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FGV, Insper, Faap e ESPM planejam vestibular online mesmo depois da pandemia

Fundação Getúlio Vargas vai continuar com todo o processo seletivo virtual, diz pró-reitor; as outras três faculdades pretendem deixar pelo menos uma parte no modelo remoto

6 mai 2021 - 18h06
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Faculdades particulares de ponta preveem manter o vestibular online mesmo quando a pandemia acabar. A avaliação é de que o modelo ajuda a atrair alunos de outros Estados, que não fariam o processo seletivo presencial, e em alguns casos até favorece uma avaliação personalizada dos estudantes. Na Fundação Getúlio Vargas (FGV), todo o processo seletivo continuará virtual. Outras escolas como o Insper e a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) devem manter ao menos parte do vestibular remoto após a pandemia. A Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) avalia oferecer as modalidades presencial e remota nos próximos anos.

O modelo virtual facilitou o ingresso de mais alunos fora do eixo Rio, São Paulo e Brasília na FGV. Jovens do Norte e do Nordeste hoje estudam na fundação, mas teriam dificuldades em fazer viagens para o vestibular. "Esse formato deve ser mantido para dar chance a pessoas do Brasil todo", diz Antônio Freitas, pró-reitor da FGV. Segundo ele, a extinção da prova impressa está em análise, para preservar isonomia entre os candidatos. O modelo online não é barato e antes da pandemia havia pouca tradição no País com provas virtuais.

Para fazer um vestibular a distância, é preciso investimento em tecnologia e pessoal. No caso da FGV, um software com inteligência artificial identifica até se o aluno muda a forma como digita, olha para outro lado ou se alguém entra no cômodo onde está fazendo a prova. Cerca de 400 tutores trabalham nos testes para vigiar os candidatos por meio de câmeras. "Os resultados foram muito semelhantes aos problemas que existiam no presencial", diz Freitas. Com a diferença de que hoje há mais alunos como Alice de Aguilar, de 16 anos, matriculados.

Na FGV, fiscais monitoram candidatos pela tela do computador
Na FGV, fiscais monitoram candidatos pela tela do computador
Foto: Divulgação/FGV / Estadão

De Itaúna (MG), Alice já tinha a garantia de bolsa de estudos, mas conta que teria dificuldades de viajar ao Rio para fazer o vestibular no fim do ano passado. No modelo online, teve de arrumar câmera e microfone, além de avisar os pais para não entrar no quarto durante a prova. Na turma do curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial na FGV do Rio, há alunos do Sul, de Minas, do interior do Rio. "De um monte de lugar. Tem até um colega com fuso uma hora mais cedo."

O Insper também notou aumento de inscritos de fora de São Paulo no processo seletivo remoto. Para o próximo vestibular, em junho, o ritmo de inscrições de candidatos que não são da capital paulista é maior do que a velocidade de inscritos paulistanos - algo que o Insper vê como vantagem. "O aluno do Nordeste conhece os problemas do Nordeste. Vai se formar aqui e fazer diferença no Estado dele", diz Tadeu da Ponte, coordenador de processos seletivos do Insper.

Segundo Ponte, a 2ª fase do Insper, com entrevistas e dinâmicas de grupo, deve ser mantida no modelo virtual mesmo após o fim da pandemia. A 1ª etapa do vestibular remoto é uma prova pelo computador, em plataformas que dificultam a cola. Um algoritmo controla quais itens surgem nos testes de cada aluno. "Questões que apareceram para uns não aparecem para os outros." Após a prova, os candidatos também passam por arguição oral, em que explicam as decisões tomadas na prova.

O modelo virtual do vestibular, criado por causa da pandemia, acabou acelerando uma mudança que a ESPM já queria fazer: entrevistas com todos os candidatos. "Não conseguíamos imaginar uma logística para isso", diz Alexandre Gracioso, vice-presidente Acadêmico da ESPM. No vestibular online, foi possível organizar conversas com os candidatos, por videochamadas. Cerca de 200 profissionais foram treinados para fazer as entrevistas, que seguem roteiro padronizado.

O formato, que começou em 2020, continua no vestibular do meio do ano e deve ser mantido no pós-pandemia. Segundo Gracioso, a entrevista ajuda a selecionar alunos afinados com a proposta acadêmica da escola. Embora avisados sobre o tema e até sobre referências para a conversa, parte dos alunos chega na entrevista sem ter se preparado - e perde pontos.

Para a seleção de inverno, as entrevistas devem ser feitas ao longo de dois meses. O resultado do teste oral corresponde a metade da nota do candidato - a outra parte vem de uma redação. Ainda não há decisão sobre a continuidade da prova escrita no modelo remoto, mas Gracioso vê uma tendência de que as soluções acabem se tornando híbridas: presencial ou online, de acordo com a disponibilidade do aluno.

Na Faap, que teve até candidato do exterior no vestibular online do ano passado, o formato remoto será mantido no pós-pandemia junto com outras possibilidades de ingresso. "O processo presencial nunca vai deixar de existir", diz Rogério Massaro, assessor de Assuntos Acadêmicos da Faap. "Devemos manter o máximo de opções possíveis para o ingresso, da forma como o candidato preferir."

Fernando Augusto de Oliveira Tasso, de 18 anos, fez seu primeiro vestibular online no fim de 2020 e aprovou. "Gostei da prova online porque prefiro digitar do que escrever à mão. O vestibular é um momento em que você está tenso, nervoso, e às vezes fica feia a grafia", diz o jovem, aprovado para Direito na FGV do Rio.

Neste ano, a fundação obteve as três primeiras posições do Índice Geral de Cursos (IGC), avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação que mediu a qualidade do ensino superior em 2019. Para Freitas, não há perda de qualidade com o vestibular remoto, e cursos de graduação e pós durante a crise sanitária se adaptaram rapidamente às aulas online.

Do interior de São Paulo, Tasso já está estudando na FGV do Rio, mas ainda não se mudou para a capital fluminense. Ele aguarda o retorno das aulas presenciais, que deve ocorrer na FGV com avanço maior da vacinação no Brasil, segundo Freitas. Na sala de aula, o jovem tem colegas de Uberaba (MG), e São Luís. "Isso incentiva a diversidade."

A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) vai usar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na seleção do meio do ano e ainda não definiu como será o vestibular após a pandemia. A Universidade Presbiteriana Mackenzie, que fez provas online no ano passado e terá vestibular de inverno remoto este ano, também não definiu o formato para depois da covid-19.

Estadão
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