Ministro vai pessoalmente receber médicos "estrangeiros" em Brasília
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi pessoalmente receber os médicos estrangeiros e brasileiros formados fora do País que desembarcaram em Brasília nesta sexta para atuar no programa Mais Médicos. Segundo ele, foi um ato de agradecimento do governo federal aos que aceitaram o desafio do Brasil de levar a medicina a regiões em que a presença desses profissionais não existe ou é escassa.
Brasileiro, formado na Espanha, mas atuando em Portugal há quatro anos, Thiago Carvalho, 33 anos, comentou sobre o retorno ao País. "Estudei na Europa e agora volto para a minha casa para trabalhar na minha região, que é no Estado do Acre. Médico pode ser japonês, alemão. Sou brasileiro e tenho que arregaçar as mangas e trabalhar. O juramento médico é atender qualquer pessoa, sendo rico ou pobre".
Carvalho explica que se inscreveu motivado pelo propósito do programa, que é priorizar a parte mais carente da população. "Acho que isso nunca aconteceu nesse País", disse. "Se fosse por motivos monetários, eu já tinha minha vida lá em Portugal", completou o médico, que antes do trabalho no país lusitano disse ter atuado por seis anos na Espanha.
Questionado sobre se pretendia fazer a prova de revalidação do diploma estrangeiro, Carvalho não teve dúvidas: "Vou me esforçar para fazer o Revalida. Tenho consciência de que tenho de revalidar o diploma", finalizou.
No mesmo voo do brasileiro chegou a espanhola Sonia Gonzalez, 38 anos, médica de família que também atuava em Portugal. Com o filho pequeno no colo, ela disse estar "emocionada com a oportunidade" ao mesmo tempo em que está com "muita vontade de trabalhar em uma região desconhecida [ela vai para a Amazônia]". Questionada se não tinha medo de enfrentar doenças, mosquitos, calor e outros perigos, ela afirmou estar motivada para o desafio e para continuar a aprender com essa experiência. "Eu já tinha trabalhado nos trópicos, em uma missão na África. Tenho já alguma experiência e isso não me assusta. Agora é diferente, venho com meu filho, e acho que há prevenções".
Pouco antes de se despedir dos jornalistas que acompanharam o desembarque e as entrevistas, o ministro Padilha reforçou que todos os médicos vindo de fora vão trabalhar em locais onde não há profissionais, mas só depois de passarem por uma avaliação em universidades públicas.
Sobre o fato de os médicos cubanos não receberem integralmente o valor que o Brasil repassará ao governo cubano, ele foi diplomático, garantindo que o País não se intrometerá em algo que Cuba já faz em acordos similares que possui com mais de 50 países. "Estamos à disposição do Ministério Público do Trabalho para quaisquer esclarecimentos", disse.
Até domingo, 244 médicos de fora do Brasil desembarcarão no País. Na segunda-feira eles já começam o processo de avaliação. "As universidades públicas vão acompanhar como esses profissionais atuam, como atendem a população. Exigimos que fossem médicos experientes. Mais de 80% deles tem mais de 16 anos de experiência e muitos trabalharam com o Brasil em missões no Haiti, por exemplo. Além disso, seguiremos todas as normas que a OMS estabelece, as leis trabalhistas do país de origem, além dos código civil, penal e éticos do País", finalizou o ministro.