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Educador: desafio da tecnologia é ver o que compete ao homem

3 abr 2014 - 08h06
(atualizado às 13h33)
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Tom Healy, representante do programa Fulbright, durante palestra no Rio de Janeiro
Tom Healy, representante do programa Fulbright, durante palestra no Rio de Janeiro
Foto: Consulado dos Estados Unidos / RJ / Divulgação

A inserção da tecnologia nas ferramentas e nos métodos de educação e comunicação é uma das principais características do desenvolvimento no século XXI. Mas, mais que isso, ela representa o desafio de descobrir e diferenciar o que pode ser feito pelas máquinas e o que requer nossa parte humana.

Essa é a visão de Tom Healy, representante do programa Fulbright, braço do governo dos Estados Unidos para fomentar parcerias em pesquisas acadêmicas e científicas com 160 países de todo o mundo. Healy, que é também escritor e professor na Universidade de Nova York, está nessa semana no Brasil, onde participa do lançamento de uma nova etapa do programa Nexus, que estuda mudanças climáticas no hemisfério ocidental.

Leia abaixo a entrevista do educador ao Terra, onde ele fala sobre os projetos da Fulbright, as parcerias entre Brasil e EUA e suas percepções sobre os da educação.

Terra – Fale-nos um pouco sobre o programa Fulbright.

Tom Healy - O programa Fulbright começou em 1946, depois do fim da segunda guerra mundial, com a ideia de fomentar o entendimento mútuo entre os Estados Unidos e países ao redor do mundo. Desde o início, o Brasil foi um desses países e é um dos parceiros mais fortes do programa. O programa engloba 160 países e há cerca de 8 mil participantes por ano. No Brasil, temos cerca de 200 por ano, seja de brasileiros que vão para os Estados Unidos ou de americanos que vêm para o Brasil. O programa sempre envolve alunos do ensino superior, sejam eles pesquisadores ou líderes em instituições de pesquisa, em todas as áreas, desde ciências, artes e campos de atuação profissional.

Terra – Você pode dar alguns exemplos de bolsistas atuais do programa?

Tom - Almocei hoje com dois bolsistas da Fulbright. Um deles é um dos principais cientistas do mundo ligado à pesquisa de enxaqueca; ele ganhou uma bolsa para atuar em Harvard como pesquisador médico e investiga as causas da enxaqueca. O outro bolsista faz pesquisas em métodos de conservação de energia e em como o Brasil lidará com seus recursos energéticos nos próximos 30 anos. Havia também um pesquisador americano envolvido com a questão de segurança alimentar.

Terra – Você está aqui no Brasil por causa do Nexus. Como é o programa?

Tom - Ele está estudando as mudanças de clima na região e como pesquisadores e agentes públicos podem trabalhar conjuntamente para propor objetivos que podem ser alcançados pelas comunidades em resposta a essas mudanças. Estamos bastante animados, pois o Brasil assumiu a liderança do financiamento.

Terra – Qual é sua impressão sobre os desafios da educação no Brasil?

Tom - Eu passei a maior parte do meu tempo com estudantes. Na UFRJ, encontrei-me com um grupo de 50 estudantes e profissionais de comunicação, entre os quais escritores, produtores, diretores e artistas dos mais diferentes tipos. Falamos sobre as mudanças na tecnologia e no jornalismo, e o que eu vi foi um talento extraordinário, um grande futuro para nós. Eu penso que a educação e o engajamento dos cidadãos e das universidades têm um papel poderoso em estabelecer conexões entre as pessoas. Essa força entre brasileiros e americanos sempre foi muito forte, e nós temos que mostrar a nossos governos que eles podem ser tão bons quanto seus povos.

Terra – Qual o papel da tecnologia na educação nos dias de hoje?

Tom - É extraordinário o modo como tudo está mudando. Para mim, a pergunta que todos nós estaremos encarando é: qual é o balanço entre aquilo que pode ser feito com tecnologia e o que precisa ser feito cara a cara. Isso é, de certa maneira, o desafio de todas as coisas que irão acontecer nas interações do século XXI: o que as máquinas podem fazer, e o que nós precisamos fazer. Isso é uma questão urgente na educação: o quanto pode ser feito online, qual custo pode ser reduzido. Por exemplo, nós temos um grande grupo de professores de inglês no Fulbright. Agora, há 120 jovens professores, e também usamos a tecnologia para lhes fornecer ferramentas de ensino para que se tornem melhores professores e compartilhem experiências. Esses e outros casos estão se tornando cada vez mais comuns e acho que haverá muitas maneiras para experimentarmos (essas novas possibilidades).

Terra – Já há novos projetos no horizonte?

Tom - Começamos um programa nos Estados Unidos com a revista National Geographic. Nesse programa, você seguirá uma história, digamos, sobre tráfico humano. Você especificará três países onde gostaria de perseguir essa história. E a National Geographic trabalhará com você para lhe fornecer o treinamento para contar essa história (fotografia, filmagem, escrita) e ao longo do tempo da bolsa você publicará esta história, terá aprendido as habilidades necessárias e viajado por três países. Por enquanto, esse programa envolve só bolsistas americanos, mas depois vamos ampliá-lo para o Brasil e outros países. Nós também temos um projeto de pesquisa no Ártico, similar ao projeto Nexus.

Fonte: Terra
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