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'Grudinho': estudantes do RJ criam repelente natural adesivo e ganham prêmio nacional

Ideia do adesivo surgiu em meio à epidemia de dengue e como uma solução para pessoas hipersensibilidade sensorial

24 dez 2024 - 05h00
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Foto: Arquivo pessoal

Em meio a um semestre com alta de 400% nos casos de dengue no Brasil em comparação com a média dos últimos 5 anos, três alunas de ensino médio do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), do Campus São Gonçalo, resolveram utilizar expertises adquiridas por meio de pesquisas da instituição para criar um repelente em formato adesivo, inovador e biodegradável. O trabalho, resultado de 9 meses de estudos, garantiu um prêmio de primeiro lugar na 2ª Edição do Desafio Liga Jovem, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) por meio do Instituto Ideias de Futuro.

As alunas são Anna Clara Arantes Trindade, de 17 anos; Maria Clara Castilho Silva, de 19 anos; e Ohana Barros Diniz, de 18 anos. Elas deram o nome de Grunho Quiama ao adesivo. “Quiama” é em referência ao Projeto Química Amiga do Meio Ambiente (Quiama) da IFRJ, voltado a agroecologia e química de produtos naturais e orientado pela professora Carmelita Gomes da Silva, que toca a iniciativa do Grudinho com as estudantes.

O Grudinho funciona como repelente de insetos e também como um tratamento de alergia após a picada pelo mosquito. Ele é feito de papel reciclável e papel semente, com sementes de hortaliças. Seu formato também é inclusivo, sendo um tipo de repelente com baixo estímulo sensorial – uma opção para pessoas com hipersensibilidade sensorial, como é o caso do irmãozinho de uma das estudantes, que é uma criança neurodivergente --abrange uma variedade de condições neurológicas fora do padrão convencional, como autismo, TDAH e dislexia. 

“Tem muitos relatos de mães que têm dificuldade de aplicar repelente de spray ou até repelentes em creme, por causa da hipersensibilidade sensorial comum em muitas crianças neurodivergentes. Aí, o Grudinho, ele vem com esse baixo estímulo sensorial e com uma ação eficaz. Além de também ajudar com os machucadinhos feitos pelo mosquito”, explicou Maria Clara, em entrevista ao Terra.

Para o prêmio, foram feitas fabricações artesanais, testadas nas alunas e em seus familiares. Já para o Grudinho ser fabricado em larga escala, como explicou a professora Carmelita, precisa de uma estrutura de fábrica, de autorizações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e passar por uma série de testes para analisar a ação repelente, cicatrizante,  anticosseira, anti-inflamatória e, ainda, testes dermatologicamente para o público infantil. 

“São testes que requerem tempo e um investimento inicial. Nós sabemos que ele funciona por conta da pesquisa aprofundada que a gente fez, pela nossa prática e expertise também na área de cosméticos naturais e plantas medicinais. É um sonho”, complementa. O investimento inicial necessário foi calculado em cerca de R$ 173 mil. 

Sobre o prêmio, Maria Clara diz ainda estar tentando processar tudo que está acontecendo. “É realmente muito bom pensar que todos esses meses de pesquisa foram retribuídos de alguma forma, né? Além desse nosso pensamento de que a gente realmente quer levar isso para frente, e de terem visto esse potencial na gente, que a nossa ideia é uma ideia boa, que o nosso Grudinho é viável. Nos dá esperança no coração”.

Fonte: Redação Terra
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