Diretor de escola é multado em R$ 40 mil por falas homofóbicas na Grande São Paulo
Caso ocorreu em 2021; valor será direcionado a duas entidades que apoiam a causa LGBTQIAP+
O diretor de uma escola particular de Santo André, em São Paulo, foi multado em R$ 40 mil após falas homofóbicas para pais de alunos em uma reunião. O caso ocorreu em novembro de 2021, na Liceu Jardim, mas o acordo foi selado no Tribunal de Justiça de São Paulo nesta semana.
De acordo com o processo, Daniel Belluci Contro deverá pagar o valor em duas parcelas, sendo a primeira até o dia 19 de maio e a segunda até o dia 19 de junho. A quantia será paga a duas entidades atuantes no apoio à causa LGBTQIAP+, que serão indicadas pelo vereador de Santo André Ricardo Alvarez (PSOL), que foi quem levou o caso ao Ministério Público.
Conforme a reportagem de Ana Paula Bimbati, do UOL, o diretor chamou pais para uma reunião em 3 de novembro de 2021. Ao longo do encontro, ele falou de forma homofóbica, dizendo que na escola “há conjuntos de valores dos quais não abriremos mão. Isso não será admitido como normal".
Ainda durante a reunião, o diretor argumentou que pais haviam dito que sua equipe era de "quadrados, homofóbicos, preconceituosos" por não aderir ao banheiro neutro. "Exceto por força de lei, não vai ter", complementou.
“Não existe homossexualismo [termo é considerado pejorativo] no Oriente. Putin [presidente da Rússia] e o discurso nacional dele se posicionando contra a ideologia de gênero. China não permite a existência dos homossexuais. Oriente Médio, islã não tolera. O Ocidente entrou nessa, que é o projeto da escola de Frankfurt, destruir os valores ocidentais. Enfraquecendo e destruindo a família ficaria tudo mais fácil para fazer a revolução. A família transmite os valores, a propriedade”, afirmou.
Ainda segundo a reportagem, ele se retratou e esclareceu que o discurso foi feito devido a questionamentos levantados por alunas, “em decorrência da utilização de banheiros femininos por estudantes transgêneros, além de conteúdos de internet que estavam circulando no colégio".
O diretor também afirmou que se arrepende profundamente. Além do pagamento, ele deverá fazer uma retratação pública das declarações. O Terra pediu um posicionamento do Liceu Jardim, mas, até a última atualização, não teve retorno. A reportagem também tentou localizar o diretor, mas não o encontrou. O espaço permanece aberto para manifestações.