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Quando o Enem muda e como ficam os alunos do novo ensino médio?

Exame seguirá, por hora, no formato que é apresentado desde 2009; mas maioria dos colégios se adaptou há 2 anos a novo modelo

11 set 2023 - 20h10
(atualizado às 21h04)
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A prova do Enem deste ano será aplicada em 5 e 12 de novembro
A prova do Enem deste ano será aplicada em 5 e 12 de novembro
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Com a implementação do novo ensino médio, em 2022, o Ministério da Educação anunciou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sofreria alterações em 2024. A proposta era adequar o exame ao formato de Itinerários Informativos. O primeiro dia seria de questões objetivas de múltipla escolha - com ênfase em português e matemática - e redação. Já o segundo dia seria dividido em questões objetivas e questões discursivas de acordo com os conhecimentos específicos escolhidos pelo candidato.

A mudança, contudo, foi suspensa em abril deste ano, após anúncio de uma nova reformulação do ensino médio. Isso significa que o Enem seguirá, por hora, no mesmo formato que é apresentado desde 2009, com redação e questões de Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática.

Em meio a essas reformulações e anúncios, estão estudantes que seguem um currículo dentro de sala mas precisam se preparar para uma prova que cobra os conteúdos de forma diferente."Isso causa uma preocupação. Como é que esse Enem virá? Eles [o MEC] estão considerando o que as escolas já implantaram no novo ensino médio entre 2022 e 2023?", pontua Talita Marcília, coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Humboldt.

Adequação do currículo escolar

Ainda sem nenhuma luz sobre o futuro do Enem, o Colégio Humboldt optou por preservar o horário regular de aula para o currículo do Novo Ensino Médio - com formação geral básica e itinerários formativos que os alunos escolhem de acordo com seus projetos de vida.

Todavia, para não deixar o estudante desamparado quanto ao Enem, o colégio oferece aulas extras voltadas especificamente para conteúdos abordados na prova e em outros vestibulares mais procurados pelos alunos. Porém, essas aulas são eletivas, e não são todos os alunos que optam por fazê-las.

"A expectativa do colégio para quando o Enem ficar mais alinhado com a proposta de ensino médio é de que teremos diretrizes melhores sobre o ensino. Talvez a matriz de competência do Enem dê maior clareza sobre o que é a formação geral básica, o que é itinerário formativo e o que se espera desses alunos", comenta a coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Humboldt.

Na Escola Vereda, por exemplo, por ser uma instituição de período integral, a adequação foi mais simples em termos de carga horária. "Basicamente, o que se faz lá fora [no exterior] é um movimento que se tem buscado com o Novo Ensino Médio, ou seja, você diminuir o número de matérias, aumentar o tempo de estudo dos estudantes e dar áreas de aprofundamentos para esses estudantes", explica Arthur Buzzato, diretor da instituição.

A escola estimula os alunos a fazerem redações frequentemente desde o ensino fundamental, fomentando o desenvolvimento da linguagem, do raciocínio e do encadeamento de ideias. Isso irá preparar esses estudantes para os novos formatos de vestibular que estão surgindo - inclusive o Enem. Afinal, se o novo exame seguir parte das mudanças que estavam previstas anteriormente, a tendência é que os alunos enfrentem cada vez mais questões discursivas.

Já no Colégio Pentágono, os alunos recebem acompanhamento desde o primeiro ano do ensino médio para conseguirem se preparar para o Enem e outros vestibulares. "Tenho mapeado todos os alunos da terceira série e a relação de curso e faculdade que eles querem fazer. Eles foram divididos em seis grupos, considerando justamente as carreiras que eles escolheram. Esses grupos recebem uma mentoria semanal e orientação de estudos de acordo com os cursos escolhidos", conta Diego Silva, Coordenador do Ensino Médio da Unidade Alphaville do Colégio Pentágono.

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Limbo educacional

Para o diretor pedagógico do Colégio Fibonacci, o problema da reformulação não está necessariamente na grade curricular, mas sim na falta de tempo hábil para as escolas se adequarem às mudanças. "Tanto a mudança do novo ensino médio quanto o novo formato do Enem precisam ser discutidos com mais tempo, e com um período de implantação maior. Essa mudança de direção ao longo do curso é muito prejudicial, e praticamente inviabiliza o bom trabalho", avalia André Ricardo de Castro, diretor pedagógico do Colégio Fibonacci.

André ainda chama atenção para essa nova revisão do ensino médio. Na visão do diretor, o governo caminha numa direção de voltar a um modelo parecido com o antigo ensino médio, deixando os estudantes que já estão cursando a nova modalidade em um "limbo" educacional.

"Nós teremos um grupo de alunos que cursou três anos em um modelo de currículo que não existia no passado e não vai existir no futuro. É o preço que a sociedade está pagando por essas mudanças de rota ao longo do trajeto".

Como se preparar para o desconhecido?

Algo comum entre os alunos que estão se preparando para o Enem é fazer as provas anteriores. Essa foi, inclusive, uma das técnicas que ajudaram o Herbert Dias de Souza, ex-aluno do Colégio Fibonacci, a passar em medicina na Universidade São Paulo (USP) através do Enem-USP. "Tive acesso aos materiais do colégio, procurei provas antigas, busquei diferentes métodos para estudar e, o principal de todos, equilibrei estudo e vida social".

Mas como se preparar para uma prova que nunca aconteceu? Essa é a principal preocupação dos estudantes que ainda estão no começo ou no meio do ensino médio e não sabem o que vai acontecer com o Enem nos próximos anos. Como é o caso da Catherine Zumas Quintiliano dos Santos, aluna do segundo ano do ensino médio da Escola Vereda.

"Ninguém tem essa prova para treinar, não dá para saber se o conteúdo será mais complexo ou não. Isso tem causado muito medo e ansiedade". Catherine acredita que, por causa dessas incertezas, quando o novo Enem de fato for implementado vai levar a melhor quem tiver menos ansioso. "Quem conseguir lidar emocionalmente com essa prova vai se dar muito bem, principalmente nesses primeiros anos".

Estadão
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