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EAD  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

'Excelência': cursos de graduação EaD rompem pré-conceitos e alcançam conceito máximo do MEC

Na edição mais recente do Enade, de 2022, 63 cursos de graduação a distância tiveram conceito 5, nível considerado de excelência

Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil
  • Fabiana Maranhão Fabiana Maranhão
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27 jun 2024 - 05h00
(atualizado às 15h52)

Pércio Rodrigues de Assis, de 53 anos, trabalha como coordenador de contrato em uma empresa de prestação de serviços em São Paulo. Mas, conversando com ele, poderíamos dizer que, acima disso, ele é um "estudante profissional". "Eu gosto de estudar", confirma. 

Pércio Rodrigues de Assis, de 53 anos, é aluno da graduação EaD em Gestão Empresarial na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec).
Pércio Rodrigues de Assis, de 53 anos, é aluno da graduação EaD em Gestão Empresarial na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec).
Foto: Arquivo pessoal

Assis é técnico em Eletrônica. Também fez duas graduações: bacharelado em Engenharia Elétrica, na modalidade EaD, e licenciatura em Matemática. Ele cursou ainda uma pós-graduação do tipo MBA em Gestão de Facilities. Além disso, tem no currículo pelo menos 39 cursos de curta duração, "dos que me lembro". "Fora o curso de inglês e os que estão em andamento", brinca. 

Atualmente, ele está no último semestre da graduação a distância (EaD) em Gestão Empresarial na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec). Assis fala que resolveu fazer mais esse curso superior para conseguir subir novos degraus em sua carreira. 

"[Quero ser] um profissional melhor, mais completo, para poder atender a uma demanda específica do mercado. Às vezes, no mercado, você tem ótimos gestores, ótimos engenheiros, mas você não tem um profissional com essas duas competências", conta.

E Assis vai além: sonha em, um dia, ser diretor de uma grande empresa. "Quero viajar para fora do País. Eu sei que a minha meia horinha de inglês e meia hora de alemão, estudado todo dia, é pouco ainda, mas, somando a minha formação que eu tenho da Engenharia, Técnica em Eletrônica, docência em Matemática, MBA na USP, agora com curso de Gestão Empresarial na Fatech [...] não é possível que o mercado não vá sorrir para mim, eu estou fazendo a minha parte", se diverte.

Curso EaD da Fatec é considerado de excelência 

O curso de Gestão Empresarial da Fatec é gratuito, existe há 14 anos no formato EaD e tem duração de três anos. Grande parte das atividades são online, exceto as avaliações, que são presenciais. Cada turma tem no máximo 40 alunos, que entram por meio de um vestibular que ocorre a cada semestre. 

A graduação teve conceito 5, considerado um nível de excelência, na edição mais recente do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Essa prova feita no fim do curso avalia o quanto o aluno aprendeu do que foi ensinado ao longo da faculdade. 

Foto: Projeto Terra

A Fatec é uma faculdade pública estadual. Além desse curso, só mais um no formato a distância, em instituição pública, alcançou o conceito máximo: a graduação em Administração Pública, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

No Enade 2022, 63 cursos de graduação EaD tiveram conceito 5. Quase todos eles são em entidades privadas, com ou sem fins lucrativos. Esse número corresponde a 3% do total de cursos EaD que foram avaliados no último Enade. A maioria das graduações EaD, 42%, recebeu conceito 3, nota considerada satisfatória e que indica que o curso atende aos requisitos mínimos de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC).  

Para Cathia Lima Petroni, coordenadora da graduação, alcançar o conceito 5 no Enade 2022 foi "um trabalho em conjunto, que demandou pelo menos uns cinco ou seis anos". Na opinião dela, o diferencial do curso está em "trazer o aluno para perto da gente".   

A professora cita que todo o trabalho desenvolvido por ela e sua equipe é baseado no "tripé" humanização, inclusão do aluno e do professor e trabalho colaborativo. "A nossa decisão foi trazer o aluno juntamente com o docente, através de várias e várias capacitações, através de várias e várias ações, para que ele entendesse o que é estudar dentro da modalidade a distância. Então, ele não se sente sozinho", explica.

O que dizem alunos e ex-alunos da Fatec

A analista Mônica Chambo Yamachita, de 40 anos, terminou o curso no fim de 2023. Foi a primeira graduação que ela conseguiu concluir, já que precisou "trancar" a primeira, em Marketing, quando seus filhos ainda eram pequenos. 

Ela conta que decidiu fazer a faculdade de olho em futuras oportunidades na empresa onde trabalha. "Eu sabia que a maioria dos processos internos pediam ensino superior". Mônica começou a cursar a graduação e acabou conseguindo a sonhada promoção. 

Fui promovida ainda antes de concluir o curso --Mônica Chambo Yamachita

Mônica Chambo Yamachita, de 40 anos, é ex-aluna da graduação a distância em Gestão Empresarial na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec).
Mônica Chambo Yamachita, de 40 anos, é ex-aluna da graduação a distância em Gestão Empresarial na Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec).
Foto: Arquivo pessoal

Mônica elogia a estrutura de suporte ao aluno. "A Fatec tem uma estrutura de suporte muito boa. Como eu sou muito curiosa, eu mexia em tudo. Eu falava com gestora do curso, falava com coordenadora, falava com os professores que ficam lá disponíveis, que são os orientadores. Você pode falar por e-mail, por dentro da plataforma", detalha. 

A analista também comenta sobre a grade curricular da faculdade, que, segundo ela, é atualizada e está de acordo com as práticas de mercado. "A grade [curricular] do curso é espetacular. Eu via muita coisa que era do meu dia a dia aqui no trabalho. É muito bacana. A realidade do que eu faço no dia a dia com o teórico do curso, bate muito", acrescenta.

Por outro lado, Mônica diz que o curso poderia ter mais aulas online ao vivo. "Ter um professor ali e falar assim: 'Olha, tal dia, tal hora, a gente vai ter uma aula ali de duas horas. Entra lá e participa, tira dúvida'. Isso, eu acho que faltou", critica. 

"A gente chama [procura] muito os orientadores [tutores] de curso. 'Olha, estou com dúvida nesse material aqui, nessa questão'. Até eles responderem, até vir, a gente, às vezes, perde esse 'timing'. Então, de repente, ter uma aula, duas por semana, em algum horário diferente, deixar a aula gravada", sugere Mônica. 

Pércio Rodrigues diz que gostaria que o curso tivesse um ano a mais. "Porque existem algumas matérias que demandam muitíssimo mais tempo que outras. Se o curso se estendesse em, pelo menos mais seis meses, por conta de algumas matérias, principalmente as de humanas, que requerem muita leitura, acho que ajudaria bastante", pontua.

Graduação EaD da FGV com conceito 5

A graduação online em Processos Gerenciais do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico da Fundação Getúlio Vargas (FGV) também teve conceito 5 no último Enade. O curso tem duração de dois anos. As aulas são gravadas, são oferecidos materiais didáticos e, uma vez por semana, há um encontro online ao vivo com tutores para tirar dúvidas.  

Para entrar no curso, o estudante pode usar a nota do Enem, fazer o vestibular da FGV ou escolher a opção 'portador de diploma', no caso de quem já concluiu outra graduação. Como a instituição é privada, ela cobra mensalidade. Novas turmas abrem a cada três meses, com, no máximo, 50 alunos, cada uma. 

Bernardo Fajardo, coordenador da graduação, diz que o curso existe desde 2008, mas passou por uma reformulação em 2020, o que, na opinião dele, teve como resultado o conceito máximo no Enade. 

"Em termos de currículo, digamos que o curso até que nem mudou tanto. Também mudou, também foi atualizado. Mas, na minha perspectiva, é muito mais a maneira como a gente entrega essa matriz curricular para o aluno, desenvolve essas competências junto ao aluno dentro das disciplinas", avalia.

O professor aponta como um dos diferenciais do curso o ensino mais "prático e aplicado". "A cada módulo de conteúdo, a gente desenvolve teoricamente, e o aluno pega o conteúdo e aplica de forma prática no que vê no dia a dia no mercado de trabalho. Por que que eu vejo isso como grande diferencial? Porque o conhecimento se torna mais significativo. Ele vê mais sentido naquilo que está aprendendo. As dúvidas se tornam mais específicas", argumenta. 

Fajardo menciona ainda o material didático, que é desenvolvido por professores da própria FGV. "Existe uma prática, que talvez não seja muito positiva, que é comprar material disponível no mercado. A gente não faz isso; a gente desenvolve o nosso próprio material, nossas apostilas, vídeos. E todos os professores que desenvolvem esses materiais têm qualificação, são doutores na área, com uma experiência de mercado de trabalho", comenta. 

O que dizem alunos e ex-alunos da FGV

Ivone Embrizi Watzel, de 56 anos, está no último trimestre do curso. Ela trabalha como especialista de negócios master em uma empresa de software de gestão. E também é artesã. Ela conta que escolheu fazer essa, que é a sua terceira graduação, pensando em dar novos passos, dentro e fora da empresa. 

"É um curso que eu posso utilizar os recursos, não especificamente pra área em que eu atuo hoje, mas pensando em progredir dentro da empresa. Fora o meu trabalho na empresa, eu também sou artesã. E eu vi que eu poderia utilizar esse conhecimento também pra colocar esse meu negócio pra girar", revela. 

Ivone Embrizi Watzel, de 56 anos, é aluna da graduação online em Processos Gerenciais do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ivone Embrizi Watzel, de 56 anos, é aluna da graduação online em Processos Gerenciais do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Foto: Arquivo pessoal

Ivone conta que o que mais gostou do curso até agora é a "utilidade" do que tem aprendido. "Eu fiz matérias que eu consigo visualizar que eu vou aplicar diretamente no meu negócio. Tem um senso de utilidade, que vai ser útil mesmo."

Em contrapartida, a estudante comenta que a comunicação com a coordenação do curso é algo que precisaria melhorar. "Você precisa de alguma informação, quando você precisa solicitar alguma coisa ou retorno de alguma coisa, essa comunicação é muito difícil. Eu acho que a comunicação deveria ser mais ágil", sugere.

A auxiliar administrativa Márcia Regina da Silva, de 45 anos, estava desempregada quando conseguiu uma bolsa para estudar no curso da FGV, durante a pandemia. Durante a graduação, ela conseguiu um estágio em uma empresa operadora de saúde e depois foi efetivada. 

Para a ex-aluna, que se vê como tímida e introspectiva, os workshops interdisciplinares, atividades extras que ela teve ao longo do curso, foram a melhor parte da graduação. “Foi a experiência melhor pra mim porque ali a gente era meio que 'obrigado' a falar com outros colegas, a dizer o que a gente pensa, a colocar pra fora aquilo que a gente está pensando, aquilo que a gente aprendeu. Pra mim, isso foi a melhor parte, pra meu desenvolvimento, principalmente pessoal", lembra com carinho. 

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Fonte: Redação Terra
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