Da escola pública para o mundo: advogada é aprovada em 9 mestrados fora do Brasil
Bolsista na graduação, a capixaba Daniela Duarte fala sobre processo de aplicação para mestrado em universidades do exterior
A advogada Daniela Gava Duarte, de 26 anos, acreditava que a possibilidade de cursar um mestrado fora do Brasil era um sonho distante de sua realidade. Estudante de escola pública e bolsista, a capixaba de Boa Esperança (ES) superou as próprias expectativas e foi aprovada não somente em um, mas em nove cursos de mestrado fora do País, e em renomadas universidades dos Estados Unidos e da Europa.
Ao Terra, Daniela, que também é pós-graduada em Direito da Família e Direito Previdenciário, conta que a vontade de estudar no exterior a acompanha desde a adolescência, mas que sempre esbarrou em obstáculos que adiaram a concretização do sonho. "Sempre tive o sonho de estudar fora, mas parecia uma realidade muito distante. Venho de uma cidade pequena, sempre estudei em escola pública, então acreditava que era algo inalcançável. Até tentei passar por alguns processos de intercâmbio na adolescência, mas acabei deixando de lado por um tempo", afirma.
Daniela se formou em Direito em 2019 e, com a pandemia de covid-19 no ano seguinte, a jovem se viu obrigada a adiar seus planos até 2022, quando decidiu tirar do papel a ideia de estudar no exterior. "Sempre fui muito ligada com a questão de pautas raciais e estudos de raça e gênero, então veio a vontade de fazer especificamente um mestrado em políticas públicas, por querer impactar nosso País", conta a advogada que, no ano passado, deu início ao processo de aplicação a bolsas no exterior.
Processo de aplicação
Uma vez decidida, a advogada passou a procurar por cursos e mentorias voltadas a estudantes em busca de bolsas e programas de estudos fora do Brasil. Segundo Daniela, essas mentorias proporcionam um leque de possibilidades de universidades e instituições de ensino especializadas para além das instituições mundialmente conhecidas.
"Foram vários meses com instruções de como montar a documentação, currículo, atestado de fluência em inglês, cartas de motivação e recomendação. Eu comecei em abril e, em dezembro passado, comecei a mandar minha candidatura para as universidades". A advogada afirma que, diferente do Brasil onde as universidades admitem os estudantes através de vestibulares, a única prova que ela fez para ser aceita foi a de fluência em inglês.
No total, foram dez aplicações à instituições do exterior. Em fevereiro deste ano, Daniela recebeu a primeira aprovação ao ser aceita na Pennsylvania State University. Até maio, a advogada foi aceita em outras oito universidades. No total, foram sete aprovações nos Estados Unidos e duas na Europa:
Daniela foi aceita pela University of Maryland, Pennsylvania State University, George Washington University, Northeastern University, University of Minnesota, University of Miami e Pepperdine University, nos EUA. Ela também foi selecionada pela King’s College London, no Reino Unido, e Hertie School, na Alemanha.
A jovem conta que, dentre as possibilidades, escolheu a University of Maryland, devido a especializações focadas no tema das políticas públicas. "É uma universidade muito ligada à diversidade, que é um tema que importa muito para mim. Ela fica na região de Washington DC, a capital dos Estados Unidos, e também foi a que me ofereceu a melhor bolsa".
'Sonho de vida'
Além da vaga no mestrado, a advogada também recebeu uma bolsa da universidade para auxiliar no custeio da estadia nos Estados Unidos. Porém, a ajuda de custo cobre somente metade do valor necessário que Daniela precisa para comprovar que tem condições de se manter no país e obter o visto.
A estudante, que conta também com o auxílio de amigos e familiares, organizou uma campanha de arrecadação para conseguir custear pelo menos um ano da estadia nos EUA. "É realmente um sonho de vida e estou na luta para conseguir realizar".
Para a advogada, a arrecadação é mais um objetivo na busca do sonho. "Quando eu olho para trás e vejo tudo que eu consegui, transpor todas as barreiras, que eu vejo como mais um desafio a ser cumprido".
Daniela ainda incentiva quem deseja buscar o estudo no exterior e diz que o principal é "manter o foco". "Não é fácil, mas é perfeitamente possível. É buscar mentorias, ajuda de quem já passou por isso, e focar naquilo que é o sonho", finaliza.