Policiais na porta da sala de aula, portões trancados e muros altos. Esse é cenário das aulas de português do professor Alan Araújo da Silva aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa na Unidade de Internação de Planaltina. O professor Alan é um dos 5.036 educadores que dão aulas a pessoas privadas de liberdade em todo o País, conforme determinação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
O professor Alan se interessou pelo trabalho com adolescentes em situação de risco ao lecionar em escolas da periferia. Em 2009, recebeu o convite para ensinar português na unidade de internação. As diferenças foram logo sentidas e o professor percebeu que teria que fazer adaptações pedagógicas para adequar os conteúdos à realidade dos internos.
"Lá fora você está preocupado em formar o cidadão para o mercado de trabalho, para ele ingressar na universidade. Aqui isso vai ser a longo prazo, a curto e médio prazo você está preparando esse cidadão para ele se reinserir na sociedade, não reincidir em ato infracional", conta.
Com muitos alunos com histórico de abandono escolar, o professor busca alternativas para despertar o interesse dos jovens. Usa, por exemplo, letras de funk e clipes para analisar o português. "A posição de professor dentro da sala de aula aqui é diferente de lá porque os assuntos, a metodologia têm que estar adequados à realidade daqueles alunos, à linguagem deles", disse. Os temas sociais são frequentes. "Na sala de aula é preciso desconstruir a intolerância, trabalhamos questões como a homofobia, a violência contra a mulher, doenças sexualmente transmissíveis", explica.
O envolvimento com os dramas e questionamentos dos alunos é inevitável, segundo ele. E não é raro encontrar na unidade de internação alunos para quem o professor deu aula em escolas regulares.
Na unidade de internação, a atenção à segurança é maior e é preciso estar preparado para eventualidades, conta o professor. Segundo ele, nas escolas regulares é menos frequente a evolução de pequenos conflitos para atos de violência. "Aqui há meninos com problemas de relacionamentos, conflitos uns com os outros. A segurança faz essa triagem antes de distribuí-los na sala de aula", explica. "Aqui todo dia é algo novo, você não sabe o que está acontecendo dentro do módulo onde eles vivem, os conflitos que são gerados lá", acrescenta.
À medida que aumenta a escolaridade dos alunos, cresce neles também o interesse pelo estudo o que, segundo o professor, indica a importância do ensino para os jovens que cumprem medidas socioeducativas. A rotatividade dos estudantes que saem ao terminar de cumprir a medida socioeducativa, ou por problemas na unidade, no entanto, é um ponto que causa frustração.
"Você está fazendo um trabalho e vê que vai colher frutos e muitas vezes ele [o adolescente] é transferido, aí desconstrói todo o trabalho feito. Às vezes se está no meio do processo e ele consegue liberação e vai para rua e, lá fora, sem o acompanhamento correto, deixa a escola de novo. Você nunca pode fazer planos a longo prazo", relata.
Segundo o educador, uma das dificuldades no trabalho é que ações simples de serem postas em prática em outras escolas demoram a fazer parte da realidade das unidades de internação devido à burocracia, que é maior. Outro ponto é a dificuldade de acesso aos pais dos internos.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), referentes a 2012, há 5.036 professores que atuam em prisões e unidades de internação nas redes municipal, estadual e privadas de todo o País. No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado, 75% das pessoas privadas de liberdade se inscreveram para obter a certificação do ensino médio.
Dia do Professor: mestres relatam como é educar para a diversidade
No quadro-negro da sala de aula da professora Elieth Portilho estão fotos de pássaros e frutas do Cerrado
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
As cartilhas falam de temas rurais e práticas do campo e foram elaboradas pela professora e os alunos. É com esse material que ela alfabetiza as crianças no Centro de Ensino Fundamental Pipiripau 2, localizada em um núcleo rural em Brasília
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
Em mais de 20 anos de magistério, a professora chegou a atuar em escola da área urbana, mas percebeu que seu caminho estava mesmo no campo. As pessoas têm um preconceito: você vai fazer mestrado para continuar em uma escolinha do campo?, perguntam Aí é que temos que estudar para recuperar essa perda histórica de exclusão da escola do campo, que sempre foi relegada, defende.
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
As dificuldades que enfrentou na escola por ser surda despertaram o interesse de Adriana Gomes Batista em seguir o magistério para tornar mais fácil o aprendizado de crianças na mesma condição
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Atualmente, ela é professora da rede pública de ensino do Distrito Federal e dá aulas na Escola Bilíngue Libras e Português Escrito
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Policiais na porta da sala de aula, portões trancados e muros altos. Esse é cenário das aulas de português do professor Alan Araújo da Silva aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa na Unidade de Internação de Planaltina
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
O professor Alan é um dos 5.036 educadores que dão aulas a pessoas privadas de liberdade em todo o país, conforme determinação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Foto: Agência Brasil
Com muitos alunos com histórico de abandono escolar, o professor busca alternativas para despertar o interesse dos jovens
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
Na unidade de internação a atenção à segurança é maior e é preciso estar preparado para eventualidades
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
O professor Solon da Nóbrega não nasceu em uma comunidade quilombola, mas desde 1997 se dedica a esse trabalho. Ele é responsável pela formação técnica no Centro de Alternância Ana Moreira. Este ano, desenvolveu o projeto Coisa de Preto, levando a dança, a religiosidade e a cultura afrodescendente para a sala de aula
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil
O projeto será permanente e o objetivo é aumentar a autoestima dos alunos e resgatar a cultura que está se perdendo
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil
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