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Enem digital: MEC decide acabar com a prova online; entenda por quê

Novo comando do Inep diz que não há planos para retomar este formato do exame, maior vestibular para universidades públicas do Brasil

8 mar 2023 - 05h11
(atualizado às 07h46)
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Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
Foto: Estadão / Estadão

O Ministério da Educação (MEC) decidiu acabar com o formato digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), criado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) em 2020. Já este ano a prova será feita apenas presencialmente. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), órgão do MEC, poucos estudantes optaram nos últimos anos pela avaliação feita pelo computador, que tem alto custo.

"Resolvemos cancelar a edição digital e não há planos para que volte a ocorrer", disse ao Estadão o presidente do Inep, Manuel Palácios. Em 2022, foram oferecidas 100 mil vagas para o Enem digital, 66 mil candidatos se inscreveram e só menos da metade, cerca de 30 mil, apareceram para fazer a prova desta forma.

Manuel Palácios, presidente do Inep, diz que alto custo da versão digital não compensa
Manuel Palácios, presidente do Inep, diz que alto custo da versão digital não compensa
Foto: Stefânia Sangi/UFJF/Divulgação / Estadão

O custo do Enem digital em 2022 foi de R$ 25,3 milhões. O valor por estudante, portanto, foi de cerca de R$ 860, enquanto na prova impressa ficou em cerca de R$ 160. A aplicação do Enem impresso custou R$ 324 milhões no ano passado e foi realizado por mais de 2 milhões de estudantes. Segundo Palácios, o alto custo também impede o Inep de expandir em escala a prova digital para que todos pudessem fazê-la neste formato.

O exame pelo computador foi realizado em 672 locais de prova pelo País em 2022, em computadores com equipamentos de segurança oferecidos pelo Inep. Não era possível, por exemplo, fazê-lo na residência do candidato.

Quando foi anunciado, em 2019, pelo então ministro da Educação Abraham Weintraub, os planos eram de que houvesse um aumento gradual no número de estudantes e que em 2026 o Enem fosse feito somente digitalmente. Mas nem a quantidade de vagas oferecidas pelo Inep nem a de inscritos cresceu desde então.

Foram registrados ainda problemas em locais de prova ao longo dos anos: muitas vezes os computadores não funcionaram corretamente e estudantes tiveram de terminar o exame no formato impresso.

Pesquisas sobre avaliações feitas pelo computador mostram que há vantagens nesse formato quando é possível incluir componentes digitais, como vídeos e áudios, por exemplo. Nas versões digitais também é possível personalizar o exame de cada candidato de acordo com suas respostas; por exemplo, se ele acerta determinadas questões, ele progride ou não para outras consideradas mais difíceis. Mas nada disso ocorreu no Enem digital.

"O exame era exatamente o mesmo, não havia nenhuma vantagem para o estudante e cada vez menos gente se interessava por ele", completa Palácios. Exames como o Pisa, realizado no mundo todo com estudantes de 15 anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e o SAT, que seleciona para universidades americanas, têm suas versões online. O SAT oferece a opção para candidatos que estão fora dos Estados Unidos.

Experiência do piloto pode ajudar em outros exames

Palácios afirma que pretende justamente usar a experiência adquirida com o Enem digital para avaliações feitas fora do Brasil pelo Inep, como o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), que certifica a proficiência em português como língua estrangeira.

O Enem deste ano vai custar R$ 329 milhões e será realizado pelo Cebraspe, que venceu o pregão realizado no início do ano. O resultado foi divulgado nesta semana. Para o Enem 2024, Palácios afirma que o Inep está no processo de reunir especialistas para elaborar a matriz da prova, que deve se adaptar à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e ao novo ensino médio.

Estadão
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