Enem terá 15 mil candidatos com 60 anos ou mais em 2014
Não são apenas os jovens que estão buscando aprimorar a educação no Brasil. Os idosos, que comemoram nesta quarta-feira o seu dia, estão procurando, cada vez mais, o ensino básico e até o superior. Neste ano, por exemplo, 15,5 mil pessoas da terceira idade fizeram a inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O número de inscritos com 60 anos ou mais tem crescido anualmente. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no ano passado, eles somaram 10,9 mil e, em 2009, foram 4,7 mil.
O Enem é a porta de entrada para instituições de ensino superior e técnico, além do financiamento estudantil e intercâmbio acadêmico. Neste ano, as provas serão aplicadas nos dias 8 e 9 de novembro. No total, foram 8,7 milhões de inscritos.
“O aumento de idosos está sendo identificado em várias instituições de ensino superior. São pessoas aposentadas, que por vezes já têm diploma de ensino superior e buscam outros cursos, que procuram uma mudança de carreira ou ainda a realização de um sonho”, diz o superintendente-geral de Educação a Distância do Centro Universitário Iesb, em Brasília, Francisco Botelho.
Ele lembra também que é alto o número de estudantes que procuram cursos à distância pela comodidade. O engenheiro agrônomo aposentado Tarcisio Siqueira é um deles. Ele tem 75 anos, 41 dedicados à agronomia. Depois de aposentado, para “exercitar o cérebro”, decidiu estudar engenharia civil à distância.
“O nível de entendimento daquilo que é repassado, de compreensão e assimilação, é diferente”, compara a segunda com a primeira graduação, concluída quando tinha pouco menos de 30 anos. “Tenho assimilado com mais facilidade por causa da experiência que acumulei. Tenho também mais tranquilidade com o conteúdo que é colocado”, diz.
Luiz Pereira de Souza, 84 anos, sapateiro aposentado, realiza o sonho de aprender a ler. E garante: “Estou me dando muito bem”. Luiz entrou neste ano em um grupo de alfabetização de adultos no Centro de Cultura e Desenvolvimento do Paranoá (Cedep), no Distrito Federal. Quando as aulas começaram, já sabia ler “alguma coisa e escrevia o nome”. Agora, ele, que é evangélico, consegue ler a Bíblia.
“Estudar é muito bom, a gente aprende muita coisa, a ler, escrever, contar. A professora é gentil, tem muita paciência comigo”, diz.
“Na minha opinião, esses alunos procuram outro modo de vida, outro conjunto de pessoas, uma vida em que tenham representatividade. Quando chegam, necessitam de carinho, atenção. Não é mais para entrar no mercado de trabalho, mas para se comunicar. É um sonho de aprender”, explica a coordenadora de curso do Programa DF Alfabetizado, Eva Lopes. “A alfabetização muda a vida. Tive uma aluna que aprendeu a ler comigo, com mais de 80 anos. Ela me disse que começou a se deslocar mais quando aprendeu a ler a palavra Paranoá e sabia que ônibus devia pegar”, completa.
Os idosos são hoje no país 26,3 milhões, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 13% da população. A expectativa é que esse percentual aumente e que em 2060 chegue a 34%.
O Dia do Idoso foi instituído pela Organização das Nações Unidas e, posteriormente, escolhido para a criação do Estatuto do Idoso, que comemora 11 anos.
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