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No RS, médicos pedem a saída de ministro e piso de R$ 20 mil

Ato em Porto Alegre ganhou tom político, com faixa pedindo a saída do ministro da Saúde; sindicato defendeu carreira federal similar à de juiz

3 jul 2013 - 18h42
(atualizado às 20h20)
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Manifestantes levaram faixa pedindo a saída do ministro Alexandre Padilha
Manifestantes levaram faixa pedindo a saída do ministro Alexandre Padilha
Foto: Fernando Diniz / Terra

Centenas de pessoas, entre médicos e estudantes, realizaram manifestação nesta quarta-feira contra o projeto do governo federal que prevê a contratação de médicos estrangeiros para regiões remotas do Brasil. Em tom político, os manifestantes criticaram a presidente Dilma Rousseff e pediram a saída do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A categoria reivindica uma carreira nacional para os médicos, com piso salarial de cerca de R$ 20 mil para oito horas de trabalho por dia.

A caminhada foi iniciada por volta das 17h na avenida Independência
A caminhada foi iniciada por volta das 17h na avenida Independência
Foto: Maria Helena Fernandes / vc repórter

Os cerca de 300 manifestantes iniciaram caminhada por volta das 17h na avenida Independência, em direção à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. “Dilma, Padilha, chega de mentira” era um dos gritos de ordem entoados pelos manifestantes. “Hola! Qué tal? Carreira nacional! e “para eu ir para a fronteira, preciso de carreira” foram outros cantos dos manifestantes durante a caminhada.

O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Paulo de Argollo Mendes, chamou o projeto de contratação de profissionais do exterior de “salva Dilma”, oficializado, segundo ele, para resgatar a mandatária de uma queda de popularidade diante dos protestos que tomaram as ruas do País. A intenção de chamar médicos estrangeiros foi anunciada em maio, antes dos protestos, e repetida em pronunciamento da presidente no mês passado.

Cartazes criticaram a estrutura do Sistema Único de Saúde
Cartazes criticaram a estrutura do Sistema Único de Saúde
Foto: Fernando Diniz / Terra

“A presidente Dilma vetou destinar 10% da receita da União para a saúde. Ela disse com todas as letras: ‘não vou dar dinheiro para a saúde, vou continuar destinando mais de 40% da receita da União para pagamento do juro dos bancos’. Então está muito claro qual é a prioridade do governo Dilma. Agora, no desespero, vem tirar um coelho da cartola”, disse Mendes.

Segundo o presidente do Simers, o Ministério da Educação já admitiu que há médicos suficientes para a demanda brasileira, não sendo necessários buscar profissionais de fora. “O que precisa é fazer uma carreira, empregar esses médicos e mandar para o interior. Juiz não escolhe para onde vai, ele vai para onde é mandado. O que precisa é concurso público, fazer uma carreira para médico e designar um município para ele trabalhar. O resto é teatro”, afirmou.

Mendes acredita ser possível contratar os 400 mil médicos brasileiros se o governo dobrar o investimento na saúde. “Daria para contratar os 400 mil médicos e, mais do que isso, construir ambulatórios. Mas, se tu tens 39 ministérios, tem que dar emprego e cargo de confiança, não sobra dinheiro para investir na saúde. Fazer saúde não é barato”, afirmou.

Os médicos entregariam, ainda na noite desta quarta-feira, uma carta ao presidente da Assembleia Legislativa, Pedro Westphalen, defendendo as seguintes medidas: a luta para aprovar uma carreira de Estado para médicos; coletar 1,5 milhão de assinaturas para que sejam destinados 10% da receita da União para a saúde; derrubar o decreto que modificou a Comissão Nacional de Residência Médica; atuar contra a importação de médicos sem revalidação de diploma.

Médicos fazem paralisação
Todos os Estados têm manifestações de médicos marcadas para esta quarta-feira. As entidades deixaram claro que os atendimentos de urgência e emergência funcionarão normalmente. Para os médicos, o País tem número suficiente de profissionais para suprir a demanda, e se houvesse uma estruturação das unidades de saúde e a criação de uma carreira, os vazios assistenciais seriam preenchidos.

Médicos e estudantes protestam na avenida Paulista, em São Paulo, contra a proposta do governo de trazer profissionais da saúde do exterior Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Médicos e estudantes protestam na avenida Paulista, em São Paulo, contra a proposta do governo de trazer profissionais da saúde do exterior
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

O Ministério da Saúde anunciou, no dia 25 de junho, que criará 35 mil vagas para médicos no Sistema Único de Saúde (SUS) até 2015. De acordo com a pasta, serão contratados profissionais que se formaram no exterior para ocupar os postos que não forem preenchidos por médicos com diplomas brasileiros.

O plano do governo é criar programas de autorização especial para que os profissionais que se formaram fora do País só possam atuar na atenção básica, nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades. Caso sejam aprovados no Revalida, esses médicos terão liberdade de trabalhar em qualquer lugar do País.

Colaborou com esta notícia a internauta Maria Helena Fernandes, de Porto Alegre (RS), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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