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Nazismo em pleno 2025? Relembre a origem e entenda o ressurgimento do movimento

Gesto polêmico de Elon Musk, durante posse de Donald Trump, na semana passada, gerou uma série de reações e investigações

27 jan 2025 - 05h00
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Durante discurso, Elon Musk faz gesto comparado a saudação nazista.
Durante discurso, Elon Musk faz gesto comparado a saudação nazista.
Foto: Reprodução/X

O gesto polêmico de Elon Musk, durante a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, na semana passada, gerou uma série de reações e investigações. O bilionário fez um movimento com uma das mãos semelhante à saudação nazista, o que suscitou acusações de apologia ao regime de Hitler.

Recentemente, imagens de uma possível projeção desse gesto na fachada da fábrica da Tesla em Grünheide, na Alemanha, circularam nas redes sociais. Os ativistas do grupo Zentrum für Politische Schönheit e Led By Donkeys divulgaram fotos e vídeos que mostram o gesto de Musk junto ao termo "Heil Tesla", fazendo referência à saudação nazista.

O Ministério Público alemão iniciou uma investigação sobre o incidente, após a circulação das imagens, que podem ter violado leis locais contra símbolos nazistas. Embora a polícia inicialmente tenha contestado a veracidade das imagens, um novo comunicado confirmou a investigação. As informações são da Deutsche Welle.

Musk, que recentemente se envolveu com partidos de extrema-direita, incluindo o Alternativa para a Alemanha (AfD), continua a ser criticado por suas postagens e atitudes em relação ao nazismo. Em resposta a críticas, ele afirmou que o Holocausto foi um evento maligno e que zombar sobre sua importância é inapropriado.

Internautas fãs do bilionário saíram em sua defesa, mas muitos fóruns extremistas se aproveitaram do momento para tomar Musk como uma espécie de modelo. É possível encontrar apoiadores do nazismo com rápidas pesquisas no X (antigo Twitter), e esse movimento preocupa especialistas.

O que é nazismo?

Para entender as raízes do movimento nazista e o impacto de sua continuidade, o professor Victor Callari, doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em História Contemporânea, analisa os fatores históricos e sociais que explicam sua ascensão, os métodos usados para consolidar o poder na Alemanha nazista e os fatores que contribuem para o ressurgimento dos movimentos neonazistas.

O nazismo ascendeu na Alemanha no final da década de 1920 e durante a década de 1930, motivado principalmente pelas contradições políticas e sociais e pelas dificuldades econômicas enfrentadas após os tratados de paz da Primeira Guerra Mundial. "Essas questões não foram resolvidas pela República de Weimar, o que abriu espaço para o crescimento do movimento liderado por Adolf Hitler", explica o especialista.

No poder, o regime nazista se consolidou por meio de uma eficaz máquina de propaganda, liderada por Joseph Goebbels. "A ideologia era centrada na glorificação do Füher, na promoção da superioridade racial e na culpabilização dos judeus pela crise alemã", comenta Callari.

Além disso, o regime implementou censura e repressão severa, com a criação de organismos como a Gestapo e a SS, e elaborou a legislação antijudaica que culminou na Solução Final, cujo objetivo era a eliminação sistemática dos judeus e outros grupos considerados inferiores.

Nazismo em 2025?

O ressurgimento de movimentos neonazistas, de acordo com o especialista, pode ser explicado por vários fatores, incluindo a crise do sistema capitalista e o impacto das mudanças sociais provocadas pela globalização.

Callari destaca que, "em um contexto de crise sistêmica e crescente polarização, as redes sociais têm desempenhado um papel central na disseminação dessas ideologias extremistas", já que a desregulamentação e o uso de algoritmos em plataformas digitais ajudam a amplificar esses discursos.

Em sua defesa, fãs de Musk afirmaram que não teria como o bilionário ser nazista por sua relação com Israel. No entanto, é importante ressaltar que o nazismo original e os movimentos neonazistas contemporâneos têm características distintas.

Callari observa que, enquanto no passado os judeus eram os principais alvo das acusações, hoje em dia, o foco recai sobre imigrantes, homossexuais e outras minorias. "Além disso, o nazismo de Hitler tinha uma estrutura política organizada, enquanto os neonazistas atuam de forma descentralizada, se beneficiando das possibilidades oferecidas pelas redes sociais."

O especialista também desmistifica a ideia de que a adesão ao neonazismo seja exclusivamente um fenômeno de ignorância ou falta de educação. "Embora haja uma associação equivocada de que apenas pessoas com pouca educação aderem a essas ideologias, muitos dos líderes do partido nazista eram pessoas altamente educadas, como médicos e engenheiros", afirma Callari.

Atualmente, esses movimentos atraem não só jovens com dificuldades econômicas, como também membros das classes média e média alta, com acesso à educação e tecnologia.

Como combater o nazismo?

Em relação às estratégias para combater a disseminação do neonazismo, Callari sugere a regulamentação dos ambientes virtuais, o combate à disseminação de fake news e a responsabilização de agentes que promovem revisionismo histórico.

No entanto, ele observa que as leis atuais contra discurso de ódio ainda não têm sido eficazes no enfrentamento desse fenômeno. "As políticas públicas precisam ser mais assertivas para realmente combater o crescimento do neonazismo", conclui.

Com a crescente presença das ideologias extremistas nas redes sociais, a luta contra o neonazismo em 2025 é um desafio complexo, que exige não apenas o monitoramento de discursos, como também uma reflexão sobre os fatores sociais, políticos e históricos que alimentam esse ressurgimento.

Fonte: Redação Terra
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