As causas econômicas da Segunda Guerra Mundial
- Voltaire Schilling
A crise econômica que se abate sobre o sistema capitalista mundial a partir de 1929 vai ser o fator mais poderoso para que um novo arranjo do poder em escala mundial seja pleiteado. A crise levou os países capitalistas a tomarem medidas protecionistas, visando a salvar os mercados internos das importações estrangeiras, criando uma verdadeira guerra tarifária. A produção mundial reduziu-se em 40%, sendo que a diminuição do ferro atingiu 60%, a do aço, 58%, a do petróleo, 13%, e a do carvão, 29%.
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O desemprego grassou nos principais países industrializados: 11 milhões nos Estados Unidos, 6 milhões na Alemanha, 2,5 milhões na Inglaterra e um número um pouco superior na França. Se forem contados os dependentes, estima-se que o fato provocou aflição e desemprego a mais de 70 milhões de pessoas. Como a economia já estava suficientemente internacionalizada (com exceção da URSS, que se lançava nos Planos Quinquenais), todos os Continentes foram atingidos, aumentando ainda mais a miséria e o desemprego.
A América Latina, por exemplo, teve que reduzir em 40% as importações e sofreu uma queda de 17% nas exportações. É nesse contexto caótico que a Alemanha, no Ocidente, e o Japão, no Oriente, vão tentar explorar o debilitamento dos rivais. Uma nova luta por mercados e novas fontes de matérias-primas levaria o mundo à Segunda Guerra Mundial.
Causas Políticas
A conjuntura externa caótica e a situação interna de desespero conduzem Hitler ao poder na Alemanha em 1933. Atuando implacavelmente, em menos de um ano sufocou todos os movimentos oposicionistas (sociais-democratas, comunistas e liberais), dando início à "Revolução Nacional-Socialista" que tinha como objetivo fazer a Alemanha retornar ao grau de potência européia.
Naturalmente que, para tal, era necessário romper com o tratado de Versalhes, pois este impedia a conquista do "espaço vital", como o rearmamento. Atenuava-se o desemprego e atendia-se a necessidades da poderosa burguesia financeira e industrial da Alemanha. Para evitar a má vontade das potências ocidentais, Hitler coloca-se como campeão do anticomunismo a nível mundial, assinando com o Japão (novembro de 1936) e com a Itália (janeiro de 1937) o Pacto Anti-Comintern - cujo fim é ampliar o isolamento da URSS e, quando for possível, atacá-la.
O Japão, que igualmente passa por convulsões internas graves, dá início em 1931 a uma política externa agressiva, explorando o enfraquecimento dos Impérios Coloniais europeus que se mostram impotentes para superar a crise econômica. Em 1937, após ter ocupado a rica região da Manchúria, invade o resto do território chinês, dando início a um longo conflito na Ásia. Seu expansionismo vai terminar por chocar-se com os interesses norte-americanos na Ásia (Filipinas) e levar à guerra contra os Estados Unidos.
Os antecedentes imediatos
A Guerra Civil Espanhola
Em 1936, a Frente Popular vence as eleições na Espanha. Em 18 de julho, os generais Mola e Francisco Franco rebelam-se contra a República, representando a coligação de forças conservadoras (a direita monarquista, a Igreja católica e os grupos fascistas da Falange Espanhola), iniciando a guerra-civil que durou dois anos e nove meses. Enquanto a França e a Inglaterra optaram pela política de não intervenção, Hitler e Mussolini auxiliaram abertamente os nacionalistas de Franco (Legião Condor e Grupo de Tropas Voluntárias).
Os republicanos, cada vez mais isolados, pediram apoio à URSS. Devido à distância, e ao bloqueio naval, o auxílio soviético não consegue equilibrar a situação a favor dos republicanos, que acabam derrotados em março de 1939. Esta guerra serviu para Hitler experimentar a estratégia da blitzkrieg (avanço de carros de combate conjugados com bombardeios aéreos maciços) e detectar a indecisão e fraqueza dos aliados ocidentais. Enquanto que, para Stalin, serviu de lição: não poderia se envolver em um enfrentamento direto com a Alemanha.