Acento é 'enfeite'? Ex-corretor de redação do Enem aponta principais erros dos candidatos
Chandy Pereira dá dicas para estudantes nas redes sociais e busca democratizar o conhecimento
O dia da redação do Enem 2024 está cada vez mais próximo e, com isso, os candidatos se preparam para o exame, que é porta de entrada para o ensino superior em universidades públicas e privadas. Motivo especial de preocupação para alguns, a redação do Enem exige uma preparação maior envolvendo as regras gramaticais e habilidade de dissertação e argumentação.
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O professor Chandy Pereira, ex-corretor de redação do Enem e há cinco anos dando aulas de redação voltada para o exame, destaca que os erros mais frequentes nas redações vão desde problemas ortográficos até desvios gramaticais mais complexos. Segundo ele, os erros mais comuns giram em torno do uso da vírgula, crase e concordância.
Esses problemas estão relacionados, principalmente, às lacunas de base gramatical que muitos alunos ainda apresentam.
"O aluno ainda tem uma questão cultural de acreditar que a vírgula vai representar uma pausa dentro de um texto. Toda vez que ele vai pausar para respirar, ele deve colocar a vírgula", diz ele, sobre o que acaba gerando o uso incorreto desse sinal de pontuação.
Entre os erros que ele considera mais curiosos, o professor destaca a ausência de acentuação, algo que atribui ao uso frequente de celulares e corretores automáticos de texto.
"Devido ao boom tecnológico e a grande influência das tecnologias, os alunos não têm o costume de escrever, têm o costume de digitar", diz.
Chandy observa que, ao transferir essa prática para a escrita manual, muitos alunos deixam de lado acentos essenciais pelo que entende ser uma "questão de costume". O professor ainda observa que os candidatos tratam os acentos como "um enfeite do texto".
Chandy também menciona o desvio de translineação, que é a quebra incorreta de palavras entre as linhas, mostrando a falta de prática dos alunos com a escrita tradicional.
Dicas para a redação do Enem
Para lidar com o desenvolvimento de argumentos e a organização do repertório na redação do Enem, Chandy sugere que os alunos façam uma seleção prévia dos temas com os quais têm mais afinidade ou que consideram versáteis.
Ele explica que argumentos como "desigualdade social", "desinformação" e "negligência governamental" são amplamente aplicáveis e úteis em diferentes contextos de redação. E todos eles requerem conectivos específicos, os quais já devem ser dominados pelos candidatos.
"Que o aluno já tenha os seus conectivos de estimação e comece a organizar e anotar os seus conectivos", destaca, lembrando que essa organização mental ajudará a estruturar e dar coesão ao texto na hora da prova.
Chandy reforça que os alunos devem não apenas decorar, mas entender a aplicação dos conceitos gramaticais e sintáticos, o que contribuirá para uma melhor avaliação no Enem, maior coesão e melhor estruturação de ideias no texto.