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Construir robôs em aulas é tendência no ensino infantil

3 mai 2014 - 13h02
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Os robôs fazem cada vez mais parte do cotidiano dos seres humanos. Seja em empresas, ocupando funções operárias, seja executando funções cotidianas, facilitando a vida de quem precisa. Mas a robótica tem também um papel importante na educação, desde a etapa infantil: ela pode ser uma ponte para o ensino de outras disciplinas ou mesmo ser ensinada puramente.

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Atualmente, o modelo de aulas tradicional a que os alunos são submetidos, com o professor que fala ou escreve no quadro, enquanto o aluno presta atenção e copia, está ficando ultrapassado. O aluno precisa de uma aula mais interativa para que o conteúdo da escola o atraia, já que a simples transmissão de informação pode ser substituída por dados disponíveis na internet, por exemplo.

É preciso um projeto que desafie, que construa o conhecimento. Nisso acredita Flavio Tonidandel, coordenador da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), oferecida pelo governo federal. “A robótica consegue fazer essa ponte entre as disciplinas. É possível, em uma aula de biologia, estudar o movimento das aranhas, por exemplo. Para isso, os alunos constroem um robô que vai reproduzir o movimento do animal utilizando a matemática. É atrativo, ele vai ver o movimento, não só imaginar.”

No Ministério da Educação (MEC), não existe diretriz específica sobre robótica. Geralmente, as escolas contratam empresas especializadas e oferecem a matéria como atividade extracurricular, desde cedo nos colégios, iniciando no jardim de infância. Tonidandel acredita que a robótica pode contribuir mais para a educação se for levada também à rede pública de ensino e utilizada em aulas de conteúdo tradicional.

“A OBR tem esse papel, de fomentar o uso da robótica como link entre as várias disciplinas, fragmentando cada vez menos o ensino, por meio da participação das equipes das escolas”, conta. Na olimpíada, que acontece anualmente, podem participar alunos do ensino fundamental e médio, em provas teóricas e práticas.

A robótica focada em seus próprios conceitos

Já para o professor de física e robótica responsável pelo Exame Nacional de Tecnologia e Robótica (Enater), Luís Rogério da Silva, o aluno atual não vai passar a gostar de física e química através do computador. Para ele, a computação se tornou uma área e conhecimento própria. “É mais efetivo e inclusivo ensinar a robótica focada nos seus próprios problemas e conceitos, pois faz o aluno trabalhar mais e perde a facilidade que geralmente é inimiga do ensino”.

O Enater é uma prova teórica e individual, realizada desde 2011, que pode ser feita online, com a supervisão de professores. As questões englobam conteúdos específicos de robótica, apresentando problemas aos alunos, que devem criar soluções por meio da utilização de robôs. Os objetivos do exame envolvem mapear o progresso dos cursos de robótica específica e dar ao aluno a oportunidade de, enquanto faz a prova, refletir sobre problemas que, na construção do robô, talvez não chamem a atenção, funcionando como um sistematizador da robótica.

“Por fim, o exame pretende servir como um norte para o papel da robótica na educação do futuro. As crianças percebem que terão de ser proativas no processo do aprendizado, não apenas coadjuvantes como em outras disciplinas. É importante ensinarmos uma robótica que solucione problemas”, explica.

Silva ensina que, para se ter um ensino de robótica maduro, é preciso a união de quatro pontos: a percepção clara do problema que o robô será construído para resolver; a percepção da finitude dos recursos (o projeto precisa ser realista); as condições da solução do problema, o quão eficiente ela será e qual o objetivo do projeto; e o encadeamento do próprio projeto, analisando o tempo que se terá para realizar o objetivo da ação e de como a escola e os colegas se colocarão nesse processo.

O Enater acontece desde 2012 e teve, na sua primeira edição, cerca de 500 alunos participantes. Atualmente, Silva informa que cerca de mil estudantes participam, distribuídos em quase uma centena de escolas. A prova é dividida em quatro níveis, entre crianças a partir de seis anos até 18. O nível que mais cresce é o que engloba o ensino fundamental.

Capacitação de professores

Universidades já defendem que é preciso capacitar os professores das séries iniciais do ensino para que saibam utilizar a robótica educacional em diversas outras disciplinas pedagogicamente. Tonidandel lembra que é preciso definir melhor o papel da robótica na educação.

“Podemos esperar essa meninada das séries inicias que está entrando em contato com a robótica agora sair da universidade daqui 10 anos e incluir a matéria na escola ou podemos incentivar os professores a utilizar a construção de robôs em sala de aula para diferentes projetos. Em uma das edições da OBR, uma das equipes construiu um sistema solar, onde os robôs seguiam linhas no chão e rodavam indicando o caminho dos planetas. Para realizar o projeto, os alunos tiveram de aprender os movimentos, matemáticas, ciência. É muito mais fantástico, e a criança grava as informações, como a velocidade de um planeta, porque ela programou aquilo”, conta.

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