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Entenda como Beyoncé se tornou símbolo do movimento de pedidos de demissão

Na canção Break My Soul, Beyonce aborda questões como o bournout. No Brasil, o movimento de demissões é impulsionado também por questões de mercado

19 ago 2022 - 10h48
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Este texto foi originalmente publicado no portal Na Prática, da Fundação Estudar, parceira do GUIA DO ESTUDANTE

Foto: Divulgação/Reprodução / Guia do Estudante

Se você olhou os portais de notícias nos últimos tempos, pode ter notado um movimento um pouco inusitado sobre o mercado de trabalho brasileiro. Isso porque, mesmo com as taxas de desemprego lá em cima (12%), os pedidos de demissão começaram a bater recordes no Brasil mês após mês.

Segundo dados do CAGED divulgados com base em junho, 6,1 milhões de pessoas pediram demissão nos últimos meses no Brasil - o maior número da história do levantamento. 

No resto do mundo, não é diferente. Há um movimento global de pedidos de demissão que toma as empresas e que tem ganhado representantes até na cultura pop. Em junho, por exemplo, a cantora americana Beyoncé lançou um  single  que dialoga frontalmente com a tendência chamada  The Great Resignation .

Em  Break My Soul , a artista cita pontos chaves que embasam os argumentos de uma boa parte das pessoas que voluntariamente deixam seus empregos. Questões como o burnout estão no centro da canção. "Eles fazem eu me esforçar tanto, das nove da manhã até depois das cinco da tarde, forçando meus nervos, e é por isso que eu não consigo dormir à noite", diz a letra.

A canção de Beyoncé tem sido agora apontada como hino do movimento de demissões. No refrão, a cantora incentiva as pessoas a seguirem os seus corações e largarem seus empregos.

Motivações

Embora a saúde mental seja o mote da Grande Debandada ao redor do mundo, outras motivações ajudam a explicar o fenômeno - principalmente em se tratando de Brasil.

Um dos motivos, segundo o economista Bruno Imaizumi, é a retomada do mercado de trabalho. Se por um lado ainda há grande desemprego, por outro as empresas estão começando a contratar pessoas para posições que deixaram de existir durante a pandemia. De modo geral, analisa o especialista, as pessoas têm se sentido mais seguras para pedir demissão de empregos que não as pagam como deveriam ou não as reconhecem como deveriam.

"O segundo motivo é a volta por parte de muitas empresas do trabalho presencial, que fez com que muitos trabalhadores repensassem sobre as relações de trabalho com a possibilidade do home office", explica Bruno. "Sendo assim, as pessoas com um maior grau de instrução são as que estão se demitindo proporcionalmente mais."

Os dados do CAGED mostram que a grande maioria das demissões acontece em cargos onde existe a possibilidade de se trabalhar remotamente. As saídas voluntárias foram mais comuns nos setores de:

  • Atividades Administrativas e serviços complementares;
  • Informação e comunicação;
  • Atividades profissionais, científicas e técnicas.

Recentemente, aliás, funcionários da Apple enviaram uma carta aos executivos da companhia em que se posicionam contrários à "imposição do escritório" e ao "micro-gerenciamento".   Para esses profissionais, vale mais a pena perder salário em um emprego remoto  do que gastar tempo e dinheiro no transporte para estar nas empresas.

Guia do Estudante
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