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Escolas particulares criticam Covas por volta às aulas em SP

Para entidade, liberação só do ensino médio vai quebrar colégios de educação infantil e desencorajar pais

22 out 2020 - 16h12
(atualizado às 16h26)
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O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado (Sieeesp) criticou nesta quinta-feira, 22, a decisão do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), de só liberar aulas curriculares presenciais para alunos do ensino médio a partir de 3 de novembro. Nas demais etapas, serão permitidas apenas atividades extracurriculares, como de acolhimento ou idiomas. A entidade teme que um adiamento das atividades regulares nas escolas de educação infantil (creche e pré-escola) leve a um cancelamento ainda maior de matrículas.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes
Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP / Estadão Conteúdo

No ensino infantil e fundamental, serão permitidos, no máximo, 20% dos alunos por dia. Já no ensino médio, não haverá limite de porcentagem de alunos para volta às aulas. "O critério será o distanciamento de 1,5 metro em sala de aula, então será necessário dividir turmas", disse ao Estadão o secretário municipal de Educação, Bruno Caetano. Mesmo nas escolas com ensino médio que retornarem, a volta dos alunos não será obrigatória - dependerá da adesão dos pais.

Para Benjamin Ribeiro, presidente do Sieeesp, a volta dos alunos do ensino médio é a menos necessária. "Os maiores, a partir de 8 anos, interagem muito bem com a aula online", diz. "Isso (o adiamento do retorno na educação infantil) vai acabar de quebrar as escolas." O Sieeesp calcula que 30% dos colégios de educação infantil já fecharam por causa da pandemia.

Havia uma expectativa, por parte das escolas particulares, de que o prefeito autorizasse o retorno de mais etapas do ensino e um porcentual maior dos estudantes. Para Ribeiro, a decisão de só liberar o ensino médio também pode acabar desencorajando os pais dos estudantes a mandar os filhos de volta à escola. "O pai pensa que, se está proibindo, é porque realmente não pode voltar. Nenhum país do mundo fez isso."

A Prefeitura justificou a decisão de retorno apenas para o ensino médio com o argumento de que os jovens dessa etapa já estão em circulação pela cidade e, portanto, a volta teria menos impacto na transmissão do coronavírus na cidade. A gestão municipal apresentou, ainda, dados de abertura na Europa que demonstram aumento de casos.

Oito em cada dez paulistanos são contrários ao retorno das aulas presenciais ainda em 2020, segundo revelou uma pesquisa Ibope/TV Globo/Estadão divulgada na semana passada. Educadores avaliam que o longo período de colégios fechados pode aumentar os déficits de aprendizagem e as taxas de evasão escolar, sobretudo entre os alunos mais vulneráveis.

Sob a perspectiva da saúde, porém, cientistas e médicos ainda não têm clareza sobre o papel de crianças e adolescentes na transmissão do vírus e no avanço da pandemia - há uma preocupação com o elevado índice de infecções assintomáticas nesta faixa etária.

Levantamento da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar) indicou na última sexta-feira que todas as escolas do grupo de instituições particulares de elite - como os Colégios Bandeirantes, Dante Alighieri e Porto Seguro - pretendiam voltar com as aulas curriculares presenciais no dia 3. Por outro lado, como o Estadão mostrou, parte dos colégios particulares da capital ainda não reabriu para atividades extracurriculares porque avaliou que não havia demanda dos pais e os custos de operacionalizar o retorno agora não compensariam em relação ao baixo número de interessados.

Estadão
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