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Empresário dá US$ 1 milhão a 'melhor professor do mundo'

Fundador do projeto diz ficar irritado com o fato de celebridades ganharem mais espaço do que os professores na mídia

12 mai 2015 - 05h11
(atualizado às 13h59)
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(Sam d'Agostino)
(Sam d'Agostino)
Foto: BBC Mundo / Copyright

O Global Teacher Prize (Prêmio Professor Global, em tradução livre) oferece US$ 1 milhão (cerca de R$ 3 milhões) a um professor que se destaque em sua disciplina. Neste ano, a vencedora foi a americana Nancie Atwell que anunciou que iria doar o dinheiro para sua escola, no Estado americano do Maine.

Entre os que participaram da premiação, estavam o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e o bilionário Bill Gates, que parabenizou Atwell por videoconferência. O fundador e financiador do projeto é o indiano Sunny Varkey, que diz querer recuperar o status e o reconhecimento que a docência um dia já teve, além de dar à profissão um pouco de brilho e glamour.

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No entanto, Varkey lembra que antes de lançar a iniciativa quase todos lhe disseram que sua ideia era terrível.

O empresário ouviu de muitas pessoas que dar um prêmio em dinheiro a um professor seria tratá-lo como uma estrela de cinema ou um banqueiro e, portanto, contra o espírito da educação.Mas, ele ignorou as críticas e seguiu seu instinto.

'A profissão mais importante'

"A docência é a profissão mais importante do mundo e deve ser respeitada como tal", defende Varkey. Ele diz ficar irritado ao ver como as celebridades dos reality shows têm mais espaço nos meios de comunicação que as pessoas que realmente influenciam vidas, como professores.

Segundo Varkey, seguir seus instintos, apesar das críticas que recebeu, era agir como um verdadeiro empreendedor. "Tem sido a história da minha vida", diz ele.

O multimilionário de origem indiana, que vive em Dubai, é um dos empresários mais bem sucedidos do mundo na área da educação. O grupo comandado por Varkey administra escolas públicas e privadas em 14 países, a maioria delas no Golfo Pérsico, embora seu "império" se estenda também por Oriente Médio, Ásia, África, Europa e Estados Unidos.

Agora ele planeja expandir suas operações para mercados como o Extremo Oriente, América Latina e África.

Foto: BBC Mundo / Copyright

História

Pais de Varke eram professores cristãos que emigraram para Dubai em 1959 da região de Kerala, no sul da Índia. Varkey leva a educação em seu sangue.

Seus pais eram professores cristãos que emigraram para Dubai em 1959 da região de Kerala, no sul da Índia. "Chegando aonde chegamos foi uma tarefa hercúlea", lembra ele.

A família viajou de barco para o Golfo e ali lançou um negócio de aulas particulares, abrindo, logo depois, uma escola para a comunidade local de indianos. Sendo o mais jovem, Varkey ajudava a dirigir o ônibus escolar.

"Eu me lembro do respeito com que eles (alunos) tratavam meus pais. Na Índia, os professores também são muito respeitados". No entanto, ele diz estar "chocado" com a perda de status da docência ultimamente.

"Por trás de primeiros-ministros, presidentes e cientistas, há professores que não são percebidos por ninguém", adverte ele.

Quando em uma ocasião pôde participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, afirma ter notado o mesmo desdém da elite política. "Ninguém falou sobre professores e educação".

Varkey criou o prêmio em Dubai, uma cidade que fala vários idiomas e não deixa nada passar em branco. A primeira cerimônia de premiação atraiu líderes mundiais, e alguns dos finalistas chegaram a se encontrar com o papa Francisco, no Vaticano.

Para Varkey, a mensagem é que o ensino não deve ser sempre um "desconhecido".

Falta de professores

A falta de professores é problema em países em desenvolvimento. No entanto, em grande parte do mundo em desenvolvimento, um dos grandes problemas das escolas é a falta de professores.

A ONU advertiu que, nos próximos 15 anos, serão necessários mais de 4 milhões de professores de níveis primário e secundário somente na África subsaariana.

Varkey, que é embaixador da boa vontade da Unesco, o braço das Nações Unidas para educação, financiou o treinamento de 12 mil professores em Uganda por meio de sua fundação e planeja expandir esse número para 250 mil.

A meta é ousada: para cada estudante privado a quem é dada instrução, o objetivo do empresário é educar outros 100 alunos de escolas públicas.

Seu grupo também tem uma unidade de inovações, na qual testa o uso de novas tecnologias na sala de aula para melhorar o processo de ensino ou ajudar os professores a chegar a mais alunos. "A tecnologia tem feito muito para as outras indústrias e eu acho que a educação será adicionada à lista; é só uma questão de tempo", conclui.

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