com 230 mil cadastros de alunos de todo o Brasil.

"No futuro, acreditamos que vamos entender melhor os perfis de pessoas que buscam a plataforma e entregar soluções cada vez melhores. Já temos alunos de todas as idades e áreas, não somente da saúde. Temos profissionais formados e estudantes de graduação. Nossa estratégia foi disponibilizar conteúdos de diferentes graus de dificuldade, de modo a chamar a atenção de vários públicos", conta Alexandre Holthausen, diretor-superintendente de ensino do Einstein.

Para ele, um grande diferencial foi a aposta nos cursos a distância, e acredita que essa modalidade de ensino é benéfica para quem busca praticar o lifelong learning, a longo prazo. "A Academia Einstein tem penetração nas cinco regiões brasileiras; isso facilita muito o acesso. Os cursos remotos também garantem a otimização do tempo das pessoas, o que permite que elas organizem a rotina e façam mais e mais cursos, com o passar do tempo", afirma.

O Senai de São Paulo é outro exemplo. Além de cursos de graduação e pós-graduação, a instituição também oferece cursos livres e técnicos, muitos deles online e gratuitos. De acordo com Cássia Cruz, gerente de educação do Senai/SP, ao olhar para a metodologia das capacitações a entidade tem se preocupado muito com as soft skills e sua necessidade.

"Caso o profissional precise desenvolver melhor alguma competência técnica, quando ele chegar no mercado de trabalho ele vai aprender mais e preencher essas lacunas, quando existem. Agora, quando existe alguma deficiência em termos de competências socioemocionais e soft skills, essas habilidades fazem falta. São coisas que o aluno precisa aprender antes de chegar na empresa", explica.

A Fundação Instituto de Administração (FIA) também tem desenvolvido estratégias para qualificação profissional com foco em soft skills, disponibilizando capacitações remotas gratuitas sobre diversos temas. Novos papéis nas organizações, pensamento adaptativo, resolução de problemas complexos, gerenciamento da carga cognitiva, inteligência social, autogestão e autoconhecimento são alguns dos tópicos contemplados.

"A educação a distância abriu um leque de possibilidades para o estudante. Ele tem em suas mãos uma oferta muito grande de cursos e conteúdos de qualidade, além da conveniência da modalidade remota. Isso motiva o aluno para que queira aprender mais" destaca Mauricio Juca de Queiroz, diretor e coordenador do curso de graduação em Administração da FIA.

Além das particulares, diversas instituições federais também estão lançando iniciativas para fomentar a educação continuada. Uma delas é a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que conta com o portal Lúmina desde 2016. A plataforma disponibiliza cursos livres de curta e média duração de forma gratuita nas mais diversas áreas. Ao final, as capacitações oferecem certificados.

Outro projeto que tem atraído muitos que buscam desenvolver o lifelong learning é a plataforma Coursera, voltada para a capacitação de profissionais da área de tecnologia. A iniciativa possui parceria com empresas como Google, IBM e cerca de 200 universidades, entre elas, Harvard.

A própria universidade norte-americana também tem um portal disponível com cursos online gratuitos: a Harvard Online Courses, com mais de 100 opções. Negócios e gestão, desenvolvimento educacional e organizacional, artes, programação, análise de dados e humanidades estão entre os assuntos abordados. Embora a maioria dos cursos sejam em inglês, alguns deles possuem legendas em português.

Estadão
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