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Governo federal pune professores por críticas a Bolsonaro

Mestres em universidades federais receberam advertências, publicadas no Diário Oficial

3 mar 2021 - 10h42
(atualizado às 11h08)
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A Controladoria-Geral da União (CGU) puniu dois professores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), um deles o ex-reitor e coordenador da pesquisa nacional EpiCovid, Pedro Hallal, com uma advertência oficial por terem criticado o presidente Jair Bolsonaro.

Presidente Jair Bolsonaro em Brasília
23/02/2021 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro em Brasília 23/02/2021 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Os Extratos de Termo de Ajustamento de Conduta foram publicados no Diário Oficial de terça-feira, mas começaram a circular nesta quarta nas redes sociais.

As duas punições, de Hallal e do professor Eraldo dos Santos Pinheiro, pro-reitor da instituição, foram publicadas sem maiores detalhes, apenas indicando que ocorriam por "proferir manifestação desrespeitosa e de desapreço direcionada ao Presidente da República" e que isso teria sido feito "durante transmissão ao vivo de Live nos canais oficiais do Youtube e do Facebook da Instituição", no início de janeiro.

Segundo o entendimento da CGU, a live nas redes sociais da instituição "se configura como 'local de trabalho' por ser um meio digital de comunicação online disponibilizado pela Universidade".

A fala dos professores que gerou a reação do governo aconteceu em 7 de janeiro, durante uma live feita para encerrar o mandato de Hallal à frente da UFPel. Como aconteceu em outras universidades federais, Bolsonaro não seguiu a praxe de escolher o docente com maior votação pela comunidade universitária.

A universidade, por saber da tendência de Bolsonaro de não indicar o mais votado nas eleições internas, fez uma lista tríplice não com os mais votados, mas com os três integrantes da chapa vencedora: Paulo Roberto Ferreira Júnior, candidato a reitor, Isabela Andrade e Eraldo Pinheiro, todos os três da mesma chapa. Isabela foi escolhida como reitora.

Durante a live, Hallal disse que Bolsonaro tentou "dar um golpe na UFPel", que o presidente era um "defensor de torturador" e o "único chefe de Estado do mundo que não defende a vacinação" contra a Covid-19.

"Nós nunca nos curvamos ao presidente da República e não nos curvaremos mais uma vez", afirmou.

Já Pinheiro chamou o presidente de "sujeito machista, homofóbico, genocida, que exalta torturadores e milicianos".

A Reuters procurou os dois professores e a universidade para comentários sobre a punição, mas ainda não obteve resposta.

A Controladoria-Geral da União também foi procurada para que entregasse o processo administrativo contra os dois professores e explicasse a base da punição por críticas ao presidente, mas a instituição não respondeu.

Hallal, que é epidemiologista, coordena a primeira pesquisa nacional sobre prevalência da Covid-19 no país. A primeira etapa da pesquisa foi feita com financiamento do Ministério da Saúde, depois suspenso, e segue hoje com recursos privados.

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