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Participação de mulheres no mercado de trabalho é quase 20% menor do que a dos homens, diz IBGE

Levantamento aponta que maior tempo dedicado aos afazeres domésticos interferem na vida profissional das mulheres

8 mar 2024 - 10h00
(atualizado às 10h10)
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Resumo
Dados do IBGE mostram que as mulheres brasileiras possuem a maior carga horária de trabalho entre trabalho doméstico, informalidade, desigualdade salarial, pouca representatividade e alta mortalidade materna.
Estudo do IBGE traz sistematização de informações para análise das condições de vida das mulheres no País
Estudo do IBGE traz sistematização de informações para análise das condições de vida das mulheres no País
Foto: Wilson Dias/Arquivo/Agência Brasil

Em meio às discussões do Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira, 8, a desigualdade de gênero segue com números alarmantes quando se trata dos principais indicadores sociais do País, como participação no mercado de trabalho, renda, escolaridade, saúde e até representatividade em cargos políticos.

O índice de participação das mulheres com 15 anos ou mais de idade no mercado de trabalho (ocupadas ou em busca de trabalho e disponíveis para trabalhar) foi de 53,3%, enquanto entre os homens a taxa chegou a 73,2% no ano de 2022. Os dados foram apresentados na terceira edição do estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento traz uma sistematização de informações para análise das condições de vida das mulheres no País. Diante da desigualdade no âmbito profissional, o estudo aponta que o maior tempo dedicado ao cuidado de pessoas e afazeres domésticos acaba impactando na redução da participação das mulheres no mercado de trabalho. 

No Brasil, em 2022, as mulheres prestaram essas atividades quase o dobro de tempo que os homens (21,3 horas contra 11,7 horas). O Nordeste lidera com o maior tempo gasto, que corresponde a 23,5 horas, sendo também a Região com a maior desigualdade em relação aos homens. 

Aumento da desigualdade para mulheres negras

Além disso, fatores raciais e sociais também interferem nessa realidade. Conforme o IBGE, o recorte por cor ou raça indica, por sua vez, que as mulheres pretas ou pardas estavam mais envolvidas com o trabalho doméstico não remunerado que as mulheres brancas (1,6 hora a mais), enquanto para os homens a cor ou raça declarada não afetou a dedicação a essas atividades.

Considerando as diferentes jornadas de trabalho de homens e mulheres, em ocupações no mercado de trabalho e no doméstico não remunerado, a carga horária total semanal de trabalho das mulheres foi de 54,4 horas e, para homens, 52,1 horas no mesmo ano. 

Outro dado alarmante diz respeito à situação de maior taxa de informalidade das mulheres (39,6%) contra 37,3% dos homens, sendo que a diferença entre as mulheres pretas ou pardas (45,4%) e dos homens brancos (30,7%) chegou a quase 15%.

Frequência escolar

Na frequência escolar, a desigualdade por cor ou raça também estava presente. Isso porque cerca de 39,7% das mulheres brancas de 18 a 24 anos estudavam, enquanto entre as pretas ou pardas, essa proporção era de 27,9%. Os homens pretos ou pardos tinham o menor percentual dentre os grupos observados (24,6%).

A proporção de mulheres brancas com 25 anos de idade ou mais que tinham completado o nível superior (29,0%) era o dobro do observado para as pretas ou pardas (14,7%).

Rendimento

No mesmo ano, o rendimento das mulheres foi, em média, equivalente a 78,9% do recebido por homens. No início da série histórica, em 2012, essa razão era estimada em 73,5%.  A maior diferença no rendimento, em 2022, estava no grupo de profissionais das ciências e intelectuais: elas receberam 63,3% da média dos homens.

Ainda no âmbito econômico, cerca de 32,3% das mulheres do País estavam abaixo da linha de pobreza, ou seja, tinham renda diária per capita de até U$6,85, de acordo com o Banco Mundial. Essa era a situação de 41,3% das mulheres pretas ou pardas que residiam no Brasil, contra 21,3% das mulheres brancas.

Desigualdade no mercado de trabalho afeta ainda mais mulheres negras
Desigualdade no mercado de trabalho afeta ainda mais mulheres negras
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Queda da mortalidade materna

A saúde das mulheres sofreu com o crescimento da mortalidade materna durante a pandemia de covid-19. Em 2020, a taxa chegou a aumentar em 29% em comparação ao ano anterior, atingindo a marca de 74,7 óbitos por 100 mil nascidos vivos. No ano seguinte, essa proporção foi de 117,4/100 mil. Em 2022, a razão de mortalidade materna caiu, sendo estimada em 57,7 a cada 100 mil nascidos vivos.

Violência contra a mulher

Em 2019, considerando apenas a principal violência sofrida, 5,7% das mulheres brancas relataram ter sido vítima de violência psicológica, física ou sexual praticada por ex ou atual parceiro íntimo. A proporção era maior para as mulheres pretas ou pardas, com 6,3%.

Representatividade na política

Embora as mulheres representem 52,7% do eleitorado e a proporção de deputadas na Câmara Federal tenha aumentado de 14,8%, em setembro de 2020, para 17,9%, em novembro de 2023, o país encontra-se na 133ª posição de um ranking de 186 países e tinha posição inferior a vários países latino-americanos como o México, Argentina, Equador e Bolívia.

Com dispositivos legais desde 1995, o Brasil prevê cotas eleitorais, reservando um percentual de candidaturas em eleições proporcionais para as mulheres. Contudo, apenas com a Lei n. 12.034, de 2009, essas cotas tornaram-se obrigatórias, de modo que, em eleições proporcionais, haja no mínimo 30% e no máximo 70% de candidaturas de cada sexo, por partido ou coligação partidária.

Ainda segundo o IBGE, em 2023, apenas 16,1% das cadeiras de vereadores eram ocupadas por mulheres. Regionalmente, a presença menos expressiva se deu na região Sudeste (14,2% de vereadoras) e a região na qual as mulheres estavam mais representadas entre vereadores (16,9%) foi a Nordeste. 

Com relação ao poder executivo local, somente 12,1% das prefeituras, em 2020, data da última eleição, estavam ocupadas por mulheres. Dentre as prefeitas, 66,9% eram mulheres brancas.

Fonte: Redação Terra
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