Inclusão digital na educação é passo importante para diminuir desigualdade, dizem especialistas
Webinário promovido pelo MEC, com apoio técnico da Fundação Telefônica Vivo, discutiu a importância da tecnologia na educação
A desigualdade social que permeia a educação brasileira é um dos grandes desafios para elaborar um modelo de competências digitais para o Brasil, segundo especialistas que participaram do webinário "Avaliação de competências digitais de estudantes: pensando um modelo para o Brasil". O evento, promovido pelo Ministério da Educação (MEC) nesta quinta-feira, 15, contou com apoio técnico da Fundação Telefônica Vivo, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Cetic.br.
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O webinário discutiu a importância e necessidade de avaliar o conhecimento dos estudantes nesse tema, em preparação para o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2025. Pela primeira vez, o exame medirá as competências digitais dos estudantes em todo o mundo.
"Essas ferramentas proporcionam acesso facilitado à informação e ampliam as oportunidades de interação e participação social", destacou Luis Francisco Vargas-Madriz, representante da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Por outro lado, ele alertou sobre os riscos associados à digitalização, como a exposição à desinformação e ao conteúdo gerado por inteligência artificial (IA). "Devemos reforçar os benefícios das ferramentas digitais, enquanto mitigamos os riscos potenciais", afirmou.
Clara Machado, coordenadora-Geral do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica do INEP, destacou a importância de considerar as questões sociais nas avaliações de competências digitais.
"A grande desigualdade social que marca o nosso País em tudo, marca o nosso País no acesso à tecnologia e no desenvolvimento de competências digitais", avaliou.
Clara relatou que, durante a aplicação do pré-teste do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciência (TIMSS) no ano passado, muitos estudantes enfrentaram dificuldades, pois não sabiam lidar com a tecnologia e, em alguns casos, sequer sabiam ler. Ela enfatizou que, apesar de a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfatizar as competências digitais, os jovens e crianças não têm essas competências na mesma medida e de maneira uniforme.
"As realidades são muito diferentes", reiterou a especialista, que entende ser essencial que as avaliações digitais estejam integradas ao ensino nas escolas para serem eficazes.
O ponto de vista foi reforçado pelo professor Eduardo Ferreira da Silva, que ressaltou a necessidade urgente de enfrentar as desigualdades sociais no acesso à educação e à tecnologia. O educador também enfatizou que a falta de recursos tecnológicos é uma barreira significativa para muitos estudantes, especialmente em regiões mais pobres, e defendeu que o desenvolvimento de competências digitais seja prioridade para melhorar o desempenho acadêmico e preparar os estudantes para um mercado de trabalho cada vez mais digitalizado.
Eduardo também destacou a importância da formação continuada de professores no uso de tecnologias digitais.
"Os professores precisam estar preparados para incorporar essas ferramentas no ensino, e isso requer investimento em formação e recursos", afirmou.
Lia Glaz, diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo, destacou a relevância crescente das habilidades digitais na educação. Em sua fala, ela enfatizou a transformação da fundação ao longo de seus 25 anos, destacando que, desde 2021, a inclusão digital passou a ser a principal prioridade estratégica da instituição.
"A inclusão digital é também inclusão social", afirmou, refletindo sobre o papel central que essas competências desempenham na promoção do bem-estar, conforme sugerido pela Learning Compass 2030 da OCDE.
Lia também abordou os desafios atuais enfrentados na área da educação, destacando a necessidade de integrar esforços para garantir que a tecnologia contribua para uma maior equidade na educação. Para ela, o desenvolvimento de habilidades digitais vai além do simples uso de equipamentos e softwares.
"O espectro das habilidades digitais é muito amplo e essencial para a formação integral dos estudantes", observou ela, que citou cidadania digital e pensamento computacional.