Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Por que nº de jovens que não estudam nem trabalham é o menor desde 2019?

Cerca de 9,6 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos estão sem emprego e fora da sala de aula

22 mar 2024 - 11h25
Compartilhar
Exibir comentários
Desemprego caiu de forma mais significativa no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte
Desemprego caiu de forma mais significativa no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil / Estadão

Um em cada cinco brasileiros (19,8%) entre 15 e 29 anos não estudava nem trabalhava em 2023, conforme dados divulgados nesta sexta-feira, 22, na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No total, esse grupo, chamado de nem-nem, reúne 9,6 milhões de jovens. A proporção é a menor desde 2019, quando a taxa foi de 22,4%.

O número de brasileiros nesta faixa etária é de 48,5 milhões. Deste total, 15,3% estavam ocupados e estudando, 25,5% estavam estudando, porém não trabalhando e 39,4% estavam trabalhando, mas não estudavam.

Na análise da pesquisadora do IBGE, Adriana Beriguy, responsável pela apresentação do trabalho, a principal razão para o porcentual dos que não trabalham nem estudam ter caído nos últimos cinco anos foi a demanda do mercado de trabalho, e não impulsionado por maior busca pela educação.

As pessoas de 18 a 24 anos de idade são aquelas que idealmente estariam frequentando o ensino superior, caso completassem a educação escolar básica na idade adequada. Contudo, o atraso e a evasão estão presentes no ensino médio e, em menor proporção, no fundamental. Consequentemente, muitos jovens entre 18 e 24 anos já não frequentam mais a escola e alguns ainda frequentam as etapas da educação básica obrigatória.

O abandono escolar é um dos principais gargalos da educação no País. Na tentativa de frear esse problema, o governo federal lançou este ano o programa Pé-de-Meia, que prevê auxílios para que os jovens continuem nas salas de aula durante o ensino médio.

Especialistas, porém, alertam que essa não pode ser a única ou principal política antievasão. Prova disso é que aproximadamente 43% dos que abandonaram a escola o fizeram ainda no fundamental.

“O ensino médio é a UTI”, em termos de estratégia de reter os jovens na escola, disse em entrevista recente a superintendente do Itaú Educação e Trabalho, Ana Inoue, após apresentar pesquisa sobre o tema. Segundo ela, é preciso considerar toda a trajetória escolar, olhando para a aprendizagem e para o desejo e necessidade dos jovens em ter profissão.

Após um impasse entre o governo e o Congresso, nesta semana Câmara aprovou a revisão da reforma do ensino médio, apontada pelos especialistas como crucial para melhorar a aprendizagem e aumentar a conexão da escola com a realidade dos jovens. Um dos objetivo da mudança é flexibilizar o currículo da etapa e permitir maior integração com a educação profissional e técnica.

Nações desenvolvidas, no topo das avaliações internacionais de educação, investem fortemente no ensino profissional junto do médio. No Brasil, só 10% dos alunos cursam o técnico, ante 68% na Finlândia e 49% na Alemanha.

Em 2023, a taxa de escolarização da faixa entre 18 a 24 anos, independentemente do curso frequentado, foi de 30,5%, porcentual próximo ao de 2022. Por sua vez, 21,6% desses jovens frequentavam a faculdade e 8,9% estavam atrasados, matriculado em algum dos cursos da educação básica. Apenas 4,3% já haviam completado o ensino superior e 65,2% não frequentavam escola.

Levando-se em conta o grupo de jovens de 14 a 29 anos do País, 9 milhões não completaram o ensino médio, seja por terem abandonado a escola antes do término dos estudos ou por nunca a terem entrado na etapa. Desses, 58,1% eram homens e 41,9% eram mulheres. Considerando-se cor ou raça, a desigualdade é ainda maior: 27,4% eram brancos e 71,6% eram pretos ou pardos.

Quando perguntados sobre o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado escola, esses jovens apontaram a necessidade de trabalhar como fator prioritário. No Brasil, este contingente chegou a 41,7% em 2023, aumento de 1,5 pontos percentuais ante 2022.

Para aqueles que responderam ter abandonado a sala de aula por falta de interesse de estudar, embora seja o segundo principal motivo, este tem apresentado queda sequencial nos três anos investigados pela pesquisa, chegando a 23,5% em 2023.

Para o principal motivo apontado ser a necessidade de trabalhar, destacam-se os homens, com 53,4%, seguido de não ter interesse de estudar (25,5%). Para as mulheres, o principal motivo foi também a necessidade de trabalhar (25,5%), seguido de gravidez (23,1%) e não ter interesse em estudar (20,7%).

Além disso, 9,5% das mulheres indicaram realizar afazeres domésticos ou cuidar de pessoas como o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado escola, enquanto para homens, este percentual foi inexpressivo (0,8%).

Outra questão importante, segundo a pesquisadora, é a questão da modalidade do ensino. Em 2023, a rede pública atendia 77,5% dos alunos da creche e pré-escola; 82,3% dos estudantes do fundamental regular; e 87,0% do ensino médio regular.

Por outro lado, a rede privada responde pela maior parte dos estudantes de graduação, especialização, mestrado e doutorado. Em 2023, 73,9% dos alunos de faculdades frequentavam uma instituição de ensino privada.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade