Siga estes passos e se prepare caso você seja demitido
Faça um plano de carreira bem estabelecido, tenha reserva financeira e construa um networking considerável para sofrer menos impacto caso perca o emprego
Mesmo sem um sinal claro de risco de demissão, é importante que todos os trabalhadores estejam preparados para esse momento.
Além da necessidade primordial de ter uma reserva financeira, o que mais pode ser feito caso você seja o próximo da fila?
De acordo com especialistas, projetar um plano de carreira, construir uma rede de relacionamento e ficar atento às próprias habilidades e conhecimentos pode ajudar na hora de uma possível demissão.
Planejamento sem pressa
É essencial criar um planejamento de carreira estruturado aos poucos, sem a urgência de fazer às pressas e de qualquer jeito por falta de opção.
Fazer uma análise profissional a longo prazo é primordial para compreender os passos para a próxima direção, orienta Luis Felipe Franco, CEO da Vendah, aplicativo de revenda que forma revendedores no Brasil. Em seguida, construa uma rede de relacionamentos.
Saiba onde quer estar daqui a 10 anos. Quais são os seus sonhos e o que gosta de fazer? Trocar informações com outras pessoas facilita a identificação de novas áreas de atuação.
"É importante olhar para o lado e ver as pessoas complementares com quem você trabalha bem e, claro, que também são aliadas aos seus valores", avalia Franco. Essa tática pode proporcionar possíveis parcerias e indicações no futuro.
Em paralelo, vale a pena participar de cursos, eventos nas áreas de interesse e mapear profissionais influentes do meio.
Em relação à última dica, cuidado para não parecer inconveniente. Use uma abordagem leve e procure uma brecha que revele interesses mútuos. Torcer para o mesmo time, morar no mesmo bairro ou estar na empresa há um tempo similar são alguns exemplos citados por Deives Rezende Filho, CEO da Condurú Consultoria, empresa que presta serviços de diversidade e inclusão.
O executivo acrescenta que, no primeiro momento, uma conversa mais protocolar é o melhor caminho. "Pergunte sobre as realizações profissionais, os desafios na área, eventuais projetos em que trabalharam juntos, por exemplo".
Variar atividades
Ao verificar as preferências, a próxima etapa demanda um esforço mais prático para conhecer novas realidades e trabalhos totalmente diferentes daquilo exercido anteriormente.
"Se surgir a oportunidade de fazer um trabalho paralelo participando, por exemplo, de uma ONG, algum projeto no bairro que tenha a ver com a sua área de interesse, é um bom caminho", afirma Franco.
Avalie como está sua situação na empresa
Você deve avaliar o cenário para enxergar como o seu potencial está sendo aproveitado na empresa em que trabalha, diz Rezende, da Condurú.
Para investigar a sua posição na organização, o feedback é um ótimo aliado. O ideal é que seja solicitado periodicamente à liderança para ajuste de rota e mudanças. Segundo Rezende, o resultado dessas conversas vai trazer alguns questionamentos, como:
- Tenho o mesmo entusiasmo ou paixão que tinha no início?
- Continuam me dando projetos desafiadores e me chamando para reuniões estratégicas?
A partir disso, ter um networking ativo vai fazer a diferença. Ficar na tela do computador se conectando com pessoas de diversas áreas e lugares do mundo é válido, mas não é suficiente. Além disso, não se limite apenas às demandas do seu cargo. Movimente-se.
- Agende cafés e/ou almoços rotineiros com outros profissionais.
- Conheça o que outras pessoas estão fazendo na sua empresa.
- Converse com profissionais de confiança que podem ser aliados em um momento de virada.
"Se chegar à conclusão de que sua história está acabando nessa empresa, vá à luta. Confie no seu talento", declara Rezende. Mas antes dessa decisão monte um projeto próprio.
Planejamento individual para iniciantes
Isso porque, o trabalhador precisa ter um plano de carreira individual que inclua objetivos da vida pessoal, independentemente daquele oferecido pela empresa, afirma Marcelo Wicher, especialista em carreiras e performance profissional.
Caso nunca tenha feito um plano de carreira, comece anotando as metas pessoais e profissionais para os próximos três anos. Após essa etapa, verifique os pontos de convergência entre esses objetivos. Para imaginar a probabilidade de se tornarem reais, monte um plano de ação.
Wicher sugere o seguinte formato:
- O que vou fazer?
- Como vou fazer?
- A junção desses dois elementos vai chegar ao resultado que vai atingir.
"O plano de carreira individual passa a ser um princípio norteador de desenvolvimento das competências no curto, médio e longo prazos", afirma o especialista.
Stalker no LinkedIn
Sabe aqueles profissionais que são referências na sua área? Não é crime apurar o que essas pessoas estão fazendo. Veja quais cursos indicam, livros e formações acadêmicas.
Serão esses detalhes que vão trazer mais clareza na hora de analisar o próprio currículo para observar o quanto cresceu a partir dos cursos feitos, livros lidos e idiomas aprendidos.
Segundo Rezende, todas as ferramentas citadas ajudam a "fazer uma autoanálise do crescimento de um ano para o outro e a identificar potenciais. É um momento de fazer um balanço com metas e planejamentos de carreira."
Olhe para a sua carreira como um negócio
Não adianta dar atenção à imagem pessoal somente após uma demissão. A construção do protagonismo profissional começa quando a pessoa ainda está empregada, momento em que as portas costumam se abrir com mais facilidade, indica Daniela Trolesi, especialista em branding e reputação.
"Precisamos ter consciência de que somos marcas e olhar para a nossa reputação e carreira com mais estratégia, com objetivos, metas e clareza de onde quer chegar", ressalta Trolesi, que acresecenta algumas direções para traçar um posicionamento do zero:
- Como quero ser reconhecido?
- As pessoas me veem como especialista em algo?
Para quebrar o gelo e experimentar alguns formatos, a internet é uma excelente vitrine. "Escrever uma newsletter, fazer um post nas redes sociais, criar um grupo de networking. Enfim, os caminhos são infinitos", propõe a especialista.
Organize as finanças
Use o dinheiro com sabedoria, aconselha Amanda Dias, orientadora financeira e sócia fundadora da Grana Preta, um programa de emancipação econômica. Se você é do tipo que adota a máxima "só se vive uma vez", esteja atento, pois é uma cilada. "Educação financeira não é para quando está no perrengue. Na verdade, é para quando você está na abundância", ressalta.
É nesse momento em que o trabalhador consegue ter inteligência financeira para fazer uma reserva e se prevenir de novas dívidas em caso de desemprego. Mas, se a demissão bater à porta, separe os custos essenciais, como aluguel, alimentação, internet, conta de água e luz.
Para quem ganha pouco, é indispensável rever os gastos. "Entenda: será que o salário que ganho é compatível com meus gastos? Será que tem de onde cortar?", provoca a orientadora financeira. Outra estratégia é começar a investir, e não precisa ser um valor alto. Pode ser R$ 1, R$ 10, R$ 30.
"Não negligencie o pouco que sobra, nota ou moeda que achou na bolsa. Montar uma reserva não é da noite para o dia", avalia.
Se liga!
Existem algumas situações que dão sinais de que você pode ser o próximo da lista? Sim, uma delas tem a ver com feedback. "O primeiro sinal é receber um feedback negativo por parte do gestor", afirma Daniela Trolesi, especialista em branding e reputação.
Outro indício comum, de acordo com Trolesi, é ser excluído de demandas importantes da empresa. Este é um sinal de que o gestor não está confiando no seu trabalho. Fique atento quando você começa a ter menos responsabilidades e é envolvido em projetos de menor impacto para não colocar em risco projetos que são muito relevantes.