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Ex-aluno de escola pública com bolsa em Harvard cria projeto contra violência nas escolas

Eduardo Vasconcelos, de 20 anos, dá detalhes de sua aprovação em uma universidade estrangeira e de como funciona o projeto inovador

6 ago 2023 - 05h00
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Eduardo foi aprovado em dezembro de 2020 em Harvard
Eduardo foi aprovado em dezembro de 2020 em Harvard
Foto: Reprodução/Instagram

Aos 20 anos de idade, Eduardo Vasconcelos tem um currículo recheado. Há mais de dois anos estuda nos Estados Unidos com uma bolsa integral de estudos em uma das universidades mais conceituadas do País, Harvard. Já na graduação, voltou seus olhos para o Brasil e, junto com duas amigas, criou o projeto Jovens Líderes pela Paz, que busca combater a violência no ambiente escolar.

Em entrevista ao Terra, Eduardo detalhou os passos de sua trajetória para uma universidade estrangeira, seus projetos atuais e sonhos para o futuro.

Ingresso em Harvard

A noite da aprovação, em dezembro de 2020, em Harvard, ficará marcada para sempre na memória de Eduardo. Ele lembra de ter chorado muito com a notícia de que havia sido selecionado com uma bolsa integral, que cobria custos até com passagem aérea e hospedagem para estudar na universidade. Para conseguir tal proeza, foram anos de preparação - que começou antes mesmo dele saber que existia a possibilidade de ingressar em Harvard. 

Isso porque, como Eduardo explica, as universidades americanas analisam o currículo escolar do aluno desde o último ano do Ensino Fundamental até a conclusão do Ensino Médio. Além disso, é preciso fazer duas provas: o SAT, equivalente ao que o Enem é no Brasil, e outra de proficiência em inglês para alunos estrangeiros. E tem mais, Eduardo conta que precisou escrever várias redações em inglês, além de enviar cartas de recomendações de diretores das escolas onde estudou.

“Eu fui bolsista de duas organizações filantrópicas no Brasil que selecionam e preparam jovens gratuitamente. Que é tanto a BRASA como a Fundação Estudar. E eu fiz parte dessas turmas de bolsistas deles, mas eu nunca imaginei que isso ia resultar de fato numa aprovação assim”, conta Eduardo, que é egresso de escola pública.

Hoje ele cursa Gestão Pública e Economia na universidade norte-americana.

Projeto Líderes pela Paz

Assim como na noite de sua aprovação, Eduardo também se lembra bem do momento em que percebeu que precisava fazer algo pela situação das escolas públicas brasileiras. Foi enquanto assistia a uma matéria do Fantástico, da TV Globo, em março de 2022. Era uma reportagem sobre a violência nas escolas depois da volta das aulas presenciais pós pandemia de covid-19. 

O Distrito Federal, terra natal de Eduardo, serviu como pano de fundo para grande parte da reportagem que trouxe ainda um dado alarmante: em apenas 43 dias daquele ano letivo, foram registradas 121 ocorrências em escolas. 

“Isso são os casos registrados. Ou seja, é um caso sério que ficou levado à polícia, porque a gente está falando de uma escola”, reflete Eduardo. O susto se transformou num ímpeto por promover alguma mudança. 

Pensado por Eduardo junto com as irmãs gêmeas Isabela e Eduarda Rodrigues, também ex-alunas da rede pública, nasceu o Projeto Líderes pela Paz em maio do ano passado. O projeto é realizado em parceria com a Secretaria de Educação do Distrito Federal, que já estava voltada a adotar o chamado “Plano de Urgência pela Paz nas Escolas Públicas do DF”, tendo em vista a situação alarmante de violência.

Eduardo detalhou como funciona o projeto. Primeiro, nas escolas interessadas, eles fazem reuniões com os professores e a gestão da unidade. A intenção é entender quais são os problemas envolvidos naquela escola e quantos líderes pela paz serão necessários para atuar. 

“Apesar de ser um projeto que trabalha o protagonismo, a liderança juvenil, os professores são um elo fundamental. Depois disso, a gente faz uma eleição dentro da sala de aula em que os alunos escolhem quais dos seus colegas vão ser os representantes da escola no projeto, que serão os jovens líderes pela paz”, explica.

Depois de escolhidos, os embaixadores do projeto passam por uma oficina de formação, que é conduzida por ex-alunos de escola pública e educadores da Secretaria de Educação, além de profissionais da escola.

Eduardo e as gêmeas Isabella e Eduarda nos bastidores do Prêmio LED
Eduardo e as gêmeas Isabella e Eduarda nos bastidores do Prêmio LED
Foto: Arquivo Pessoal

A recomendação é que os líderes desempenhem cinco atividades na escola, conforme explica Eduardo. Elas vão desde a chamada "semana da saúde mental", voltada para levar psicólogos ao ambiente escolar e inserir o assunto nas escolas, até os chamados "clubes de interesse", em que os jovens líderes podem propor atividades que queiram fazer na escola, como "clube de TikTok, de Hip Hop, robótica..."

Hoje, com pouco mais de um ano de existência, o Projeto Líderes pela Paz tem 50 voluntários ativos. Em abril, foi vencedor do Prêmio Luz na Educação, realizado pela Globo. O projeto foi agraciado com o aporte de R$ 200 mil, que já está sendo usado para ampliar a atuação dos jovens líderes.

O número de voluntários, por exemplo, deve aumentar em breve. Eduardo conta que eles realizaram, no final da última semana, a Conferência Nacional pela Paz, evento em que conseguiram reunir, de forma online, 184 pessoas - entre pais, educadores e estudantes - de 14 regiões do País. "Agora tem cerca de 90 pessoas querendo ser voluntárias e que participaram dessa semana", comemora Eduardo.

Outros projetos

Com o projeto em andamento a todo vapor, Eduardo se divide entre outras realizações pessoais. Ele é um dos jovens presidindo a Conferência Brasileira em Harvard e MIT, além de estar entre as lideranças que fazem parte da Associação de Harvard para Cultivar a Democracia Interamericana (HACIA).

Com tanta coisa acontecendo, Eduardo confessa que ainda não tem muito definido o que quer fazer no futuro. Não tem muita noção do mercado profissional, mas o que tem o movido até agora são as políticas públicas.

"Como é que a gente pensa, por exemplo, uma política para diminuir a quantidade de alunos com depressão, principalmente em escolas públicas? Cara, eu sou encantado por isso", afirma.

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Fonte: Redação Terra
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