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Estudo: estímulos elétricos no cérebro ajudam alunos a fazer cálculos

Pesquisadores acreditam que a aplicação de estímulos elétricos no cérebro por meio de eletrodos pode melhorar o desempenho escolar

17 mai 2013 - 08h07
(atualizado às 08h58)
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Estima-se que de 5% a 7% da população sofra de um distúrbio de aprendizagem conhecido como discalculia
Estima-se que de 5% a 7% da população sofra de um distúrbio de aprendizagem conhecido como discalculia
Foto: Getty Images

A aplicação de estímulos elétricos de alta frequência no cérebro poderia aumentar as habilidades matemáticas de uma pessoa por até seis meses, segundo pesquisadores da Universidade de Oxford.

Essas foram as conclusões de um estudo publicado na revista Current Biology que defende que tal efeito é conseguido por meio de uma técnica conhecida em inglês como "transcranial random noise stimulation", ou TRNS (algo como "estimulação transcraniana por ruído difuso").

Segundo seus coordenadores, tal técnica poderia ajudar quem sofre de doenças neurodegenerativas, teve um acidente vascular cerebral ou tem dificuldade de aprendizagem.

Estima-se que de 5% a 7% da população sofra de um distúrbio de aprendizagem conhecido como discalculia, que dificulta a realização de cálculos aritméticos. De acordo com os pesquisadores de Oxford, os portadores de tal distúrbio estão entre os que poderiam se beneficiar dessa nova técnica de estimulação cerebral.

A TRNS consiste na aplicação de estímulos elétricos em áreas específicas do cérebro por meio de eletrodos colocados sobre o couro cabeludo. De acordo com os coordenadores do estudo, trata-se de um método relativamente novo, indolor e não invasivo.

Testes

Para testar os efeitos da técnica, 51 estudantes da Universidade de Oxford foram divididos em dois grupos e, por cinco dias, submetidos a exames de aritmética que testaram sua habilidade de fazer cálculos e memorizar números. Um dos grupos recebeu estimulação por TRNS e o outro não.

Não houve diferenças significativa no desempenho dos dois grupos logo no início do estudo, mas com a TRNS, o primeiro grupo acabou melhorando sistematicamente sua performance ao longo dos cinco dias.

Além disso, seis meses mais tarde, quando os participantes do estudo foram avaliados novamente, o grupo que havia sido submetido ao tratamento de TRNS continuou a ter "um desempenho superior".

"(Nos indivíduos que receberam o estímulo), o desempenho em ambas as tarefas de cálculo e de memorização melhorou ao longo desses cinco dias - e as melhorias foram mantidas por até seis meses após o experimento", disse Roi Cohen Kadosh, coordenador do estudo e pesquisador do departamento de psicologia experimental da Universidade de Oxford.

"Também fizemos imagens dos cérebros (dos participantes do estudo) que sugerem que a TRNS aumenta a eficiência com a qual algumas áreas cerebrais usam seus suprimentos de oxigênio e nutrientes."

Em um estudo anterior, Kadosh e seus colegas haviam mostrado que um outro tipo de estimulação cerebral poderia melhorar a capacidade das pessoas memorizarem novos números.

Segundo o pesquisador, a diferença é que a TRNS também melhora a capacidade dos que recebem o estímulo para somar, subtrair ou multiplicar uma sequência de números.

Ressalva

Kadosh diz que é importante identificar eventuais desvantagens desta e de outras formas de estimulação elétrica transcraniana, garantindo, por exemplo, que estimular uma capacidade cognitiva não cause danos em outras.

Para Michael Proulx, professor de psicologia na Universidade de Bath, os resultados do estudo são de grande importância e podem ter um impacto prático significativo.

"(Tal estudo) reforça a ideia de que a estimulação do cérebro pode contribuir para o treinamento cognitivo. (A TRNS) não se trata de uma panaceia que faz o cérebro funcionar melhor de maneira geral, mas sim de uma técnica que ajuda a reforçar os esforços de aprendizagem", diz Proulx.

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