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Fui mal no Enem, e agora? Lidar com frustração é essencial para sucesso em provas futuras

Especialistas ouvidos pelo Terra dão dicas a estudantes que não conseguiram o resultado esperado no exame deste ano

20 nov 2024 - 11h58
(atualizado às 12h07)
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Com resultado negativo do Enem, é hora de se preparar para o próximo ano
Com resultado negativo do Enem, é hora de se preparar para o próximo ano
Foto: Getty Images

Com a divulgação do gabarito do Enem, estudantes têm de lidar com a alegria ou com a frustração. Resultados inesperados, que os impedirão de conquistar a vaga almejada, podem gerar angústia e tensão sobre as provas futuras.

Por isso, o Terra ouviu três especialistas – uma professora mestre em Linguagem e Ensino e dois psicólogos – para dar dicas sobre como lidar com esse momento.

Lidando com expectativas

Psicólogo do Hospital Infantil Menino Jesus, Vinicius Barbati explica que não criar expectativas é impossível, mas administrá-las pode ser mais viável. “É muito difícil realizar um processo seletivo sem ter expectativas, e o Enem pode ser vivido no imaginário do estudante como uma porta de entrada para um futuro desejado. Não há mal nisso, desejar algo nos movimenta a vida”, afirma.

“No entanto, é preciso ter consciência de que o vestibular é um processo competitivo, que exige uma carga de conhecimento vasto, exigindo um planejamento prévio extenso de estudos”, diz o especialista.

Ainda assim, no momento em que o resultado negativo vem à tona, é importante lidar com os sentimentos que aparecem. “É legítimo viver o que está sentindo e, caso esteja sofrendo, converse com esse estado, o viva como um luto desse futuro que imaginou. Pior do ficar mal, é suprimir o que sente, buscando o que hoje chamam de positividade tóxica. Vale acolher o que sente e isso não é sinônimo de resignação”, afirma.

“É bem provável que nesse fluxo, com o tempo, que podem ser dias ou até meses, esse mal-estar dilua e você consiga ressignificar o que está sentindo, para que a partir daí, planeje seu futuro e quem sabe, tente novamente”, conta Barbati.

Pais e responsáveis são cruciais no processo

Nessa fase da vida, os pais ainda são as principais referências desses jovens. Portanto, explica Barbati, a reação deles pode amenizar a frustração ou agravá-la ainda mais. Muitos pais, detalha o psicólogo, utilizando argumentos sobre competitividade no mercado de trabalho ou trazendo as dificuldades que passaram na vida, podem agravar quadros de ansiedade e sofrimento para os filhos. Mesmo sem perceber. 

Psicóloga colaboradora do Ambulim, Instituto de Psiquiatria da USP, Elenice Moraes sugere que a família traga o jovem para a realidade. “Quando o candidato receber a negativa da prova, não será a hora de apontar suas falhas, criticar ou julgar. Num primeiro momento, é importante que esse jovem seja acolhido e, posteriormente, de forma respeitosa, valorizar o que a família observou de positivo e aquilo que precisa ser mudado no processo”, afirma.

Oportunidades desiguais 

Barbati faz o adendo, ainda, de que é preciso pontuar que nem todos estão em pé de igualdade nesse processo seletivo. As desigualdades sociais e, consequentemente, de vida escolar, colocam estudantes em condições distintas nessa competição. 

“O ingresso em uma universidade pública exige uma carga maior de estudo e tempo, portanto, vale refletir se o seu planejamento foi condizente com o que almejou. Também é importante observar se, ao se questionar, não entra em um estado mental autodestrutivo.”

Elenice pontua que é importante se acolher, mas também analisar o que poderia ter feito para ter outro resultado. A ideia dessa autoanálise são as provas futuras, para não repetir o que prejudicou. “Entender como fazer diferente pode gerar resultados diferentes”, afirma. 

Como se preparar para os próximos

Professora da Universidade Cruzeiro do Sul e mestre em Linguagem e Ensino, Aline Barbosa analisa o que pode ser feito, em termos acadêmicos, para se preparar para os próximos vestibulares que vierem.

“Uma boa maneira de se preparar para uma próxima experiência é realizar um levantamento das disciplinas em que o desempenho foi baixo e traçar um plano de estudo que contemple os aspectos a melhorar”, diz.

“É importante escrever resumos e esquemas de estudo, principalmente à mão, visto que esse processo facilita a memorização, a concentração e o raciocínio. Por vivermos em uma era digital, às vezes, não valorizamos o poder da escrita à mão, a qual é fundamental para o desenvolvimento humano e a organização das nossas ideias. Atrelar essa vivência de escrita a um momento criativo, como por exemplo, personalizando as letras com as técnicas de lettering, favorece a percepção de prazer e de dinamismo neste exercício.” - Aline Barbosa, professora da Universidade Cruzeiro do Sul e mestre em Linguagem e Ensino.

Ainda segundo Aline, a companheira da escrita é a leitura. “Trata-se de uma vivência clichê e que todos estão cansados de ouvir. Entretanto, ela precede toda experiência exitosa. É primordial que candidatos construam uma visão interdisciplinar de como o conhecimento se efetiva, uma vez que essa prática alimenta o repertório sociocultural do ser humano, favorecendo a argumentação da redação, bem como a interpretação das questões”, ela explica. 

“Para despertar o gosto pela leitura, é singular que o estudante comece lendo pequenos artigos de temas do seu interesse e, aos poucos, amplie para livros, os quais podem ser literários ou não”, diz. 

A professora diz, também, que o descanso é elemento primordial que entra na soma do bom desempenho, pois só aprendemos quando descansamos e cuidamos do nosso corpo mediante a realização de atividades físicas e uma alimentação saudável. 

“Não há mistério na construção de uma boa nota no Enem. Espera-se, nesse processo, que ocorra uma constância na rotina de estudo e que as pessoas envolvidas estejam conscientes de que construir conhecimento requer tempo, dedicação e, sobretudo, reflexão do que está sendo aprendido.” - Aline Barbosa. 

Uso de IA cresce entre universitários

Uma pesquisa da rede de estudos Passei Direto, obtida com exclusividade pelo Terra, mostra que houve aumento significativo no uso de ferramentas de inteligência artificial (IA) por estudantes universitários brasileiros. 

O estudo, conduzido entre julho e outubro de 2024, aponta que a proporção de estudantes que utilizam IA para fins acadêmicos cresceu de 30% para 35,3% em apenas quatro meses. Essa crescente adoção de ferramentas digitais como aliada nos estudos está relacionada à maior acessibilidade a elas, bem como à sua popularização no dia a dia acadêmico.

A pesquisa também destacou as funções mais valorizadas pelos estudantes: elaboração de resumos de conteúdos complexos (com aumento de 27% para 31% entre julho e setembro), correção ortográfica e gramatical (com média de 19% durante o período da pesquisa) e criação de exercícios e simulados (com média de 14%).

Apesar de a ferramenta poder ajudar nos estudos, não deve substituir métodos tradicionais. Isso porque, na hora de desenvolver uma redação, é importante que a mente esteja em dia com os temas abordados. 

Fonte: Terra Content Solutions
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