"Existe vida após a moda", diz top pós-graduada
Brasileira investiu em faculdade, pós-graduação e cursos técnicos para conquistar posição em Hollywood
Os olhos verdes, o corpo esguio e os traços delicados credenciaram a brasileira Marília Moreno, nascida em São Bernardo do Campo, São Paulo, para uma carreira de sucesso na moda.
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Começou tardiamente, em comparação com a idade em que as meninas passam a buscar um lugar no disputado mundo fashion. Aos 19 anos, depois de muita insistência de uma amiga que já trabalhava na área, resolveu conhecer uma agência. E por lá ficou.
Com os pés fincados no chão e base familiar sólida, em nenhum momento cogitou parar os estudos. “Existe vida após a moda”, disse, em entrevista via Skype para o Terra, direto de Los Angeles. Lá, ela apresenta há quatro anos o programa Sonywood, da Sony, exibido em 24 países.
Marília conta que, antes de trabalhar como modelo, teve diversos outros empregos, como em uma empresa de tecnologia e em várias lojas de roupas.
Ao terminar o ensino médio, optou pelo curso de publicidade e propaganda na faculdade Belas Artes, em São Paulo. “Usava a carreira de modelo mais para ganhar dinheiro”, lembra, acrescentando que nunca teve a ambição de trabalhar apenas com isso.
A paixão pelo mundo da moda acabou acontecendo e abrindo espaço para um novo objetivo profissional: trabalhar na televisão. “Quando comecei a fazer publicidade eu descobri como a TV e como os meios de comunicação conseguem afetar as pessoas. Vi que podia trabalhar com uma coisa e com a outra. Entendi que gostava de TV, de falar para as pessoas.”
Pós-graduação e ralação nos EUA
Para conseguir um “link” entre a carreira de modelo e apresentadora, Marília decidiu fazer uma pós-graduação em jornalismo cultural, na PUC-SP, além de um curso de apresentadora e radialista no Senac.
Conciliando estudos e trabalho, teve que abrir mão de algumas propostas. “Nestes primeiros anos não viajei, não saí do País. Foquei mais nessa parte, e conseguia fazer dinheiro no Brasil.”
Segundo Marília, é preciso saber ponderar as prioridades para garantir uma carreira profissional mais sólida. “Mesmo hoje em dia, às vezes tenho um trabalho incrível no Brasil como modelo, mas tenho que recusar em nome do meu trabalho como jornalista, que é algo que eu sei que vai continuar crescendo, enquanto que o trabalho como modelo vai cair.”
O primeiro trabalho como apresentadora no Brasil foi pelo canal pago Fox. Marília ficou à frente do programa Ser Mulher por três anos, onde conquistou certa bagagem diante das câmeras.
Nessa época, já estava de olho no mercado internacional. Então passou uma temporada entre nos Estados Unidos, investindo em cursos. “Tinha em mente que queria vir para Los Angeles porque sei que é o centro de tudo na TV”, diz.
Por lá, apostou em cursos ligados à área. “Foram fundamentais para eu me sentir segura, aprender o linguajar e as palavras relacionadas à televisão.”
Na cara e na coragem
Diferente do que se possa imaginar, Marília não foi para os Estados Unidos com contatos garantidos. “Vim na cara e na coragem”, lembra.
Chegando lá, fez contato com uma agência de modelos, que tinha um departamento só para comerciais de TV e apresentadora. Foi quando seu rosto começou a aparecer nas emissoras locais, e, ao mesmo tempo, quando se ampliou sua rede de contatos.
Até que conheceu uma produtora brasileira, que a avisou sobre uma audição para um programa de TV e ela topou, sem nem mesmo saber do que se tratava. Pouco tempo depois, estava fazendo os famosos "red carpets" de eventos recheados de celebridades.
O começo não foi fácil: apesar de fluente em inglês, ainda confundia certas palavras, ou o nervosismo dificultava a formulação de algumas frases. “Foi um aprendizado, uma loucura, uma vergonha”, conta, rindo.
Com a oportunidade de também gravar chamadas para países latino-americanos, também passou a estudar o espanhol. Hoje, acumula no currículo entrevistas com nomes de peso como Tim Burton, Johnny Depp, Scarlett Johansson, Morgan Freeman, Samuel L. Jackson, Colin Farrell, Cate Blanchett, entre outros.
Apesar de reconhecer que o trabalho de modelo traz um bom retorno financeiro, Marília enfatiza a importância que os estudos tiveram na sua vida. “Você pode ter muita sorte de ser uma Kate Moss da vida e continuar trabalhando, mas olha só quantas meninas tentaram e quantas estão aí? Hoje vejo como as meninas da minha idade começam a ficar perdidas, porque começaram tão cedo. Tem gente que nem acabou o ensino básico. Vejo acontecer demais com um monte de amigas minhas. Graças a Deus eu tenho essa base.”