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Leia exemplo de redação escrita por professora com o tema do Enem 2024

Nesta edição, estudantes foram desafiados a refletir e escrever sobre os "desafios para a valorização da herança africana no Brasil"

3 nov 2024 - 22h15
(atualizado às 22h29)
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Prova azul do Enem 2024
Prova azul do Enem 2024
Foto: Marcela Coelho/Terra

Milhares de candidatos participaram do primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, neste domingo, 3. E uma dos principais desafios deles era elaborar uma redação com a temática: "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil". 

A redação tem como objetivo avaliar a capacidade de argumentação e escrita dos candidatos. Os participantes devem desenvolver um texto com até 30 linhas, com base no tema proposto. São exigidas a apresentação de uma tese, argumentação consistente e proposta de solução para o problema abordado.

Com pontuação máxima de 1.000 pontos, a redação tem um peso importante no resultado final do Enem. Quem tira zero não consegue usar a nota do exame no ingresso em universidades públicas ou privadas, além de minimizar as chances de conseguir bolsas de estudo ou intercâmbios.

Roberta Panza, autora e professora do Colégio e Sistema pH, escreveu um exemplo de texto dissertativo com a temática proposta pelo Enem 2024. Leia abaixo: 

Ao longo de sua carreira musical, Emicida trouxe como base a exaltação da matriz africana e a sua influência na formação cultural brasileira. Toda essa inspiração atingiu seu ápice com o documentário “Amarelo”, obra de grande resgate da matriz negra no país. Infelizmente, toda essa valorização desenvolvida pelo rapper não retrata a realidade brasileira como um todo, haja vista a persistente desvalorização da herança africana no Brasil. É urgente, então, compreender como a mídia e o Estado corroboram a manutenção desse cenário hostil para tão importante matriz cultural.

Sob essa perspectiva, cabe analisar como a reprodução de estereótipos ainda se faz presente nas mídias e intensifica a manutenção da invisibilização da matriz negra no país. De fato, ainda que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 221, afirme ser função dos veículos midiáticos a disseminação da diversidade cultural, existe - na prática - a priorização de conteúdos sobre africanidades majoritariamente em momentos específicos, caso do novembro negro. Isso, porque há um interesse mercadológico no alcance do marketing, o que revela como o capitalismo já se apropriou dessa pauta e a transformou em mercadoria. Como consequência, não só persiste a ignorância desse legado por parte de grande parte da sociedade, mas também se perpetua um preconceito que leva à estigmatização dessa raiz, caso da marginalização das religiões de matriz africana, do funk e do rap.

Além disso, convém mencionar a negligência do Estado com o cumprimento da lei sobre cultura e literatura africana. De fato, apesar desde 2003 existir uma legislação federal que obriga esse ensino, a sua efetivação ainda não é uma realidade no país. Essa desobediência ocorre pela priorização de um ensino eurocentrado e pela certeza da impunidade e da falta de fiscalização governamental. Como resultado, inúmeros centros de ensino ainda investem em um currículo pouco inovador que associa o legado africano apenas à escravização. Infelizmente, nisso tudo, o país segue formando jovens alheios à grandiosidade da herança africana.

Evidencia-se, portanto, a necessidade de medidas em prol da valorização do legado africano no Brasil. Desse modo, cabe às mídias, veículos de comunicação responsáveis pela disseminação da cultura no país, a ampliação do debate sobre a matriz africana e sua importância para o Brasil. Isso deve ser realizado por meio da divulgação de publicidades e ficções engajadas, a fim de iniciar o importante processo de desconstrução da perspectiva preconceituosa com essa matriz e com sua contribuição para a cultura brasileira. Ademais, assiste ao Ministério da Educação a organização de fiscalizações periódicas nas escolas as quais premiem aquelas que realizarem boas práticas. Assim, com todas essas ações, será possível construir um Brasil que valorize efetivamente suas raízes.

Fonte: Redação Terra
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