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Mapeamento identifica práticas inovadoras na educação

Instituto Inspirare identificou, no Brasil, 15 experiências que inovam na prática pedagógica

31 jul 2015 - 11h40
(atualizado às 11h53)
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Por que as carteiras enfileiradas são frequentes nas salas de aula? Por que o método de ensino normalmente é expositivo? Por que as aulas precisam começar às 7h da manhã? Por que estudantes não podem usar celular? Estes são alguns dos questionamentos comuns entre aqueles que defendem uma escola conectada com a realidade, fora dos muros escolares. Um mapeamento, o InnoveEdu, coordenado pelo Instituto Inspirare em 32 países, identificou 96 experiências (15 delas no Brasil) que inovam na prática pedagógica, a partir de cinco tendências que aproximam a prática educacional das exigências do século XXI.

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Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare, diz que "temos pouco uso de tecnologia", e a manutenção de horários e arquiteturas persiste há séculos, da mesma forma. São as mesmas metodologias dos tempos de nossos avós, segundo ela, mas hoje temos “alunos e sociedade diferentes”, o que demanda outras competências desses alunos. Portanto, o questionamento atual, acrescentou, é "como transformar essa realidade?”. As experiências foram indicadas por um grupo de especialistas, com base em competências para o século XXI, personalização, experimentação, uso do território e novas certificações.

Segundo Anna Penido, “uma escola desconectada gera baixo engajamento dos alunos”
Segundo Anna Penido, “uma escola desconectada gera baixo engajamento dos alunos”
Foto: iStock

Uma dessas experiências selecionadas foi em Campo Limpo, periferia da zona sul de São Paulo. A escola do bairro ensina jovens e adultos, a partir dos 15 anos, que, por várias razões, não se mantiveram na escola regular. Jovens expulsos de outras escolas, trabalhadores que voltaram a estudar, adolescentes que cumprem medida socioeducativa e dependentes químicos, dentre outros. Sob direção da educadora Eda Luiz, o modelo tradicional de disciplinas, turno escolar e avaliação foi subvertido, tornando-os flexíveis, o que contribuiu para diminuir a evasão.

A escola tem seis turnos de duas horas e meia cada, cobrindo manhã, tarde e noite. Os estudantes são divididos em módulos, de acordo com o nível de conhecimento, e têm flexibilidade para assistir às aulas em horário diferente do que estão matriculados. As disciplinas foram substituídas por áreas de conhecimento, como linguagens e códigos, ciências humanas, ciências do pensamento e ensaios logísticos e artísticos. Em vez de prova, os alunos fazem um trabalho que dura seis meses e envolve toda a escola, e o resultado vira uma intervenção no bairro. Em 2007, o projeto da escola foi base para mudanças em toda a rede municipal.

No InnoveEdu, é possível identificar o tipo de experiência em que se busca inspiração. A escola de Campo Limpo, por exemplo, atende à tendência de personalização, ao flexibilizar horários e disciplinas; estimula a experimentação, a partir de projetos que integram toda a escola; e gera produtos concretos, usados na comunidade. Também é possível saber o grau de uso de tecnologia, o número de pessoas impactadas, a idade dos beneficiários e fases do projeto. De acordo com a diretora do Inspirare, essas informações têm como foco professores, formuladores de políticas públicas e empreendedores sociais.

Anna Penido chama a atenção para os prejuízos de uma escola que não está atenta a essas tendências. Segundo ela, “uma escola desconectada [com a realidade] gera baixo engajamento dos alunos, que não veem utilidade nem têm entusiasmo para estar ali. A gente vê os alunos saindo despreparados para enfrentar os desafios na vida, seja pessoal, profissional e também como cidadão”.

Ela lembra que a necessidade de transformações na educação não é uma peculiaridade do Brasil, mas sim um desafio global. Tanto que esse padrão de escola está presente em todos os lugares do mundo. "A gente tem exemplos disruptivos [interrompem o seguimento normal de um processo], que fazem uma escola diferente, que destacamos na plataforma, mas a maioria delas é semelhante”, avaliou. Segundo ela, o salto qualitativo que se almeja na educação brasileira deve ser dado com um novo modelo de escola.

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