Governo quer investir no ensino, diz reitora nomeada por Bolsonaro
Para Ludimila Carvalho de Oliveira, da Universidade Federal do Semi Árido, reitores precisam deixar de colocar a culpa de todos os problemas nos cortes orçamentários
A reitora Ludimila Carvalho de Oliveira, da Universidade Federal do Semi Árido (Ufersa), que fica em Mossoró, no Rio Grande do Norte, reclama de perseguições. Desde que foi escolhida em maio de 2020, mesmo sendo a 3ª da lista, conta que já foi acusada de morte e que nem as mulheres a defendem. "Fiz parte de uma lista e não de uma fila. A reitora está trabalhando, não vai recuar. Sou legítima", afirma. Ludimila já apareceu em fotos com o presidente Jair Bolsonaro e é recebida frequentemente pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro.
"O ministro tem sido diplomático, técnico, temos uma relação excelente", conta. Para ela, o governo Bolsonaro "está interessado em investir em educação" e os reitores precisam deixar de colocar a culpa de todos os problemas nos cortes orçamentários. "Está faltando vontade para fazer a diferença", diz ela.
Professores reclamam de "postura autoritária" da reitora. Ela colocou um quadro do general Artur da Costa e Silva, que comandou o Brasil no auge da ditadura militar, em seu gabinete. Em nota, ela justificou que ele foi um dos responsáveis pela criação da antiga escola que deu origem à Ufersa. "A gestão é despreparada, pró-reitores inexperientes, com pouca capacidade de liderar processos, de estabelecer diálogo", diz Thiago Arruda, presidente da Associação de Docentes da Ufersa.
Ludimila e outros quatro reitores divulgaram carta informando que deixariam a Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que tem se posicionado fortemente contra o corte de verbas e intervenções na autonomia das universidades na atual gestão.
Uma dessas dirigentes que criticam o governo federal é a arquiteta Isabela Andrade, escolhida reitora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) no começo do ano, mesmo sendo a 2ª na lista tríplice. "Foi uma surpresa, não entendi a razão, e passei por momentos bem difíceis pessoalmente. Mas resolvi assumir para implementar nosso projeto", diz ela.
Para cumprir a missão, o 1º e o 3º colocados na eleição interna também fazem parte da gestão, como pró-reitores. Isabela se ressente do fato de ter sido confundida com aliada do governo Bolsonaro e afirma defender a recomposição das verbas perdidas pelas instituições. "Só temos recursos para arcar com as despesas até outubro".