O acesso à educação foi uma conquista das comunidades quilombolas localizadas próximo a Codó, no interior do Maranhão. Em 2010, o ensino infantil chegou à comunidade Centro do Expedito. No mesmo ano, na comunidade vizinha, Santo Antônio dos Pretos, foi construída a primeira escola de ensino médio da região, o Centro Quilombola de Alternância Ana Moreira. As escolas eram demandas antigas, de mais de 20 anos. Da luta por essas escolas, quem participou foi o professor Mário Sérgio Moreira de Queiroz.
Aos 43 anos e morador da comunidade quilombola de Bom Jesus, uma das 13 da região, Queiroz fundou e dirigiu o centro, onde os jovens fazem o ensino médio. Hoje, dá aulas no ensino fundamental em Bom Jesus. E conta como a instalação das escolas mudou a realidade da comunidade, em que muitas famílias deixavam a terra natal em busca de educação e oportunidades nas cidades vizinhas.
Queiroz nasceu e cresceu na comunidade Santa Maria do Moreira, atual Bom Jesus. Na época, não havia escola, os primeiros ensinamentos vieram da mãe. Para cursar o ensino fundamental, foi para Codó. Com o sexto ano completo, voltou para a comunidade e começou a dar aula do 1º ao 5º ano. Depois, fez o ensino médio e completou o magistério. Estudou matemática no Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão, disciplina que leciona.
"A juventude que está na escola consegue ter uma visão de um mundo melhor do que seus pais e avós. Consegue acessar a tecnologia, compreender a preservação do meio ambiente, absorver conhecimento. Aprende que o homem do campo pode lutar para garantir os seus direitos, que estão inclusive na Constituição", defende o professor.
Com o Centro de Ensino Ana Moreira, os estudantes têm formação técnica sobre agropecuária. O ensino por alternância significa que os alunos passam 15 dias em sala de aula e 15 dias na comunidade. A ideia é que levem o que aprendem na escola para as comunidades.
Diferentemente de Queiroz, o professor Solon da Nóbrega não nasceu em uma comunidade quilombola, mas desde 1997 se dedica a esse trabalho. Ele é responsável pela formação técnica no Centro de Alternância Ana Moreira. Este ano, desenvolveu o projeto Coisa de Preto, levando a dança, a religiosidade e a cultura afrodescente para a sala de aula. O projeto será permanente e o objetivo é aumentar a autoestima dos alunos e resgatar a cultura que está se perdendo.
"A gente não trabalha para que como técnico o aluno saia daqui e vá trabalhar na grande fazenda, embora isso aconteça. A intenção é voltar para a comunidade e o que eles [alunos] aprendem aqui, eles possam usar lá para dar uma vida melhor às família deles", diz o professor de zootecnia rural, biocultura de leite e corte, economia rural e extensão rural e também um dos fundadores da escola.
Os professores dizem não ser fácil a tarefa de lecionar em uma comunidade quilombola, e que os problemas ainda são muitos. Na escola infantil Centro do Expedito, os banheiros estão fechados por falta de água. A comunidade terá que cavar um poço próximo à escola. Para cozinhar na cantina, é preciso levar baldes com água até o monte, onde fica o centro de ensino. Todo trajeto é feito a pé. A escola de Santo Antônio dos Pretos recebeu computadores, mas os equipamentos não saíram da caixa porque falta rede de energia suficiente para ligar os aparelhos. "Não dá para conseguir tudo de uma vez", comenta Nóbrega.
Para os professores, a satisfação maior é ver os alunos formados e colocando em prática o que aprenderam. "Hoje mesmo eu estive com um ex-aluno, Francisco Ribeiro é o nome dele. Ele fez o curso técnico em agropecuária e está produzindo, está feliz. Ele queria muito viajar, sair da comunidade, chegou a ir para Brasília, mas voltou. É um grande profissional e serve de exemplo para os demais. A gente se sente muito feliz em ver que foi protagonista e em ver o fruto desse trabalho", diz Queiroz.
Dia do Professor: mestres relatam como é educar para a diversidade
No quadro-negro da sala de aula da professora Elieth Portilho estão fotos de pássaros e frutas do Cerrado
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
As cartilhas falam de temas rurais e práticas do campo e foram elaboradas pela professora e os alunos. É com esse material que ela alfabetiza as crianças no Centro de Ensino Fundamental Pipiripau 2, localizada em um núcleo rural em Brasília
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
Em mais de 20 anos de magistério, a professora chegou a atuar em escola da área urbana, mas percebeu que seu caminho estava mesmo no campo. As pessoas têm um preconceito: você vai fazer mestrado para continuar em uma escolinha do campo?, perguntam Aí é que temos que estudar para recuperar essa perda histórica de exclusão da escola do campo, que sempre foi relegada, defende.
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
As dificuldades que enfrentou na escola por ser surda despertaram o interesse de Adriana Gomes Batista em seguir o magistério para tornar mais fácil o aprendizado de crianças na mesma condição
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Atualmente, ela é professora da rede pública de ensino do Distrito Federal e dá aulas na Escola Bilíngue Libras e Português Escrito
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Policiais na porta da sala de aula, portões trancados e muros altos. Esse é cenário das aulas de português do professor Alan Araújo da Silva aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa na Unidade de Internação de Planaltina
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
O professor Alan é um dos 5.036 educadores que dão aulas a pessoas privadas de liberdade em todo o país, conforme determinação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Foto: Agência Brasil
Com muitos alunos com histórico de abandono escolar, o professor busca alternativas para despertar o interesse dos jovens
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
Na unidade de internação a atenção à segurança é maior e é preciso estar preparado para eventualidades
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
O professor Solon da Nóbrega não nasceu em uma comunidade quilombola, mas desde 1997 se dedica a esse trabalho. Ele é responsável pela formação técnica no Centro de Alternância Ana Moreira. Este ano, desenvolveu o projeto Coisa de Preto, levando a dança, a religiosidade e a cultura afrodescendente para a sala de aula
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil
O projeto será permanente e o objetivo é aumentar a autoestima dos alunos e resgatar a cultura que está se perdendo
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil
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