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Premiado, bailarino da Beija-Flor teve vida transformada pela dança; conheça sua história

Glayson Mendes, de 21 anos, vai representar Rás Gonguila, considerado o 'rei' dos carnavais maceioenses

18 jan 2024 - 05h00
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Glayson Mendes, bailarino
Glayson Mendes, bailarino
Foto: @instagram / Francisco de Mattos

Beija-Flor de Nilópolis vai homenagear Rás Gonguila no carnaval de 2024. A escola terá um bailarino premiado, cuja vida foi transformada pela dança, para representar o 'rei' dos carnavais maceioenses. Na comissão de frente, Glayson Mendes, de 21 anos, será o responsável por encarnar o protagonista da história na avenida do samba.

Nascido em Campos dos Goytacazes (RJ), vindo de uma família humilde, Glayson nunca pensou na Marquês de Sapucaí como uma possibilidade, principalmente porque o carnaval não era algo bem visto dentro de casa. Sua família era religiosa e acreditava que a festa não era uma boa referência. Porém, aos 7 anos de idade, uma professora notou sua predisposição para a dança e orientou ele a iniciar aulas de jazz no CRAS de Tamoios, em Cabo Frio (RJ). Começou ali uma jornada que lhe rendeu orgulho e resultados.

Com pouca idade, Glayson se desenvolveu rápido. Sob incentivo dos professores, se apresentou no Festival Internacional de Cabo Frio. Após sua performance, recebeu um bolsa de estudos na Academia Márcia Sampaio. Na instituição, não apenas aprendeu balé, como também criou um laço maternal com a diretora. "Eu sou de família muito simples, o local da escola ficava a uma hora da minha casa. Minha mãe já era separada do meu pai, então eu não tive problemas em seguir meu caminho, pelo contrário, fui incentivado. Mas tinha dias que eu não tinha dinheiro da condução para ir às aulas. A Marcia me adotou. Ela enxergou meu potencial, me colocou dentro da casa dela, morei lá por alguns anos, e me ajudou a me desenvolver", conta Glayson ao Terra.

Glayson Mendes, bailarino
Glayson Mendes, bailarino
Foto: @instagram / @glayson__mendes

Com a ajuda certa, Glayson começou a contemplar mais conquistas. Aos 16, por exemplo, se destacou no Festival Prix de Lausanne, onde ganhou bolsa para estudar em cinco diferentes países, uma delas sendo a Escola Acosta Danza, em Cuba, destino escolhido pelo jovem. Lá, já aos 17 anos, ele passou sete meses treinando, aprendendo e aprimorando técnicas.

Com a pandemia, o bailarino precisou retornar ao Brasil. Ele afirma que os anos de confinamento foram difíceis financeiramente, mas também um tempo de dedicação à sua arte, mesmo dentro de casa.

Em 2022, com o retorno das atividades, ele soube que o Theatro Municipal do Rio de Janeiro estava formando um novo elenco. Ele realizou o teste e conquistou a vaga. Não demorou muito e o coreógrafo da Beija-Flor, Jorge, que já o conhecia por meio de amigos em comum, o convidou para fazer parte da comissão de frente. O bailarino, animado, aceitou o convite. Em 2023, a proposta foi novamente realizada, mas desta vez para encarnar o protagonista da história, Rás Gonguila. "Nunca pensei que seria o protagonista, ele [coreógrafo] entrou em contato comigo pelo Instagram mesmo e aceitei. Acredito que seja uma história de superação que vamos contar. Tenho ensaiado quatro vezes na semana por quatro horas. Acho que só não fico exausto porque estou habituado com a rotina intensa". 

Quem foi Rás Gonguila

Glayson Mendes, bailarino
Glayson Mendes, bailarino
Foto: @instagram / @glayson__mendes

Nascido em Maceió, provavelmente nos primeiros anos do século XX, Benedito dos Santos, mais conhecido como Rás Gonguila, foi uma das grandes figuras do carnaval de Alagoas. Analfabeto, foi engraxate e carnavalesco. Criou o bloco Cavaleiros dos Montes, que se tornou patrimônio de Maceió.

As histórias sobre sua origem se confundem, mas, de acordo com o historiador José Maria Tenório Rocha, acredita-se que ele tenha adotado o nome de Rás devido a uma possível origem etíope, como uma forma de qualificar-se como especial, visto que fazia referência ao já existente Rei da Abssínia, na África.

Há também relatos de que seus ancestrais fugiram de um ataque de paulistas e se refugiaram na República dos Palmares, porém, não há comprovação. Em 1968, segundo o site História de Alagoas, Rás Gonguila morreu de ataque cardíaco, e foi enterrado no Cemitério São José, no Trapiche da Barra.

Fonte: Redação Terra
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