Nobel da Paz faz parceria com ESPM para centro sobre negócios sociais
O centro de pesquisa sobre negócios sociais será lançado no dia 27 de maio, em São Paulo
O Nobel da Paz Muhammad Yunus desembarca em duas semanas no Brasil resolvido a disseminar o conceito de negócios sociais por aqui. O bengalês que ficou conhecido no mundo por defender um tipo de empresa diferente, voltada a resolver problemas sociais e cujo lucro é totalmente revertido em favor da causa, lança no próximo dia 27 um centro de pesquisa em parceria com a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) para estimular a produção de conhecimento científico sobre o tema. O Yunus ESPM Social Business Centre será o primeiro da América Latina dedicado a negócios sociais.
“O Yunus ESPM Social Business Centre chega ao Brasil para colocar a mão na massa. Vamos atuar em três frentes: a acadêmica, para oferecer cursos; a incubadora, para ajudar a gestar ideias; e o fomento à pesquisa de professores e alunos”, diz Rogério Oliveira, diretor do Yunus Social Business Brasil. O centro ficará em São Paulo, na Vila Mariana, mas já há a perspectiva de expansão em 2014 para o Rio de Janeiro e Porto Alegre, onde a ESPM mantém unidades.
Por enquanto, os cursos são de extensão. O primeiro deles, que confere um certificado internacional em negócios sociais, está organizado em torno de encontros quinzenais e tem início previsto já para o segundo semestre. Durante as aulas, os alunos serão apresentados ao conceito e aprenderão formas de desenvolver seus próprios negócios. Entre os professores estão brasileiros e de países como Alemanha, Chile, Letônia e França.
Além do Brasil, o Yunus mantém centros semelhantes em outros sete países: Japão, Coreia, Itália, Alemanha, Estados Unidos, França, Turquia. Cada um tem uma característica fundamental, normalmente relacionada a peculiaridades do país. “No Japão, por exemplo, o foco é estudar o impacto da tecnologia nos negócios sociais. No Brasil, será a criatividade”, afirma Oliveira.
De acordo com o que defende Yunus, negócios sociais são empresas que funcionam conforme a lógica de mercado, são autosuficientes financeiramente, mas têm como principal meta causar impacto social. “São negócios que trabalham apenas com a missão social. Todo o lucro é reinvestido na própria empresa para que os produtos e serviços oferecidos se aprimorem cada vez mais”, explica o diretor do Yunus Social Business Brasil.
O conceito vem tendo cada vez mais adeptos no Brasil. “Milhares de pessoas ao redor do mundo já foram inspiradas e impactadas pelos projetos do Yunus Social Business e, no Brasil, já existem inúmeras iniciativas voltadas ao negócio social”, diz Ismael Rocha Jr., diretor acadêmico de graduação da ESPM-SP e coordenador da ESPM Social.
Veja a seguir sete princípios determinados por Yunus a serem seguidos por empreendedores interessados em negócios sociais:
1. O objetivo do negócio é a superação da pobreza ou de um ou mais problemas que ameacem as pessoas e a sociedade. Podem ser em áreas como educação, saúde, acesso à tecnologia, meio ambiente etc. O principal objetivo não pode ser a maximização dos lucros;
2. A empresa alcançará a sustentabilidade financeira;
3. Os investidores recebem de volta apenas o montante investido. Não se paga nenhum dividendo além do retorno do investimento inicial;
4. Quando o montante do investimento é recuperado, o lucro fica com a empresa para cobrir expansões e melhorias;
5. A empresa será ambientalmente consciente;
6. A força de trabalho receberá salários de mercado e desfrutará de condições de trabalho melhores que as usuais;
7. Faça isso com alegria.
Como os negócios sociais ainda são um conceito em formação no Brasil, o termo vem sendo usado também para designar as empresas preocupadas com impacto social, mas que redistribuem o lucro entre os acionistas.