É hora de encarar: não é que a gente não consiga mais prestar atenção às coisas — é que, na verdade, não queremos
179 estudos de 32 países distintos ao longo de 31 anos atestam: nossa atenção vem melhorando há anos
"Não consigo fazer nada por mais de quinze minutos sem olhar para o celular". Soa familiar? Já há algum tempo se discute a possibilidade de que o excesso de aparelhos eletrônicos e de estímulos esteja causando uma diminuição generalizada da nossa capacidade de atenção. Mas será que isso é verdade?
A pergunta não é absurda. Principalmente porque o debate não é tanto sobre se a memória (a atenção ou outras capacidades cognitivas) muda com o uso dos dispositivos móveis. É claro que muda. Muda funcionalmente e também em nível estrutural. Manuel Sebastián, pesquisador da Unidade de Cartografia Cerebral da Universidade Complutense, explica que "sabemos que o texto que inclui links tende a ser lembrado de modo pior em geral, o que é totalmente lógico, pois eles funcionam como distrações, e o papel da atenção é fundamental para a memória".
No entanto, como Sebastián também lembra, "o fato de que a informação seja processada de forma diferente não é necessariamente algo ruim". A questão é saber se essas mudanças são para pior e se estão nos tornando mais vulneráveis a certos fenômenos do mundo.
O que está acontecendo com nossa atenção?
Há alguns meses, uma equipe da Faculdade de Psicologia da Universidade de Viena, resolveu fazer essa pergunta, mas a resposta não foi simples. Afinal, para respondê-la, precisamos ir além das sensações pessoais e encontrar medições da atenção em diversos contextos, épocas e faixas etárias. Além disso, essas medições não poderiam ser apenas teóricas,...
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