Mais da metade dos ataques em escolas nos últimos 20 anos no Brasil aconteceram em 2022 e 2023, diz estudo
Entre 2001 e junho de 2023, ocorreram 32 ataques a escolas em todo o País; ao todo, foram 33 mortes
Estudo revela que 56,25% dos ataques a escolas registrados desde 2001 no Brasil aconteceram em 2022 e 2023. Dados preliminares dessa pesquisa foram divulgados nesta segunda-feira, 18, durante o Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, em São Paulo.
Entre 2001 e junho de 2023, ocorreram 32 ataques a escolas em todo o País. Ao todo, foram 33 mortes. Nem todos os ataques resultaram em mortes.
Quase todos os casos de mortes nas escolas (32) foram provocados por armas de fogo. Dos 16 ataques realizados com armas de fogo, em quase metade (7) dos casos, os autores tinham arma em casa.
Em relação ao local dos ataques, das 33 unidades de ensino onde aconteceram os casos, mais de 80% eram públicas (municipais ou estaduais).
Autores dos ataques
Em relação aos autores dos ataques (35), quase metade tinha entre 13 e 15 anos. Todos eram do sexo masculino.
Segundo o estudo, observa-se entre os autores algumas características comuns, como "isolamento social, gosto pela violência e culto às armas de fogo, concepções e valores opressores (racismo, misoginia, ideais nazistas), ausência de sentido de vida e perspectiva de futuro".
Ainda de acordo com a pesquisa, esses jovens tendem a apresentar indícios de transtornos mentais, buscar por notoriedade, perceber a escola como lugar de sofrimento, além de inspiração e admiração por autores de outros ataques.
Recomendações
Além de números, o estudo traz uma série de recomendações para prevenir ataques em escolas, levando em consideração que esse tipo de caso tende a ter múltiplas causas.
A pesquisa cita "controle rigoroso de armas de fogo e munições; maior regulação e responsabilização das plataformas digitais; políticas públicas direcionadas às escolas com foco na convivência democrática e cidadã; investimentos na expansão e fortalecimento à rede de atendimento psicossocial", entre outras sugestões.
O estudo foi realizado pela associação Dados para um Debate Democrático na Educação (D³e), sob a coordenação de Telma Vinha, professora e pesquisadora da Unicamp, e os dados completos devem ser divulgados em outubro deste ano.