Defensores de cotas na USP protestam; reitor sai escoltado
Reunião do Conselho Universitário termina em confusão depois que alunos do Movimento Negro teriam sido impedidos de protocolar pedido de adoção de política de cotas; reitor precisou da Guarda para deixar evento
A reitoria da Universidade de São Paulo (USP) divulgou nota à comunidade universitária em que classificou como “violenta” a forma com que servidores e alunos teriam interrompido, na terça-feira, reunião do Conselho Universitário. O reitor Marco Antonio Zago deixou o evento cercado por seguranças da universidade.
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O centro da confusão foi a tentativa do conselho votar a reforma do estatuto da universidade sem aceitar protocolo feito por alunos pertencentes ao Movimento Negro. Eles queriam que fosse incluída na revisão a adoção da política de cotas, da qual a USP não é adepta.
A reunião aconteceria na Reitoria, onde fica o Conselho, mas foi transferida para a sede do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), na própria Cidade Universitária, para onde os alunos e servidores se deslocaram.
A revisão do estatuto teve início ano passado, segundo a USP, com “foco especial na estrutura de poder e nos seus mecanismos de governança”. Entre os tópicos abrangidos pelo processo de revisão, estão temas como “gestão, transparência e responsabilidade fiscal” da instituição, além de “eleição de dirigentes” e “natureza, atribuições e composição dos colegiados”. A revisão de carreiras e regimes de trabalho e a de autonomia de unidades ou órgãos da universidade também estão incluídas no processo.
“A ampla participação de toda a comunidade uspiana será estimulada com reuniões e debates nos campi, nas unidades e departamentos”, diz texto da assessoria da USP.
Na nota à comunidade universitária, a reitoria informou que a reunião na teerça-feira, “convocada para deliberar sobre formas de encaminhamento de reforma do Estatuto, foi interrompida por um grupo de servidores e alguns alunos, de forma violenta, impedindo a continuidade dos debates e colocando em risco a integridade física dos membros do Conselho”.
“É lamentável que a Universidade ainda esteja sujeita a procedimentos como esses, incompatíveis com as normas da convivência democrática”, encerra a nota.
Procurado, o sindicato que representa os trabalhadores da universidade, o Sintusp, alegou que a reforma defendida pelo reitor Marco Antonio Zago “precisa ser discutida entre os três integrantes da comunidade universitária, e não apenas pelo Conselho”.
“Um grupo de quatro alunos do Movimento Negro queria protocolar a pauta das cotas no Conselho e foi impedido. Então, todos os manifestantes que tinham ido à sede do Conselho acabaram se dirigido ao Ipem, onde era discutida a reforma do Estatuto. Talvez isso seja truculência para o reitor, que foi cercado pela Guarda Universitária, que o tentou proteger, e deixou o local de carro”, argumentou a assessoria do Sintusp.
Não há previsão de nova reunião do Conselho para debater a reforma do Estatuto.