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Com óculos de realidade virtual sustentável, startup do Pará torna aprendizado mais divertido em sala de aula

Walter Júnior, de 49 anos, é professor, CEO e fundador da Inteceleri

9 out 2024 - 05h03
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Walter Júnior, CEO e fundador da Inteceleri, com o MiritiBoard de VR
Walter Júnior, CEO e fundador da Inteceleri, com o MiritiBoard de VR
Foto: Divulgação/Inteceleri

Tabuadas, multiplicações e divisões costumam ser uma pedra no sapato de muitas crianças nos primeiros anos da escola. As operações e formas geométricas, porém, ficaram mais legais graças a uma iniciativa criada pelo professor paraense Walter Júnior, de 49 anos. Agora, sem sair da sala de aula, os alunos passaram a ‘viajar’ para lugares como a Torre Eiffel, na França, para aprender matemática. 

Pode parecer difícil de entender, mas tudo não passa de uma divertida mistura de educação e tecnologia desenvolvida pela startup Inteceleri, criada há dez anos por Walter e dois amigos no Pará. Como o empreendedor conta ao Terra, a ideia surgiu diante da dificuldade da filha de Dilmar Batista com a matéria.

“Começamos em 2014. Era fruto de um estudo. Começou eu, o Caio Alves, meu sócio, e o Dilmar Batista, que é um pai que tinha uma filha com muita dificuldade de aprender matemática básica. A gente criou o Matematicando, uma nova forma de aprender as quatro operações básicas de matemática. O aplicativo gerou um grande impacto na comunidade estudantil. Percebemos que os alunos tinham dificuldades com as operações básicas. E quando criamos essa nova forma de aprender, gerou bastante engajamento”, recorda o cientista e docente.

Pouco depois do desenvolvimento do Matematicando, que associa cores e atividades neurolinguísticas às operações matemáticas para facilitar o aprendizado, a Inteleceri firmou uma parceria com o Google, o que alavancou os projetos.

“Depois, em 2015, a gente virou parceiro oficial do Google, e aí fizemos toda uma imersão dentro desse ambiente, que fazia total sentido para a gente. O Matematicando foi se ampliando com o uso das ferramentas Google, e a gente foi para uma imersão lá na Califórnia, no Vale do Silício”, continua o professor.

O principal exemplo da criatividade da Inteceleri é o MiritiBoard VR. A solução é um óculos de realidade virtual que remete à história de povos originários, transformando-se em uma forma de disseminar a cultura ao mesmo tempo que estimula a criatividade com elementos histórico-culturais.

Além de tornar o aprendizado das crianças mais interessante, o equipamento funciona como uma conexão da nova geração com a floresta amazônica. Sua fabricação é feita a partir do miriti, e a finalização também é de responsabilidade de comunidades locais. O único momento em que a peça sai dos braços da floresta é para ser cortado a laser em Belém (PA). 

“Depois disso, sentimos dificuldade: ‘Bom, agora para a gente usar a realidade virtual precisa de um óculos’. E um óculos era muito caro, até hoje. E foi então que a gente criou o MiritiBoard VR, o óculos de realidade virtual feito com matéria-prima daqui da Amazônia, 100% sustentável, e isso ganhou uma nova repercussão. Todo esse valor da Amazônia, do sustentável, criação de uma atividade econômica circular dentro da floresta. A gente quer que o nosso óculos seja um instrumento educacional. Um instrumento que carrega toda uma ancestralidade, carrega uma cultura, um conceito sustentável e que, no final, altamente tecnológico, pode ajudar os alunos”, explica Walter.

O sucesso do MiritiBoard VR foi tamanho que até mesmo Emmanuel Macron, presidente da França, se rendeu ao acessório. Durante visita ao Brasil, o mandatário europeu quis conhecer a ideia e utilizou o óculos.

“Isso já chegou longe. Até o presidente Macron já utilizou o nosso óculos, isso aqui não é fake, isso é fruto de uma parceria que nós fizemos com a embaixada francesa, um trabalho lá na França que nós fizemos, e o Macron queria conhecer o que estava por trás desse projeto. Houve toda uma subvenção, e ele experimentou, veio no Brasil também, aqui no Pará a gente está às vésperas da COP [Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025], e também utilizou o óculos”, conta o CEO da startup.

Para aprimorar o uso do MiritiBoard VR, a Inteceleri apostou na criação do Laboratório Móvel Maker, um conjunto de soluções e dispositivos para facilitar o aprendizado.

“Então, o que a gente quer é que a instituição tenha um conjunto de dispositivos, que é o laboratório móvel, para que isso sirva para que a atividade educacional aconteça e que ele funcione, inclusive ele está pronto para funcionar com e sem internet. Então todo esse conjunto de dispositivos vai servir para quê? Para uma experiência de aprendizagem”, reforça o docente.

O principal exemplo da criatividade da Inteceleri é o MiritiBoard de VR
O principal exemplo da criatividade da Inteceleri é o MiritiBoard de VR
Foto: Divulgação/Inteceleri

Resultados da startup

Uma década após sair do papel, a Inteceleri já alcançou cerca de 600 mil estudantes, espalhados em 23 municípios, sete Estados do Brasil e quatro países: Portugal, França, Estados Unidos e Angola.

Em paralelo ao desenvolvimento de soluções como o MiritiBoard VR, o Pará viveu uma grande evolução nos rankings educacionais nos últimos anos. De 2021 para 2023, o Estado saltou da penúltima (26ª) para a sexta colocação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

“É muito prazeroso saber que a gente está também contribuindo com essa história, e a gente quer fazer isso em mais Estados do Brasil inteiro, esse é o nosso sonho como professor. O nosso sonho, uma missão como pessoa, de poder contribuir, porque de verdade, eu acredito que só através da educação a gente vai mudar esse País”, comemora Walter.

Para contagiar os alunos além da tecnologia, a Inteceleri também promove a Olimpíada e a Paralimpíada Matematicando. O evento une simulados alinhados aos descritores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), desafios de cálculo mental, ações na sala de aula com uso de óculos de realidade virtual e o App GeoMeta.

“Uma Olimpíada onde toda a comunidade se reúne para uma disputa saudável de matemática, que começa inicialmente entre alunos de uma sala de aula, depois entre as salas de aula de uma escola, e depois entre as escolas de uma rede. Então, isso combina a final da Olimpíada Matematicando com o fim também do projeto, que acontece ali na faixa de 8 a 12 meses. E aí, no final, os resultados que a gente tem são fantásticos, resultados de 48% de melhoria de proficiência de matemática”, relata o professor.

Com tamanho sucesso sem deixar os princípios de lado, Walter conta que o recomendado é as escolas não tornarem o ensino dependente dos equipamentos. Dessa forma, a startup até pode deixar de lucrar, mas mantém o pensamento voltado para a educação de qualidade.

“O nosso objetivo não é vender óculos. O nosso objetivo é vender um conjunto de ações, exatamente para que a instituição tenha uma experiência completa desse processo. E que uma das entregas é o laboratório móvel com óculos de realidade virtual. Inclusive, a gente até se preocupa em não ter um óculos para cada aluno. A gente não recomenda isso, para que isso não gere uma dependência como hoje as telas já geram uma dependência para os jovens e acabam isso gerando algum prejuízo para eles”, detalha.

Atualmente, a comercialização dos produtos é feita diretamente para as secretarias de educação municipais, estaduais e para as escolas. Além de fornecer os equipamentos, a Inteceleri instrui os docentes em relação ao uso da tecnologia com materiais teóricos e oferece  80 horas de formação ao longo do ano.

O pai ou o aluno podem adquirir diretamente o produto apenas em feiras educacionais. A partir de dezembro deste ano, porém, a empresa lançará uma linha de produtos vendida diretamente ao consumidor final, com o intuito de auxiliar crianças no processo de aprendizagem.

Hoje, a Inteceleri conta com 25 colaboradores. Inicialmente, a startup surgiu apenas de recursos próprios dos empreendedores. Com a estruturação e evolução, entraram investimentos de R$ 200 mil da Sitawi, R$ 300 mil do projetos para bolsistas CNPQ RHAE e 2 milhões do FINEP startup. 

Toda a captação gerou resultado além da evolução do aprendizado infantil. Após faturar 3 milhões em 2023, o grupo já ultrapassou os R$ 6 milhões estabelecidos como meta para este ano e, agora, busca chegar aos R$ 20 milhões de faturamento em 2025.

Fonte: Redação Terra
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